sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O acordo ortográfico e nós




No dia quatro de Dezembro, por iniciativa da Rede das Bibliotecas Escolares do concelho e o apoio da Biblioteca Pública de Vila Verde, realizou-se uma sessão acerca do acordo ortográfico. O enquadramento histórico foi feito por Custódio Braga, coordenador do departamento de línguas da Escola Secundária de Vila Verde (ESVV). Os princípios que lhe subjazem foram apresentados por Ana Paula Faria Matos (professora de Português da ESVV) e a parte prática foi demonstrada por Odete Duarte (professora de Português na Escola EB 2,3 Amaro Arantes, e também ex-professora desta escola).

A sessão correu optimamente, com palestrantes muito diferentes mas igualmente eficazes. Igualmente diferentes eram os participantes, porque vi lá, para além de professores de Português e bibliotecários da rede de bibliotecas, professores de Matemática, de Geografia e de Físico-Química da nossa escola (podia haver mais "infiltrados", mas não os conhecia). Pareceu-me um excelente sinal, esse interesse que ultrapassou as barreiras de um Sábado de manhã frio e enevoado. Coisas que se fazem ou a que se assistem, não pelo creditozinho, mas pelo seu interesse intrínseco, e pelo interesse pedagógico estrito (no caso dos professores de Português) ou alargado (outros professores).


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As campanhas da EDP


Eu não vi, mas contaram-me: no fim-de-semana a EDP fez uma grande campanha em Braga, na Avenida Central. Davam mochilas e T-shirts (a troco de um euro). O povo acorria, esquecendo-se de que pagou aquilo tudo (um euro+parte da factura da electricidade). Depois, a EDP patrocinou uma caminhada contra o cancro. E o povo marchou por uma boa causa. Mas que causa?! O cancro, uma causa de entre todas consensual? Que efeito concreto terá a caminhada tido no combate ao cancro, no desenvolvimento dos tratamentos e cuidados paliativos a doentes com cancro?
Cheias de boa fé, ostentando os "gadgets" e a publicidade da EDP, as pessoas caminharam tanto pelo cancro como pela EDP... quiçá as mesmas que subscrevem abaixo-assinados contra a factura mensal. As que protestam contra ela. As que mal a podem pagar.

O "shopping" do sótão, a cave do sótão

Como voltei a ouvir a TSF, ultimamente dou comigo a ranger os dentes com uma campanha publicitária da EDP (no 11º ano de francês estamos numa unidade que se chama, justamente, "sedução/manipulação").
A EDP, a quem quase todos pagamos a electricidade (acho que se assemelha ao que estudávamos em História sob o nome de "trust") foi recentemente posta em causa pela Deco. O protesto alastrou na Internet e, agora, a EDP está a fazer uma campanha de charme. Na TSF massacram-nos com a caridadezinha do "shopping do sótão". Em traços gerais, a ideia é a seguinte: nós livramo-nos do que não precisamos. Somos bonzinhos e arrumadinhos. A EDP fornece o armazenamento (locais não lhe devem faltar, digo eu, "bá"). Uma vez que têm o apoio de uma associação de voluntariado, ponho-me a imaginar que a campanha será a custo zer... baixo. Mas a publicidade, oh, essa, é de monta. Nós damos, os outros recolhem, a EDP armazena e dá aos pobrezinhos. Suspeito até que os custos da campanha radiofónica serão mais elevados do que os custos da campanha propriamente dita... Como se diz na minha terra, "dou um presunto a quem me der um porco". Mas eu sou só uma professoreca.


E lembrem-se: como não há má publicidade, sou inimputável.

Antena 2

Durante anos, fui uma fiel ouvinte da TSF. Abandonei-a há alguns anos em prol da Antena 2. A qualidade musical tinha decaído, os noticiários repetiam as mesmas coisas até à exaustão, o fórum TSF permitia comentários populistas e demagógicos. Entretanto, a Antena 2 começou a emitir bons noticiários (claros, concisos, não entremeados de publicidade) a certas horas, a música era muitíssimo melhor, à noite passavam dois programas de jazz, havia entrevistadores muito bons (não apenas o já mencionado Luís Caetano, mas também, por exemplo, João Almeida). Paulo Alves Guerra entremeia informação com boa música, bons poemas, referências culturais inspiradoras, Pedro Malaquias é um cronista de espírito alerta e língua afiada. Aos Domingos há um programa sobre língua e cultura portuguesa... enfim: muito boas razões para me mudar de armas e bagagens para a Antena 2.
Claro que eu acho que há um senhor que, padecendo de teorite da conspiraçãozite intermitente, tem demasiado tempo de antena, sendo o seu programa reemitido em horários diferentes (ao contrário do que sucedeu com o meu querido "Um certo olhar", que passava à sexta e ao Domingo e, a certa altura, foi relegado para apenas uma emissão ao domingo a uma hora assaz matinal). Claro que havia uns concertos comentados por uns jovens com ar (tanto quanto uma voz pode ter "um ar") imberbe e comentários imaturos. Claro que a TSF continuava a ter o Carlos Vaz Marques e outros cujo nome não recordo. Mas a Antena 2 fazia-me crescer mais.
Agora, porém, dei por mim a cometer adultério: de manhã, das 8h às 8h20m ouço a Antena 2, mas das 13h40m às 14h ouço a TSF. Menos às sextas...

Coisas de futebol

É feio apontar, mas quem pode criticar um treinador por fazê-lo?
O mesmo não diria acerca do hábito de cuspir para o chão, quase completamente erradicado do Portugal dos anos oitenta e noventa (à excepção de algumas pessoas de idade que, obviamente, não tinham aprendido as mais elementares regras de higiene). E, de repente, dizem que por causa do futebol, começou a ver-se gente com ar normal (cuspir NÃO é normal) a fazê-lo.


Mas tudo isto vem a propósito de eu ter "ouvido claramente ouvido", o treinador Jorge Jesus dizer o seguinte a um repórter: «Não quero entrar em especulações, porque isso era estar a especular."

O senhor tem razão, não serei eu a contrariá-lo...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Perspectivar

Não há como uma causa maior para nos ajudar a perspectivar as embirrações menores. Ando eu para aqui a embirrar com cartões vestidos de "lingerie" e com passeios perigosos e eis que deparo com um atentado à liberdade de opinião e ao espírito crítico.




Não sei se já o disse, mas ao Domingo, invariavelmente, ligo o despertador para as dez para ouvir o programa "Um certo olhar", emitido na Antena 2. O entrevistador é Luís Caetano e os participantes são Maria João Seixas, Luísa Schmidt e Miguel Real. Esta é a última formação, pois, à excepção de Luís Caetano e Maria João Seixas, os restantes intervenientes foram mudando. Gostei particularmente da fase em que entrava Vicente Jorge Silva, independentemente de concordar ou não com as suas opiniões. A sua verrina e as disputas memoráveis com Maria João Seixas deixaram-me saudades.

De Luís Caetano apenas posso dizer que é irrepreensível. Quanto a Maria João Seixas, nem sei por onde começar. Nem sempre concordo com a senhora (também, era o que mais faltava...). Uma vez, inclusivamente, discordei tanto de uma posição que tomou acerca dos professores que escrevi um "mail" a dizê-lo. Liberdade de opinião é isto. O pior é quando não há nada do que discordar, como acontecerá se o programa for eliminado da grelha da Antena 2.

