segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Vontade de ler... Richard Zimler


A vinda de Richard Zimler à escola foi bastante interessante pois, com este tipo de contacto (pouco comum), pudemos perceber como é a vida de um escritor, a sua conturbada história, desde N.Y. até à vinda para Portugal. O modo como nos apresentou alguns dos seus livros (ex. "O Último Cabalista de Lisboa"; "À Procura de Sana") deixou, certamente, a vontade de os ler.


Sérgio Viana, 11ºF

A adaptação teatral de "Os Maias" contada pelo Sérgio Viana


No passado dia 7 de fevereiro, as turmas de humanidades (E e F) do 11º ano participaram numa visita de estudo organizada pelas disciplinas de História e Português. Iniciou-se a visita com saída da escola pelas 08:30 h em direção a Espinho para assistirmos a uma adaptação teatral do romance de Eça de Queirós, "Os Maias". Uma interpretação, que esteve a cargo da Associação Teatro Educação, bastante interessante, muito motivadora, pouco cansativa e muito divertida. Terminada a peça, seguimos em direção ao Porto, onde, antes de almoçar, pudemos fazer um pequeno passeio a pé a desde a Ribeira até à rua de Sta. Catarina (uma das principais artérias comerciais do Porto), onde se situa o Centro Comercial Via Catarina.
 Após o almoço, iniciamos a parte da tarde da visita. Uma nova caminhada estava-nos reservada. Desde a rua de Sta. Catarina até ao Palácio da Bolsa, onde nos aguardava uma guia para procedermos a uma pequena visita ao centro histórico do Porto. Pudemos então observar a zona da rua das flores (uma das principais ruas do comércio do Porto no séc. XIX), a localização de dois antigos conventos (S. Domingos e S. Francisco), a estação de S. Bento e a Igreja de S. Lourenço (dos Grilos). A visita terminou com uma belíssima vista sobre V. N. de Gaia e o rio Douro.

 

Sérgio Viana, 11ºF

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Ana Matilde no "Público"

«O festival Correntes d’Escritas anunciou também esta manhã outros prémios que actualmente integram o palmarés do evento. Dos 103 trabalhos enviados a concurso para o Prémio Papelaria Locus, destinado a jovens poetas, foi distinguido Inexistência Mental, de Ana Matilde da Silva Gomes. »

Para ler a notícia completa, clicar aqui.

A obra premiada nas "Correntes d'Escritas"


INEXISTÊNCIA MENTAL
 
(Ana Matilde da Silva Gomes)

 

Hoje os meus dentes querem estar à mostra,
Misturar-se com o branco alheio.
Passamos tanto tempo a entrelaçar linhas
E a procurar sentidos atrás da bruma,
Que ver para lá do emaranhado
Sabe a café. (Com espuma).

 
Hoje não quero ter testa!
(o que está atrás dela costuma limitar tudo o que penso que sou)
E é tão mais fácil
Ir
Sem saber onde ponho os pés…
Não quero procurar justificação.
Estou tão bem, aqui, longe,
(Ligeiramente acima dos lugares do costume).
E o ar cheira-me às ruelas velhas e estreitas,
Encolhidas entre os prédios abandonados à humidade do dia inteiro.
Cheira-me à sombra, quase que ao mar, e ao sol frio de janeiro.
E este cheiro é ótimo porque não me lembra
Rigorosamente
Nada. (ou talvez o tempo em que não havia nada além de mim).
E cheira a comida! (Sagrada hora de almoço...
E nem foi precisa a prece!)
Nunca entendi porque é que há horas para comer,
Se o corpo trata dos outros assuntos à hora que bem lhe apetece…


A forma como as pessoas são sérias
Hoje, faz-me rir.
As gentes são tão seguras!
Tão convictas das suas conclusões…
Se eu não fosse pessoa,
Não saberia porque é que esta roda com números
Tem um ponteiro impaciente.
Diz-me que estou aqui há dezassete minutos.
Mas eu estou na mesma!
E as ruas ainda lá estão!
E ainda é hoje! (portanto, não quero pensar demais)
Mas se não me aconteceu nada,
Nada passou aqui, então.
Se não há tempo na inexistência,
Então o tempo é uma invenção.