Poder-lhes-ia dizer que Maria João Seixas me ajudou a formar, enquanto ser pensante e questionante, enquanto telespectadora e cidadã, enquanto (proto) cinéfila e leitora. Não perdia um único dos programas que fazia na televisão e uma vez, com algum sacrifício (material e pessoal) desloquei-me a Serralves para frequentar uma Comunidade de leitores que dirigiu. De alguma forma, à distância, considero-a uma mentora.
Durante anos, li os artigos que Luísa Schmidt foi publicando, com maior ou menor regularidade, no Expresso, bem como uma interessante série de documentários que fez para a RTP. Embora, por formação familiar, fosse uma temática importante para mim, o que com ela aprendi foi consolidando o que já sabia e pensava.

Não quero crer que seja a liberdade de opinião que estas pessoas (e as que as antecederam) demonstram frente aos microfones que ditou o fim do programa. Mas que a Antena 2 perderá ouvintes e que o país ficará mais pobre de muitos pontos de vista, nisso creio firmemente. E continuarão os mesmos fazedores (e manipuladores) de opinião do costume a escrever e a discursar de cada vez mais tribunas, até à opinião única final. A solução final.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Poupar com estilo (ou: conversa estragada)

Num dos textos que escrevi hoje (o facto de estar doente põe-me, decididamente, verrinosa) aludi à propaganda (processo que, aliás, foi utilizado de forma maciça na I e II Guerras Mundiais).
Agora, a propósito do famigerado (atenção, que famigerado só quer dizer famoso) cartão caixa Woman, apetece-me falar de publicidade. Aproveito para esclarecer que não há má publicidade, o que significa que, se alguém me lesse (ninguém me lê), o cartão caixa Woman teria mais publicidade (não terá).
Acontece que o cartão inclui uns maravilhosos "mails" que são dignos de análise detalhada. Além de demonstrarem à saciedade que os criativos que conceberam a campanha nos consideram umas tontinhas, vá lá, capazes de ganhar algum dinheirito - mas ainda mais capazes de o gastar sem se questionar.
Por exemplo: eu, pessoalmente, não sou a "cara amiga" de ninguém na Caixa Geral de Depósitos. Antes pelo contrário. Ou terei um amigo secreto? duvido...
De forma no mínimo paternalista, uma das missivas dirige-se-nos da sequinte forma: «Já reparou naquela bela écharpe na loja em frente ao escritório? E nas "escapadelas" de Outono que a agência de viagens do lado lhe propõe? Uma tentação, não é?».
Com o cartão (de crédito, supõe-se), podemos comprar casacos novos, frequentar spas, ir ao cinema, oferecer à nossa "cara metade" uma escapadela romântica... e poupar. Não é tão giiiiro? Os criativos chamam a isso "poupar com estilo". Mesmo, mesmo, mesmo giro. Se não desse vontade de chorar.

"Lingerie" para porta-moedas




Tenho uma vergonha imensa do meu cartão CaixaWoman.

E não, não é só porque o de débito é, do ponto de vista estético, de gosto muitíssimo duvidoso (aqui entre nós, que ninguém nos lê, imita "lingerie" feminina. Cor de champagne, perdão, champanha, perdão, método champanhês.

O de crédito (por favor não comentem) imita "lingerie" preta. Não sei se estão a ver. Alguém (eu diria um homem, mas estou a ser preconceituosa) achou giríssima a ideia de vestir (ou despir?) um cartão com rendas "tipo lingerie". Brrrrrrrrrrrr....

Não, o pior será talvez chamar-se "Woman". Para mim, duplamente irritante: porque é só para mulheres (mulherzinhas, fraquinhas, tontinhas, burrinhas - e, sem dúvida, futilzinhas), assim uma sub-espécie da humanidade. E porque é em inglês. O mais giro é que, se usarmos o de crédito como eles sugerem, ou sejam, separando a parte inferior, no estrangeiro a coisa fica... preta.
Perguntar-me-ão: mas então porque é que aceitaste ter um cartão Caixa Woman? Primeiro, porque as condições que ofereciam me pareciam aliciantes (mas resisti, resisti oito ou nove meses). E depois, porque uma gentil funcionária da Caixa, algo perplexa com as minhas objecções, me disse que também havia cartões para sócios do Benfica, FCP, etc. «Bem» disse eu aos meus hesitantes botões «ainda há quem faça mais fraca figura do que eu...»


A Sic mulher e eu

Há uns anos, decidi mudar de operador de televisão por cabo porque tinham tirado da grelha o canal franco-alemão Arte (http://www.arte.tv/fr/70.html). Telefonei para a companhia a inquirir por que motivo o tinham retirado da grelha e não fui lá muito bem tratada por um gestor intermédio.
Adiante. Pedi então para desligarem o sinal e o jovem que me atendeu achou muuuuuito estranho eu mudar para um operador que não tinha a Sic mulher. Disse-lhe que, ao contrário do Arte, a Sic mulher não me fazia falta nenhuma. Não pareceu entender-me: «Mas olhe que eles não têm a Sic mulher...» E advertia, com ar de quem duvidava que eu tivesse abarcado a amplitude da tragédia: «Depois não vai poder ver a Sic mulher...» Eu, que posso ser burra mas não sou surda, disse-lhe que mesmo assim, queria desvincular-me do contrato que tinha subscrito - justamente - para captar o Arte.
Porque será que as pessoas (algumas pessoas) acham que todas as mulheres gostam de moda, maquilhagem, decoração, uns pozinhos (poucos, para não fazer mal) de cultura e que todos os homens gostam de futebol, carros, vinhos e computadores? Não há nada no meio?

Ler jornais é saber mais



Este vídeo do jornal brasileiro Folha de S. Paulo mostra-nos o reverso da retórica política: a propaganda.
Como fugir à proganda e à sua irmã gémea, a manipulação da opinião? lendo; confrontando pontos de vista diferentes; não aceitando acefalamente o que nos dizem, lemos, visionamos. Tendo espírito crítico. Escolhendo o nosso campo e preparando-nos para - também nós - nos enganarmos.

Visto no chão

Sou tão distraída como atenta. Ou talvez apenas seja distraída porque sou atenta a demasiadas coisas, até às mais chãs...
Por exemplo: tanto olho para o céu como para o chão. E o chão também nos diz muitas coisas. Os pavimentos para peões de Vila do Conde, por exemplo: chão de microcubo, guias de granito. Simples, cómodo, durável. Os passeios de Vila Verde: o mesmo microcubo, as mesmas guias.

Passemos então à rica cidade de Braga, a qual, possivelmente, figura no Top 10 de licenciamentos municipais. Olhamos para o chão, não porque sim, mas porque a isso somos obrigados: os passeios, mesmo os que foram feitos na tradicional calçada portuguesa, ondulam. Ora, se ondulam, são perigosos. Mas não é apenas por isso que são perigosos: há buracos a esmo, uns protegidos, outros não. Em ruas ditas nobres (em todo o caso centrais), como a rua do Raio, os passeios são de... cimento. Boa parte da rua 25 de Abril tem um pavimento sintético, sujo, estragado, irregular.
Isto, quando há passeios, porque é frequente haver longos troços para peões sem qualquer espécie de passeio.
Vivem em Vila Verde (cidade)? Dêem-se por felizes. Os vossos pés são mais bem tratados do que os dos bracarenses. A vossa vila não é uma automovelpolis.

Simple comme dire bonjour

Gosto muito da expressão "simple comme dire bonjour", não apenas porque é, em si, límpida e cristalina, mas também por aquilo que diz sem dizer. Com efeito, servindo para caracterizar coisas muito simples, mostra, às avessas, quão fácil é dizer bom dia. E, no entanto... no entanto, nem todos os portugueses interiorizaram - como os franceses - que, quando se entra num local, a primeira coisa a fazer é dizer bom dia. E nem todos os portugueses assimilaram essa evidência que consiste em dizer bom dia a quem quer que se conheça. Os ingleses têm uma regra que também sigo: cumprimentam-se todas as pessoas a quem fomos apresentados.
Ora, numa escola, todos os alunos conhecem os funcionários dos serviços gerais (Secretaria, Repografia, Biblioteca, Portaria, etc.), os auxiliares de acção educativa dos blocos onde têm aulas, os elementos da Direcção, os seus professores e os seus colegas.
Por isso, deixem que vos grite : DIGAM BOM DIA!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

São só ameaças II

Na sexta-feira ameaçava (prometia?) escrever no blogue a partir de casa. Afinal, passei o fim-de-semana doente, atrasei a minha vida, atrasei o trabalho nesta Portazul, no escolaemlinhablogspot.com e a colocação dos contributos dos meus alunos do duasemlinhablogspot.com. E nem assim dei cabo da pilha de jornais que ameaçam submergir-me... tenho uma absoluta falta de tempo para viver.
Hoje fui para a Biblioteca e não havia Net (estou na sala de directores de turma).
A nota positiva neste muro das lamentações? Os espaços verdes da escola. No Verão frequentei uma formação na Escola EB2,3 de Prado, cujo bar de professores me deixou algo invejosa: sumo de laranja natural, pão quente acabado de comprar, tudo do bom e do melhor. A escola é bonita, com partes dos edifícios revestidas a tijolo, um pequenino jardim interior em cada sala (embora eu suspeite que não seja muito confortável). Mas rapidamente me consolei ao olhar os espaços exteriores. Os nossos são mais bonitos do que os deles ;)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

São só ameaças

Escuso de me pôr com ameaças, que hoje nem água, nem café, nem inserir imagens, nem corta & cola. Lá vou eu ter de dar de comer ao blogue em casa. Lá fica o primeiro texto sobre arte efémera na escola por escrever. Lá fica a imagem do Titeuf por colocar. Lá ficam os textos que seleccionei por transcrever. Pior que isto, só sair de casa sem tomar o duche matinal...

O meu reino por um café

Hoje amuei e só vou blogar com coisas alheias. Mas atenção: digo de onde vêm.
Acham esta minha observação estranha? Não sei porquê: continuam a entregar-me textos, "soi-disant" trabalhos, devidamente assinados pelos alunos a quem disse que têm de indicar as fontes, pôr entre aspas tudo o que não escrito por si, etc., etc. Alunos que assistiram sem pestanejar às sessões de esclarecimento da professora bibliotecária e que agora ROUBAM, quer dizer, plagiam sem pudor os textos de outras pessoas. Hoje estou de mau humor. O meu reino por um café...

Arte efémera II

Hoje, nova aparição de arte efémera na nossa escola: no balcão do bar, alguém (já sei quem é) desenhou uma chávena de café.
A D. Irene queixa-se de que não sai. Eu queixo-me de que não entra: hoje não havia água. Uma escola sem água?! Sem pré-aviso?
Vou entrar em greve: em vez de escrever "posts", importo-os. e não se queixem, porque:
1. sem chá ou café, não funciono.
2. Indico o autor e o local de onde foram retirados...

Arte efémera I

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"A Rede Social" de David Fincher



Uma das coisas mais interessantes acerca deste filme é o que lá não está.
Não, não me dediquei agora à nobre arte do paradoxo. É que no filme não nos é dito que Mark Zucherberg, o fundador do Facebook, defende a sua própria privacidade com unhas e dentes.
Outro aspecto interessante, de que Clara Ferreira Alves falava há dias na sua crónica semanal no Expresso, é que o que espoletou a criação desta rede social foi o facto de Zucherberg querer insultar e denegrir a ex-namorada após a ruptura.
Aliás, um dos mais interessantes - mas também assustadores - neologismos dos últimos tempos, o vocábulo "desamigar", provém desta rede (?) social.
O suficiente para me desencorajar...

«Não sou audiência p'ra televisão»



Acho graça a este verso da canção "Já sei namorar", dos Tribalistas.
Na verdade, também não sou grande audiência. No entanto, reconheço que, quando tenho tempo, vejo programas excelentes na televisão; e que, quando estou cansadíssima, ver uma série pode ser muito relaxante.
Recolhi no blogue http://projectopne.blogspot.com/ um excerto do livro Televisão, família e escola, de Manuel Pinto, que resume duas (mas não as únicas) das minhas objecções relativamente a este meio de comunicação, informação e diversão.

sábado, 13 de novembro de 2010

Efeméride

Na quarta-feira à noite telefonei à minha professora de Francês. Conversámos durante horas, rimo-nos, contamos uma à outra o que nos tinha acontecido desde a última vez que falámos.
Na quinta-feira, depois de uma prelecção acerca dos erros que corrijo mil e uma vezes e que continuo a encontrar nos textos que os meus alunos escrevem - sempre os mesmos erros, valha-me Deus - dei por mim a pensar que devia ser uma péssima professora. Vinha a remoer nisto quando cheguei à sala de professores e me pus a olhar distraidamente para o painel. De súbito, apercebi-me que fazia anos nesse dia que tinha começado a leccionar. Uma efeméride que dava direito a uma aliança.
Ou a uma coroa de espinhos, pensei, entre o amargo e o bem humorado. É que não sei ser outra coisa. Por um lado, sempre quis ser professora. "Tenho para mim" que, uma vez professora, professora toda a vida (como aliás sucede com a minha mãe e as minhas tias, todas aposentadas). Aliás, durante um período em que não "dei" aulas, continuei a coligir materiais, fazer formação, pensar e viver escola. Pode tirar-se a professora da escola, mas não se tira a escola de dentro da professora...
Mas a melhor sugestão foi-me dada nessa tarde: por que não usar uma medalha (de cortiça, material do meu agrado, porque assaz ecológico e "autóctone") por cada ano leccionado?
É isso. Nem aliança, nem coroa de espinhos: um belo (e longo) colar de moedas de cortiça.

Mil e uma razões para gostar de cinema

Uma das bandas sonoras da minha vida é esta música (e outras) de Rita Lee. Lembro-me particularmente de uma fase difícil, em que punha "O melhor de Rita Lee" e, apesar de andar tristonha e macambúzia, desatava a dançar pela casa fora. É uma música muito dançável, e com graça.

Por outro lado, esta canção em particular liga-se a um dos meus interesses de sempre: o cinema (a minha mãe também gosta, e levava-nos desde pequeninas). Já aqui escrevi que nada se compara com ver filmes numa tela de cinema. Mas esta música, de que me lembrei porque é um dos motes da exposição "Sexo... e então?", mostra como a sala de cinema é um óptimo lugar para namorar. Com juízo, claro (espero que a Dores leia esta parte...).

Relatório & contas

Já repararam com certeza (terão mesmo reparado?!) que não tenho "dado de comer" aos blogues. Se fossem um tamagochi, já tinham morrido, coitados. A verdade é que, num dos computadores da Biblioteca, jaz morto e arrefece um texto que entretanto escrevi, mas que não pude publicar - na altura por falta de Internet. Depois, a Biblioteca andou em bolandas, tendo-se transferido para um dos monoblocos. E eu, eu também andei em bolandas.
Mas agora tudo voltará ao normal. As mudanças têm essa grande vantagem de nos obrigarem a seleccionar, eliminar, arrumar, limpar. Assim aconteceu com a transferência dos materiais da sala A12 para a sala C1, assim está a acontecer com a mudança do espaço físico da Biblioteca. Que o espírito, esse, mantém-se...

Titeuf: C'est pô vrai...

"Sexo...e então?"

A verdade é que queria publicar este vídeo do Expresso no nosso sítio "Duas culturas", mas, como já perceberam, não sou uma nativa digital e, se não fossem às vezes o Thomas e o Jonathan, os meus auxiliares mais frequentes - mas não os únicos - a coisa às vezes corria mal. Enfim, esforço-me...