As "Correntes d'Escritas" e nós

Recebemos uma notícia fantástica, que deixou algumas de nós com os olhos brilhantes: uma aluna nossa (mais concretamente, uma aluna da Maria José Carvalho) ganhou o prémio literário Correntes d'Escritas/Livraria Locus, destinado a jovens poetas. O engraçado é que tínhamos incluído esse regulamento no teste de avaliação de Português de 10º ano...

Engraçado também foi verificar que na última sessão do Sindicato de Poesia - de que eu sou indefectível - foi lido A Terceira Miséria, o livro com que a escritora Hélia Correia venceu o prémio literário Correntes d'Escritas. Ou seja: desta vez, posso afiançar-vos que se trata de uma obra intemporal - embora particularmente premente nos tempos que correm.  

Mais perspectivas acerca da palestra de Richard Zimler


No dia 5 de Fevereiro de 2013, no auditório da Escola Secundária de Vila Verde, decorreu uma palestra para a apresentação dos livros de um conceituado escritor, Richard Zimler, há 23 anos em Portugal.                                                                                                                              
Zimler demonstrou ao longo da sessão muito à-vontade para falar sobre a sua orientação sexual e religião. Dos livros expostos, “Ilha Teresa”, no qual mais me identifiquei fala sobre a viagem de uma jovem portuguesa para um país “diferente” em termos de cultura e língua, enfrentando os desafios. 

 

Sílvia Domingues n.º19

Sónia Sousa n.º 21

12.º I

 

                                              ----------------------//--------------------

 

 

Relativamente à palestra a que assistimos no dia 5 de Fevereiro, com a presença do escritor Richard Zimler, achamos que foi uma actividade interessante porque o escritor é muito sociável e interagiu de forma aberta com a plateia.

Falou imenso das suas obras e da sua vida pessoal ao longo destes anos em Portugal. Quando chegou a Portugal, ficou um pouco chocado com a nossa maneira de ser. Assim, criticando uns aspectos do ser português e elogiando outros, concretizou esta actividade, com sucesso.

 

Rita Vitória n.º 2

Catarina Peixoto n.º 5

Jorge Cardoso n.º 11

Sara Pereira n.º 18

12º I

 

------------------------//----------------------


No dia 05 de Fevereiro de 20013, pelas 10:15h, no âmbito da disciplina de Português, foi-nos proposto assistir aa uma palestra onde tivemos a honra de conhecer o escritor Richard Zimler. Este escritor tem dupla nacionalidade, sendo a língua materna dele o inglês, mas mesmo assim ele domina muito bem a língua Portuguesa devido ao facto de já residir cá em Portugal há cerca de 23 anos.

Admiramos bastante a forma como ele interagiu connosco e a forma como abordou a sua vida. Sendo ele de etnia judaica e  homossexual, não teve complexos em assumir publicamente, e isso é um ato de louvar. Uma das obras dele, “A Ilha de Teresa”, pareceu-nos um bom livro, e a forma como ele expôs a obra incentivou-nos a lê-lo, uma vez que nunca tínhamos ouvido falar neste grande escritor.

 

Bruna Figueiras, nº 4

Liliana Campos, nº 13

Márcia Lima, nº 15

12º I

------------------------//----------------------

 
Achamos que a palestra de Richard Zimler foi gratificante para os alunos. Notou-se uma grande interacção entre o escritor e a plateia.
Durante a palestra, foram surgindo perguntas às quais o escritor respondeu com simpatia e amabilidade e demonstrou, em termos de personalidade, a facilidade de falar sobre certos assuntos. Também achamos interessante o facto de este ter escolhido Portugal para viver e se ter adaptado bem.

Fernando Araújo, nº 9

Juliana Cunha, nº 12

Pedro Oliveira, nº 16

Tânia Sousa, nº 22

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um escritor apresenta-se... à ESVV


Os textos que se seguem são da responsabilidade da Zézin... da professora Maria José Ribeiro e dos seus alunos:

 

«Ele há muita curiosidade no ar!

O nome é estranho… Richard (nem tanto), mas Zimler…

Que faz ele aqui, um escritor “estrangeiro”? Que terá ele para nos dizer, a nós que nem sempre lidamos tão bem como gostaríamos com a língua inglesa??