Este texto e este vídeo podiam ter várias etiquetas, uma das quais "A importância de (se) falar francês", pois a exposição foi concebida pela maravilhosa "Cité des Sciences et de l'Industrie de La Villette" e o seu herói é Titeuf, conhecida personagem da BD francófona, que os nossos alunos conhecem da televisão. Na sala C1 temos um álbum dele, disponível para empréstimo. Já está a ficar gasto, de tantas leituras...

A exposição está patente no Pavilhão do Conhecimento até 28 de Agosto de 2011. Todos os dias, excepto à segunda-feira, 24, 25 e 31 de Dezembro, assim como 1 de Janeiro. Entrada gratuita nos dias 24 de Novembro, 18 de Maio e 25 de Julho.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

My Fair Lady

“Portugal, um retrato social” (II)


Ouvi na TSF, há uns seis anos, um dirigente académico que recusava liminarmente os empréstimos concedidos a estudantes porque estes comprometeriam a aquisição de casa e carro, imprescindíveis – como era óbvio... – para quem terminasse um curso superior. Aí, fui eu que fiquei escandalizada. Significaria isso que achava preferível NÃO tirar um curso superior em nome da casa e do carro? Não creio. Julgo que era estup… ingenuidade pura e simples. Provavelmente, por razões familiares, o pagamento das propinas parecia-lhe evidente e não era capaz de se “pôr nos sapatos” de quem não pudesse pagá-las. Mas arrepiei-me toda ao ouvir aquilo.
Neste momento de crise, espero que as pessoas, sobretudo os jovens, sejam capazes de esquecer o modelo falsamente próspero em que viveram e se preparem para um retrocesso sem dúvida difícil - e do qual certamente não têm culpa. Seria bom visionarem os documentários que dão título a este texto, onde se vê o Portugal de não há muitos anos. E que absorvessem as lições da história: infelizmente, o progresso não é sempre ascendente, e sempre houve momentos de recessão (política, económica, cultural…)

“Portugal, um retrato social” (I)


Há dois anos, a propósito dos excertos dos documentários de António Barreto e Joana Pontes, “Portugal, um retrato social”, comentei com os alunos de uma das minhas turmas que, quando comecei a trabalhar, nunca pensei vir a ser proprietária de nada. E que só após dois anos de trabalho tinha adquirido um carro em quinta mão, um maravilhoso Fiat 600 que só me deu alegrias.
Estávamos em meados dos anos oitenta e vi Portugal - bem como muitas pessoas à minha volta - mudar muito. Às vezes, enquanto professora, parecia-me que os alunos com que deparava estavam (muito) mais bem vestidos, mas que o nível de conhecimentos não acompanhava essa melhoria, e que o ambiente nas aulas piorava. A minha mãe comentava os lanches exagerados que muitos dos seus alunos levavam para a escola. O parque automóvel português devia ser um dos mais faustosos da Europa. De repente, toda a gente queria viver em moradias ou vivendas (embirro com as palavras, que se me há-de fazer?). Os meus modestos – mas inesquecíveis – inter-rails faziam fraca figura perante os destinos cada vez mais longínquos que muitos portugueses escolhiam.
Os meus alunos ficaram muito escandalizados: carro em sexta mão? Casa arrendada? Ah, mais isso não podia ser. Parecia-lhes um cenário catastrófico. Invivível. Insuportável. E, no entanto, era com isso que eu contava na idade deles. Sem dramas.


Falar do que não se deve falar


Infringirei as regras que enunciei no texto anterior, falando da crise. Li esta semana que cento e trinta e tal mil portugueses (hoje estou muito precisa, não estou?) não conseguem pagar os empréstimos bancários que contraíram. E de quem é culpa? Primeiro, há quem não tenha culpa: pessoas que, de um momento para o outro, se viram desempregadas; que se separaram ou divorciaram; a quem não pagam pensões de alimentos; que adoeceram ou enviuvaram. Segundo, há pessoas que ficaram deslumbradas e quiseram ter tudo, mesmo o que não podiam. Que não deitaram contas à vida, que não leram as letras pequenas dos contratos. Terceiro, e não os menos culpados, aqueles a quem me apetece (embora seja falta de educação) apontar o dedo: os bancos, que quiseram – e continuam a querer – emprestar dinheiro a juros (lembram-se do Onzeneiro do Gil Vicente?). Piores ainda, aqueles anúncios de créditos por telefone.
Cento e tal mil portugueses. Quase tantos como os professores portugueses. Uma barbaridade.
Mas afinal, de quem é a culpa? O mais culpado de todos é... o pato.

A angústia da folha em branco



Eis-me aqui, novamente, perante uma folha em branco. Já me habituei, daí que não me provoque a habitual angústia. Hoje, por exemplo, falarei do que… não falar.
Há muito tempo que sei que, à mesa (ou sem ser à mesa: com a família, os amigos dos pais, os colegas, estranhos em geral) não se deve falar de política e de religião. Sempre ouvi dizer que é feio falar de dinheiro (embora, quando ele nos falte, seja difícil evitar o tema). Parece-me óbvio que não se deve falar de… enfim, como disse o Carlos Drummond de Andrade: “O que se passa na cama é segredo de quem ama”. Parece-me de boa política não falar de corda em casa de enforcado: queixar-se de que se está gordo perante alguém cujo índice de massa corporal é superior ao nosso, das maleitas da idade perante alguém mais velho ou da falta de tempo perante uma pessoa com mais ocupações do que nós.
Num breve inquérito às minhas companheiras de trabalho de hoje (a Isabel Oliveira e a Maria José Carvalho) ouvi os seguintes e avisados conselhos: evitar temas controversos e, sobretudo, observar as pessoas antes de encetar uma conversa. Isso, disse-lhes eu, é uma boa definição de inteligência emocional.
E quanto ao tempo? As opiniões dividiram-se: será demasiado circunstancial? Ou será uma boa forma de quebrar o gelo? Lembro-me sempre daquela frase acerca da chuva em Espanha que molha quem a apanha que a Audrey Hepburn dizia, com ar solene, em “My fair lady”.
E pronto, assim me desenvencilhei do tema mais glosado por todos os cultores de crónicas: a falta de tema.
(escrito em formato Word no dia 21/10/2010, 11h12m)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Muro dos elogios


Às vezes, inadvertidamente, faço mais elogios aos alunos do que aos professores. Não é de propósito, embora tenha sempre em mente o preceito do meu avô: «Gabar é o que não presta, porque o que é bom por si se gaba.» Mas hoje vou abrir uma excepção (uma excepção a vários níveis, até porque o elogio se destina à Direcção).

Para além de andar muito satisfeita com o facto de as reuniões de terceiro ciclo (no meu caso, trata-se do sétimo ano de escolaridade) se realizarem segundo o modelo “Conselho de ano”, tenho lido uns comunicados dirigidos aos alunos que me parecem muito avisados. Por exemplo: o comunicado em que se informavam os alunos do nome da discente que os representa no Conselho Pedagógico. Ou aquele em que se apelava à participação nas eleições para a Associação de alunos. Por último, não posso deixar de referir a limitação da campanha a um dia e a observância mais rigorosa do ruído dos intervalos – o que, na minha opinião, devolveu dignidade ao período eleitoral.
(19/10/2010, 11h32m)

Poupar


Poupar é um tema de que muito gosto. Do meu ponto de vista – mas não vos farei um discurso – poupar pode ser visto de muitos (e interessantes) prismas. Hoje, a propósito do quadro eléctrico do Bloco C, ocorreu-me falar nele a propósito do (suposto) chavão «O barato sai caro». Ultimamente tenho pensado muito nele por causa do Programa de renovação da Escolas promovido pela Parque Escolar. Do meu ponto de vista, é uma ideia notável. Apenas tenho pena de que não tenham tido conhecimento do programa antes de o Ministério ter financiado a pintura de pavilhões, mas julgo que tal se deve à captação de verbas europeias.

Volto à renovação das escolas: independentemente da qualidade dos projectos de arquitectura (haverá uns mais conseguidos e outros menos conseguidos – o nosso, por exemplo, é muito bem pensado), a forma como algumas empresas de construção executam as obras tem vindo a tornar alguns projectos uma feira de horrores.

Em certos casos, a palavra de ordem é poupar. Ora, poupar, em si, não tem mal nenhum. O problema é quando a poupança se reflecte na qualidade de construção… Os cadernos de encargos nem sempre (e parece-me que estou a ser eufemística) são cumpridos, e as empresas ou consórcios de empresas que ganham os concursos nem sempre executam os trabalhos que ganharam, limitando-se a subempreitar as obras. O resultado é poupança… para essas mega-empresas. Os pequenos empreiteiros que efectivamente fazem os trabalhos às vezes mal ganham para o trabalho.
E depois vêm os problemas: chove aqui ou ali, as manchas de humidade alastram, as queixas são mais que muitas. A Parque Escolar, os arquitectos, os engenheiros, são culpabilizados por problemas pelos quais, em muitos casos, não serão responsáveis. A comunidade escolar passou um ano ou dois de martírio. O dinheiro foi gasto. Ora, se as empresas concorreram, sabendo os prazos e conhecendo os cadernos de encargos - como se justificam tantos problemas?
(14/10/2010, 11h36m)

Ir para a disco com GPS

Os meus alunos de vez em quando têm umas saídas fantásticas: hoje o David disse-me que eu tinha de arranjar um GPS para o meu livro (que perco de 5 em 5 minutos). Mal ele sabe que eu devia arranjar vários: mais um para os óculos escuros, outro para as chaves, um quarto para as esferográficas e um quinto para o telefone… E se eu os perdesse também?!
Ontem foi a Dina: estávamos na sala C1 e a luz, como já vem sendo habitual, faltou meia dúzia de vezes (eu sei, eu sei que a Direcção já cá chamou o electricista várias vezes, que o bloco C vem abaixo, justamente, porque a qualidade construtiva é má, etc. – cá para mim, era um caso para o Super-Abílio, mas que sei eu…?). E a Dina, sempre muito caladinha, sai-se com esta: «Até parece que estamos numa disco.». Olhem que realmente…
(Escrito em formato Word no dia 14 de Outubro de 2010, às 11h00)

O centenário da República em Vila Verde



Confesso que, por razões pessoais, não prestei especial atenção às comemorações do Centenário da República. Mas, como qualquer cidadã, sempre vi na televisão as comemorações de alguns municípios.
Baseada nisso, posso dizer-vos que, do que vi, nenhuma suplantou a excelência visual (só vi as fotografias) da recriação histórica levada a cabo por um consórcio” que englobava o grupo de História, o grupo de teatro VerdEmCena e a Biblioteca da nossa escola, em articulação com a Biblioteca Municipal Professor Doutor Machado Vilela e a Câmara Municipal de Vila Verde. Tive muitíssima pena de não ter assistido, mas deixo-vos aqui as fotografias do meu contentamento.
Nunca vi República mais bela nem republicanos mais credíveis.


Adeus, minhas encomendas…



Estou a escrever este texto às 11h20m da manhã do dia doze de Outubro – como documento do Word. Estou a desperdiçar o meu tempo, e corro o risco de o quadro eléctrico do Bloco C ir abaixo, como tem ido, à razão de quatro vezes a cada 90 minutos. Publicá-lo-ei… quando puder.
É aborrecido? Muito.
Mas nada, comparado com o horror que é estar a dar uma aula com um DVD ou com um documento sonoro. Eu já tenho tendência a passá-los duas ou até três vezes. Até aí tudo bem (tempo na tarefa, como diz o outro senhor). Agora não poder fazer pausas para o sacramental “Répétez, s’il vous plaît.” ou “Attention maintenant.” é tortura. Ter de colocar o CD desde o início, procurar a faixa e quejandos, a morte (anunciada) de uma aula. Na semana passada, seguindo as indicações do manual do 11º ano, fizemos todas as diligências para criar um blogue. Quando estava tudo pronto, a luz foi abaixo. Agora, nem blogue, nem rasto dele. E nem sequer podemos recomeçar com o mesmo nome, pois o nome já está registado. Por nós, mas isso não interessa nada.
Malhas que a falta de electricidade tece…


(Mais um texto escrito no dia 12 de Outubro. Aguardará calmamente que a Internet dê um ar da sua graça…)

0,5 segundos para destruir um planeta

Achei muito interessante a crónica de Anselmo Borges do Diário de Notícias de 16 de Outubro, de que vos transcrevo uma pequena parte:

«Muitos tentaram a escala. Agora, leio-a em Leonardo Boff, no Fraternizar. Comprimindo os mais de 13 000 milhões de anos do universo num ano cósmico, ficamos espantados com os resultados do cálculo para o aparecimento dos seres até nós.

No dia 1 de Janeiro, ocorreu o Big Bang. No dia 1 de Março, surgiram "as grandes estrelas vermelhas que depois explodiram e, dos seus elementos, lançados em todas as direcções, formou-se o actual universo". No dia 8 de Maio, surgiu a Via Láctea, uma entre milhares de milhões. No dia 1 de Outubro, nasceu a Terra. No dia 29 de Outubro, a vida irrompeu no seio de um oceano primevo. A 21 de Dezembro, apareceram os peixes. A 28 de Dezembro, às 08.00, os mamíferos. No mesmo dia, às 18.00, voaram os pássaros. No dia 31 de Dezembro, às 17.00, nasceram os nossos antepassados pré-humanos, os antropóides. No mesmo dia, às 22.00, entra em cena o ser humano primitivo, o australopiteco. No mesmo dia, às 23.00, 28 minutos e 10 segundos, surgiu o ser humano de hoje, o sapiens-sapiens, com consciência reflexiva. No mesmo dia, às 23.00, 59 minutos e 6 segundos, nasceu Jesus Cristo. No mesmo dia, às 23.00, 59 minutos e 59,59 segundos, viemos nós ao mundo. Impressionante, não é?


A conclusão que Boff tira é "desbancar o antropocentrismo", aquela visão que dá valor intrínseco apenas ao ser humano, que coloca o homem no centro de tudo e tudo ao seu serviço. Ora, o homem aparece inserido no todo do cosmos, na companhia de todos os seres, constituídos pelos mesmos elementos cósmicos.»

Árvores em "cartoon"



domingo, 10 de outubro de 2010

Associação de pais

Estou muito orgulhosa da Paulinha. Não só aceitou ser representante dos pais do 5ºB, como pagou as quotas e foi eleita para a Associação de Pais da escola da filha. Embora só este ano tenha(m) chegado à escola, já me contou com entusiasmo a quantidade de coisas que a Associação anterior tinha conseguido fazer (dois quartos de banho completamente equipados para os alunos, pratos e tabuleiros novos - e coloridos - para a cantina, mesas de pingue-pongue que tiveram como efeito imediato a redução de cenas de alguma violência entre os alunos, equipamento para as aulas de Educação Física).


Contou-me que, no ano passado, os alunos da escola se queixavam de que demoravam muito tempo na fila da cantina. Alguns pais da Associação foram lá almoçar, tendo constatado que a demora se devia apenas à falta de pratos e tabuleiros. Tão simples como isto...

A Paulinha só está triste por tão poucos pais terem aderido este ano à Associação, mas ideias não lhe faltam, e tenho a certeza de que a escola vai continuar a melhorar. Às vezes basta um bocadinho de empenho e preocupação, uma carta, uma ideia, para que tudo mude para melhor. O que eu queria era que a Associação de Pais da nossa escola fosse, neste ano mais exigente do que o habitual, simultaneamente rigorosa e criativa.

O mesmo para a Associação de Estudantes...

Batatas gourmet

Ontem fui a um supermercado e peguei num saco de batatas à sorte. Estava com pressa e só quando cheguei à caixa reparei que tinha comprado um saco de batatas... gourmet. Já não tinha tempo para voltar atrás e lá fiquei com esta nódoa no meu currículo, a juntar ao cartão Caixa Woman (grrrrrr...).


Batatas gourmet? Gourmet? Deve ser o nome que se dá a parvos com tantas peneiras como dinheiro para gastar. A minha irmã acha que são batatas plantadas em quintas de gente com pedigree.



Ainda por cima, souberam-me ao que devem saber as batatas: a batata. Não tinham bicho, o que é péssimo sinal (se é bom para os escaravelhos, também é bom para mim. E levam menos químicos).



As lições a tirar são:


1. antes batatas plebeias e com bicho do que batatas calibradas, desodorizadas e publicitadas.

2. Não compres nada sem ler tudo.

3. Fundamental é mesmo... ler.

sábado, 9 de outubro de 2010

Sugestões de fim-de-semana

Hoje à noite, na RTP2, passam dois filmes franceses recentes. Os melhores que já vi? Seguramente que não. Mas respeitáveis. Enfim... o segundo (por isso passa àquela hora), não o recomendaria a menores. Respeitáveis na acepção de "interessantes", "bem feitinhos", etc. If you know what I mean.

Relatório & contas


Pois ontem a Ana Margarida Dias disse-me que o blogue anda um tanto parado. Não é que me esteja a queixar, mas a verdade é que eu não consigo, nas horas em que estou na Biblioteca, escrever coisa que se veja. A Internet falha, a luz vai abaixo, os computadores não colaboram... Às vezes inicio um "post" na Biblioteca e só o consigo completar na vez seguinte, ou até - agora que o meu computador pródigo regressou a casa - completá-lo daqui.


Há muito tempo que não escrevia nada com a etiqueta "Muro das lamentações", mas hoje estou Calimero(a). Bom fim-de semana.



Stories rather than dollars

Li hoje no Ípsilon de ontem a referência a esta música. A ver se gostam:


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Fotografias que não mentem











Árvores (verdadeiramente) radicais

Este Verão, numa cidade francesa, deparei com um cenário que me encantou: uma equipa de funcionários do município. Não eram lenhadores armados de motosserra, mas pessoal bem equipado, que cuidava das árvores em vez de as destruir. Eu trouxe fotografias para vocês verem, mas deixem que vos diga o que elas não documentam.

Em conversa com os trabalhadores, disseram-me que outrora - in illo tempore - em França também se serravam árvores à maluca. Mas que há muito tempo tinham mudado de atitude, e que agora se tratava de respeitá-las, cortando apenas os ramos que necessitavam de intervenção, deixando-as crescer naturalmente. Mostraram-me a máquina que "processa" os restos e levaram-me aos canteiros do jardim onde o remanescente das podas é colocado, servindo simultaneamente para adubar, manter a humidade e evitar que as ervas daninhas cresçam.

O mais engraçado é que, quando me perguntaram de onde vinha, ficaram muito espantados por na minha zona não se seguir prática idêntica, uma vez que se reúnem anualmente com outros trepadores de árvores e as equipas portuguesas são tão boas que, frequentemente, ganham o torneio internacional.

Assim, deixo no ar a pergunta: para além das vantagens ecológicas e estéticas, o que preferiam ser: um lenhador que trabalha no meio de um barulho ensurdecedor ou um alpinista urbano?!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O título errado para o programa certo

A voz que me guia chamou-me a atenção para o título do texto anterior e remeteu-me para o sítio do Ciberdúvidas. Com efeito, o programa da RTP2 deveria apelidar-se "seis mil milhões" e não "seis biliões". Não é mesma coisa. Eu, professora de Português, me confesso... distraída. Enferrujada. O blogue não me anda a sair - embora deva dizer, em abono da verdade, que a Internet anda, outra vez, intermitente. Assim como o quadro eléctrico do Bloco C. Enfim...


Têm dúvidas? Vão ao http://www.blogger.com/www.ciberduvidas.com/, onde se esclarece que em Portugal, como nos restantes países da União Europeia, "un billion" equivale a «(...) um milhão de milhões, ou seja, 1 seguido de 12 zeros.» (a explicação é de José Mário Costa).

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

6 biliões de outros

No Domingo passado, liguei a televisão e fiquei feliz (a televisão nem sempre me faz feliz, antes pelo contrário): descobri que estava a passar na RTP2, às 20h39m, um programa intitulado "6 biliões como tu".

Esta série baseia-se na exposição itinerante "6 milliards d'autres", concebida por Yann Arthus-Bertrand e realizada por Baptiste Rouget-Luchaire e Sibylle d'Orgeval.

Sem querer ser bombástica, chamar-lhe-ia um retrato da espécie humana, na sua diversidade. Embora não tenha conseguido ver tudo, tudo, tudo, fiquei fascinada com o que vi. Por isso, aconselho vivamente a visita do sítio oficial, cujo endereço aqui deixo:

terça-feira, 14 de setembro de 2010

«Os povos felizes não têm História»

Sempre achei a frase que dá título a esta primeira entrada do ano lectivo 2010/2011 algo enigmática. Mas a verdade é que, quando somos felizes, não temos assim tanto para contar... No entanto, durante as férias li (não sei onde, escrito por um autor que não recordo) que só havia ficção onde havia problemas.


Não concordo totalmente com esta afirmação, embora as "narrativas" felizes que me vêm à ideia sejam, assim de repente, narrativas para crianças e jovens. Não sei. Tenho de puxar mais pela cabeça, mas, talvez por ter relido a lista de livros do Plano Nacional de Leitura, recordo vários textos de Sophia de Mello Breyner, A Instrumentalina, de Lídia Jorge ou Dentes de rato de Agustina Bessa-Luís.


Seja como for, espero que este ano a escola não tenha história, ou seja, que tenhamos todos um ano sereno, pacato e tranquilo. Que todos trabalhemos com gosto e afinco. E resta-me destacar os alunos dos sétimos A, B e C - bem como os alunos do décimo que vêm das escolas Básicas das redondezas - a quem desejamos as boas-vindas a esta escola.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Maqueta da escola

Um grupo de alunos do 12º A, Alexandre Gomes, André Soares, Dário Cunha, Luís Cruz e Mário Correia fizeram uma maqueta do novo projecto da escola que colocaram aqui na Biblioteca. Por casualidade, assisti à apresentação dos alunos e achei graça à narração dos desaires por que passaram, nomeadamente no que diz respeito ao transporte, que ofereceu dificuldades e danificou uma (pequena) parte do trabalho. Embora falte um ou outro pormenor (as passagens entre blocos serão protegidas), a maqueta está fiel ao projecto.

Assim, convida-se toda a comunidade escolar - que, aliás, teve oportunidade de se pronunciar ainda em fase de ante-projecto para apresentar sugestões - a vir agora visualizar o futuro da nossa escola. Acredito que a arquitectura, tal como o urbanismo, influi positiva ou negativamente na nossa vida. Neste caso, creio que que terá uma influência MUITO positiva.
P.S. Eu é que já estou quase há uma semana à espera que os alunos me mandem as fotografias...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Prémio Camões


O escritor Ferreira Gullar recebeu o prémio Camões. Hoje de manhã ouvi na Antena 2 o seguinte poema:


Não há Vagas




O preço do feijão

não cabe no poema. O preço

do arroz

não cabe no poema.



Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão



O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras


- porque o poema, senhores,

está fechado:"não há vagas"



Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

O poema, senhores,

não fede

nem cheira

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Desmame


Anteontem, a minha irmã foi jantar a casa de uns amigos e, a propósito do comentário de alguém que afirmava que o "Facebook" era viciante, um menino (cuja mãe - felizmente - não estava lá), comentou com toda a naturalidade: «Ah, pois é: a minha tia até foi para uma clínica tratar-se porque estava viciada no Facebook


Se aderiu ao "Facebook" e não quer ser internado (ou fazer tratamento ambulatório, que é sempre uma maçada), basta-lhe aderir ao movimento «We're quitting Facebook». Hoje mesmo.


terça-feira, 25 de maio de 2010

«A literatura como antídoto contra o fanatismo»


Já devem ter reparado que eu hoje estou "em maré" de pilhagem. No texto anterior pilhei uma frase de Teresa Calçada, agora pilho uma frase do escritor Amos Oz que a Ana Paula Matos referiu na sua alocução no seminário de Sábado.


A literatura é um antídoto contra o fanatismo, a ignorância, o racismo, até contra o cansaço (ando numa fase em que não consigo dizer três palavras sem incluir a palavra cansaço. Desculpem).


«A escola dá o que a família não pode dar»


Não podia deixar de compartilhar com todos os que não assistiram ao Seminário sobre literacia e Bibliotecas escolares a frase de Teresa Calçada que me serviu de título.


Pensei de imediato na declaração de princípios dos elementos da equipa que está a elaborar o Projecto Educativo da ESVV.


Pensei naquilo que levou a ser professora.


Pensei nas prelecções que, de tempos a tempos, faço a alunos que - receio - não me ouvem, não me entendem, não sabem do que estou a falar (e têm raiva de quem sabe).


Exagero? Pois com certeza. Mas também não estou completamente enganada. Muitos destes jovens, agora tão prazenteiros, amargarão os momentos de lazer que propiciam a si próprios durante as aulas, fora das aulas. Para muitos, será tarde demais. E terão a vida inteira para se arrepender...


Mas não queria ser moralista. Em Portugal - e em França mais ainda - o destino de muitos é marcado pela sua origem social. Não me alongarei, por hoje, acerca deste assunto. Mas, tal como Teresa Calçada afirmou, a escola está cá para proporcionar um "suplemento vitamínico" (as palavras são minhas). De conhecimentos, por certo; mas também de cultura, de saberes, de atitudes.


É por isso que defendo acerrimamente a qualidade da escola pública. Sem uma boa escola pública, na qual a Biblioteca Escolar desempenha um papel importantíssimo, o fosso social agravar-se-á inelutavelmente. E isso, meus caros, será o pior que nos pode acontecer como país. A todos, mesmo aos que se consideram acima de tudo e de todos.

Odeiote


Fui almoçar e vi, algures entre a Escola EB 2,3 e a Escola Secundária, o seguinte grafito: «Odeiote». Cheguei cá e contaram-me que uma jovem frequentadora da Biblioteca afirmava (e insistia) que «(...) aqui nesta escola sempre se escreveu francês com cedilha.»


Muito precisam de nós, estes meninos. E não pensem que o corrector ortográfico resolve tudo - que não resolve. Para início de conversa, as paredes não têm corrector ortográfico. Os computadores não pensam, não planeiam, não organizam. E ainda há as palavras parónimas.




segunda-feira, 24 de maio de 2010

Seminário sobre a leitura, a literacia e o papel da B.E.

Como bem realçou a Dra. Teresa Calçada, passar uma manhã de Sábado tão soalheira num seminário, não é tão evidente quanto isso. E, no entanto, foi uma manhã muito bem passada (e fresca, pois a temperatura esteve sempre agradabilíssima - excepto, talvez, para uma das intervenientes, que se queixou de ficar com febre, ter suores frios e tremores antes de falar em público. Mas adiante).

Antecedendo a abertura da sessão, os participantes foram surpreendidos por um grupo de jovens actores do clube de teatro da ESVV (o "Verdemcena", afecto à Biblioteca escolar) que incarnavam bobos da corte quinhentista. O seminário foi aberto pela Ana Cristina Oliveira, coordenadora do "Verdemcena" e membro da equipa da Biblioteca.

O primeiro painel foi constituído por Teresa Calçada (rede de Bibliotecas escolares), Henrique Barreto Nunes (rede de leitura pública), Conceição Gusmão (representante da DREN), Júlia Fernandes (vereadora da Cultura e da Educação da Câmara Municipal de Vila Verde) e Luís Monteiro (Director da ESVV).

O segundo painel, apresentado por Ana Margarida Dias integrava o Director da Biblioteca Pública de Vila Verde, Tiago Lopes; Filomena Alves e Luzia Bastos (Agrupamento de escolas de Moure), Isabel Correia (ESVV) e, "the last but not the least", Ana Paula Matos (ESVV).

A organização esteve a cargo da Escola Secundária de Vila Verde (ou seja: da Ana Margarida, a quem os restantes elementos da equipa deram uma ajudinha), com a colaboração da Escola EB2,3 Amaro Arantes, Câmara Municipal de Vila Verde e Rede de Bibliotecas de Vila Verde.

"Quantos os ledores, tantas as sentenças"



Este foi o mote, da autoria de Sá de Miranda, sob cuja égide a Ana Margarida Dias colocou o seminário sobre a leitura, a literacia e o papel da Biblioteca Escolar, que decorreu na Biblioteca Pública de Vila Verde no dia 22, das 9h30m às 13h.



Eu, "professora de Letras", me confesso: não conhecia o verso, que bem poderia figurar em todas as extensas Teorias da Literatura que estudamos na faculdade e às quais, de quando em quando, regressamos para refrescar as ideias.


Sá de Miranda prenuncia aqui, de forma lapidar, uma celebérrima obra de Umberto Eco (A obra aberta) e um dos preceitos estéticos - não apenas literários - fundadores dos séculos XX e XXI.


Não foi, pois, por acaso, que a intervenção da Dra. Teresa Calçada glosou esta asserção, de entre todas, feliz.

A nossa escola II

A nossa escola (a nossa vila) fervilhou de actividades, mas, infelizmente, não vos posso dar conta de todas. Como disse há tempos, não me foi concedido o dom da ubiquidade.

Não obstante, chegaram-me rumores do sucesso que constituiu a peça "Falar verdade a mentir" (O "Verdemcena" cada vez em melhor forma) e o sarau quinhentista. A verdade é que fui ver às escondidas algumas das danças e fiquei aborrecidíssima por não poder assistir à apresentação propriamente dita.


Assisti também ao Seminário sobre a leitura, a literacia e o papel das Bibliotecas, organizado pela nossa professora Bibliotecária, Ana Margarida Dias. Mas disso vos falarei mais adiante...

A nossa escola I

Os alunos de Francês dos 10º E e G (sobretudo estes últimos) não gostam lá muito de gramática: "Oh, Madame, grammaire...?! (enfim, o mais das vezes: «Mais gramática?!! Não gosto nada de gramática...»).

Apesar da sua aversão à gramática (a "basezinha"), são alunos bastante expeditos e já vi muitos deles participar em actividades extra-curriculares com gosto e com brio: nas comemorações do centenário da República, nas danças quinhentistas, na feira medieval...

Foram justamente estes alunos que se lembraram de organizar na manhã do dia 18 uma degustação de produtos franceses (ou de inspiração francesa). Trataram de tudo, alguns trouxeram coisas de casa ou dispenderam o seu próprio dinheiro para que não faltasse nada. A receita reverterá integralmente para o projecto de solidariedade social do 10ºG, "Vamos adoptar um(a) avô/avó), dinamizado pela professora Fernanda Barbosa.

Por último, agradecemos à Pastelaria Cristo Rei (Grupo Jolima) pela sua generosa contribuição. As famílias carenciadas do conselho agradecem, nós agradecemos. Eu, por mim, não como bolo em Vila Verde que não venha de lá...

Maio, maduro Maio

Tempo de Maio

Algures nos séculos IX-X, um autor irlandês desconhecido, em tempos por certo mais verdes - mas em que a natureza humana era, também por certo, assaz semelhante à nossa - escrevia que


«(....)
Dias de Maio são de alegria e de esplendor,
Quando as donzelas sorriem de orgulho pela sua beleza
E jovens guerreiros se mostram mui hábeis, ágeis e esbeltos.
Os dias de Maio o verão anunciam, o tempo é de paz.

E no céu azul há uma criatura que é ave inocente.
Pequena e frágil, de límpida voz de água clara,
Canta a cotovia maravilhas e contos, em que apenas diz
Que a perfeita harmonia é o tempo de Maio.»


Sim, os tempos são outros: não só as belas donzelas, não apenas os jovens guerreiros usufruem da alegria e do esplendor do mês de Maio. Ainda bem para nós, que vivemos em tempos menos verdes mas mais longevos. Apreciemos, pois, a perfeita harmonia quando ela nos é oferecida.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A frase assassina


No Público de 8 de Maio, Paulo Varela Gomes proferiu a frase assassina do mês. Gostei tanto que não posso deixar de a transcrever:


"No anúncio de uma empresa de telecomunicações que passa cansativamente na televisão portuguesa, há pessoas muito contentes por terem em casa, a funcionar ao mesmo tempo, todos os seus neo-electrodomésticos (expressão - óptima - inventada por uma amiga minha). É um não acabar de écrãs: televisão, computador, coisinhas pequeninas. De facto, não se consegue entrar na casa de qualquer pessoa pobre ou pobre de espírito, sem haver pelo menos uma televisão ligada."


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Estilos parentais



"A investigação tem demonstrado que um balanço equilibrado entre o necessário controlo parental e a desejável autonomia do adolescente contribui para que a idade adulta seja atingida de modo mais adequado. Por outras palavras: se os pais estão atentos e vigilantes ao quotidiano do jovem e não hesitam em traçar limites quando estão em causa questões decisivas de saúde e segurança; e se, ao mesmo tempo, contribuem para a autonomia do adolescente, então o caminho parece desbravado para o futuro adulto. O controlo parental pode realizar-se de diversas formas. A psicóloga americana Diana Baumrind definiu vários estilos parentais educativos, a partir da descrição de um padrão global e estável de interacção entre as duas gerações. Esse padrão manifesta-se por um conjunto de práticas educativas quotidianas que permitem definir o estilo autoritário, o estilo permissivo, o estilo rejeitante-negligente e o estilo democrático. Neste último caso, as práticas educativas dos pais são caracterizadas por acentuada capacidade de compreensão face aos filhos, mas não há falta de exigência nem hesitação sobre a importância do cumprimento das regras. Sabe-se hoje que o estilo parental democrático, caracterizado por autoridade sem autoritarismo e envolvimento dos pais no quotidiano dos filhos, se relaciona com maior capacidade de autonomia dos mais novos, bem como com uma melhor resolução dos problemas. Há assim um equilíbrio entre controlo, por um lado, e compreensão e apoio, por outro. Os pais deste tipo são mais eficazes, pois são capazes de apoiar com continuidade, sem que abdiquem de traçar limites e definir o que acham bem ou mal."


(Daniel Sampaio, in Pública de 2 de Maio)


Maria Rita - Dos Gardenias (ao vivo)

Descobrir as insignificâncias


Poema

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre
as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.



(Manoel de Barros)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Heróis palermas


Ora aqui está um título mesmo, mesmo engraçado. Heróis palermas?! Ora, conheço tantos... Palermas que se "armam" em heróis; palermas que, por motivações obscuras, são eleitos heróis; palermas que, por ignorância dos outros, passam por heróis; heróis que têm o seu lado apalermado, enfim, todas as variantes de que se lembrarem. Mas este título não é meu, e sim de um texto da Público do dia 3 de Maio, assinado por Rita Pimenta.

"Crianças irreverentes, alunos pouco aplicados e nada populares, adultos apalermados e heróis em roupa interior são algumas das personagens que atraem miúdos para a leitura. Contextos como a escola ou a família misturam-se com banda desenhada e cartoon humorístico. Resultado: livros para quem não gosta de ler. Por enquanto.
“Há miúdos que precisam deste tipo de livros para darem início a hábitos de leitura”, diz Paula Barros, professora de Português há 26 anos, sobretudo de alunos com idades entre os 12 e os 15. “Depois de se habituarem a ter momentos de concentração e de silêncio em contacto com uma história que os anima, vão querer continuar e irão certamente tornar-se leitores.” E não acredita que, por conviverem com heróis palermas, se tornem pessoas imbecis, como certos adultos vaticinam. “O humor é uma boa prova de inteligência, as pessoas bem-humoradas têm sentido crítico e são normalmente muito criativas.”
Por isso, este "post", de meu, só tem a ilustração do Gaston Lagaffe, um belga famoso - e bastante palermita.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

"O último hotel"


Pedi a quem-sabe-mais-do-que-eu para me comprar uns livros para a campanha por Timor e agora estou aqui com um dilema. Um dilema, tenho de reconhecer, de puro egoísmo - e, vá lá, falta de tempo.


É que, no excelente lote de livros, vinha um do qual não sei se serei capaz de me separar. Chama-se "O último hotel", é de Roberto Innocenti e J. Patrick Lewis. Espero ter tempo para ir comprar um para mim. Espero que a minha consciência fale mais alto.

Ecothriller


Ontem, à hora do almoço, vi um "Ecothriller" na televisão.


Era uma emissão do programa "Biosfera" que passa, descobri agora, ao Domingo na RTP2. Fiquei colada à televisão. Tratava-se do processo de urbanização dos terrenos próximos do rio em Rio Tinto. Trata-se de uma tragédia anunciada, mas à qual ninguém dará atenção até acontecer. O paralelo com a Madeira é evidente, mas isso não interessa nada.


Aliás, o Pedro Brandão disse-me que o vídeo que circulou na Net - a posteriori, claro - onde se chamava a atenção para os desmandos urbanísticos perpetrados na ilha, era um programa "Biosfera". Que não adiantou nada.

Hino dos Mineiros


Morreram doze mineiros na Sibéria e logo me lembrei de um vídeo que me "revelaram" há dias. O vídeo revelou-me uma letra e uma música muito comoventes, fotografias que retratam a vida dura dos mineiros e, ainda, o meu próprio carácter algo deslumbrado.

Eu explico: há tempos escrevi aqui um texto acerca de um filme ("Os virtuosos") onde se falava da desactivação de minas inglesas. O filme é de facto interessante, mas nada se compara à vida real de mineiros reais no país real.

Aproveito para me redimir.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Me encantan los Mescla

Hoje consultei o site da escola com mais tempo do que o habitual (não tive reuniões...) e deparei com um blogue que - e não exagero - me encantou. Lamento não ter falado dele há mais tempo e aproveito para me retractar acerca de um texto que escrevi esta semana. Com efeito, o associativismo (embora estejamos a falar de um grupo diminuto) "mexe" nesta escola. Eu é que andava demasiado ocupada...

Que me desculpem os "Mescla". E que continuem a fazer escola.