Bem, mas ele senta-se. Pousa na mesa o chapéu… de abas largas (se não fosse verde, quase que nos faria lembrar Pessoa!). E começa a falar…em português! Apenas um pequeno e gracioso sotaque, mas fala bem e, pasme-se, entende-se! Fala e deixa falar, questionar. Responde. Interpela. Apresenta as suas obras, “como filhos adolescentes”, a quem “deixa voar” e ganhar vida própria! E bebe, bebe muita água. Está constipado, mas mesmo assim, entre nós. Entre nós, lusitanos, há vinte e três anos!

Perguntamo-nos, e perguntamos-lhe: porquê Portugal, porquê o Porto, porquê um país pequeno, porquê a nossa história?

E ouvimos a resposta mais improvável …( “E ouve um silêncio múrmuro consigo:”) – é o amor ao país, à língua, às gentes!

Zimler é mais, muito mais do que se poderia esperar – é alguém que está aí para nos ajudar a construir “um novo império”, o da divulgação da nossa língua e da nossa cultura. É mais um português universal. Mj

 


Depoimentos:

“Richard Zimler é o nome do escritor que nos visitou e se apresentou. Apresentou também, entre outros, o livro Ilha Teresa, o qual despertou grande interesse e motivou os alunos para a sua leitura, porque relata a sua experiência de imigrante “ao contrário”.

Admiramos a coragem perante os obstáculos encontrados na sua vida. Achamo-lo bastante espontâneo e divertido. Um escritor sem preconceitos. Um escritor que procurou descobrir a história do nosso país.

 

O 12.º G, Curso Técnico Profissional de Apoio Psicossocial, agradece a sua presença na escola ESVV” (texto sujeito a alterações)


 

Original e único:

"A exposição de Richard Zimler sobre as suas obras acabou por ser uma experiência marcante do ponto de vista cultural, já que o autor teve o cuidado e a atenção de apresentar sucintamente as experiências que o levaram a escrever as suas obras brilhantes.

Richard Zimler conseguiu transportar os interlocutores para o seu mundo, para os problemas da sociedade e permitiu um recuo exemplar na História, levando a plateia até ao clima da Segunda Guerra Mundial, algo que para nós, alunos de humanidades, é genial.

A genialidade do autor cativou, de modo geral, os alunos que conseguiram ficar a perceber um pouco mais a forma como este escritor executa as suas obras.

Concluindo, a exposição de Zimler serviu para expandir os horizontes das mentes daqueles que o escutaram. Agradecemos à biblioteca escolar e à direção da ESVV por nos ter proporcionado este momento."

Sérgio Neto, 12.º F

 

 
 

 

 
 


 

O escritor Richard Zimler visitou a Escola Secundária de Vila Verde

No dia cinco, o escritor Richard Zimler deu-nos a honra de vir falar dos seus livros.
Uma honra, aliás, muito disputada, pois já no ano passado o escritor dissera publicamente na Escola Secundária de Amares - onde o fomos ver como as "groupies" que somos (a Margarida também já tinha ido à Biblioteca Pública de Braga) - evitar estas deslocações, porque lhe tiravam tempo para escrever. Compreendemos as razões invocadas... mas ficámos felizes por contar com a sua presença, num auditório a abarrotar de alunos e professores interessados. De tal maneira que as perguntas jorraram em catadupa.
 Foi muito engraçado constatar o interesse tanto pela obra, como pelo homem, tanto pela nacionalidade e vivência americanas, como pela ascendência centro-europeia. Richard Zimler encantou-nos com a sua desenvoltura e fluência e marcou-nos com os valores humanistas que evocou.
 

Vincent & Theo (Van Gogh)


Akira Kurosawa's Dreams - Van Gogh


Dia da escola

Hoje a escola encheu-se de actividades.
 
 
Eu, como não tenho o dom da ubiquidade, fiquei-me logo ali pela Biblioteca, a relembrar - e a aprender coisas que não sabia. O grupo de História tinha organizado uma sessão, apresentada pela Ana Margarida Dias (a Margarida não é apenas bibliotecária, nem somente professora de História, nem sequer se limita a ser uma pessoa culta: a Margarida é também uma grande viajante) e engendrada, pareceu-me, num feliz conluio com a Arminda Fernandes e com a Ana Cristina Oliveira.
 

Vejam lá com o que elas se saíram: uma apresentação da vida de Van Gogh na Provença (baseada no catálogo Cores e pintores na Provença 1875-1920 e no sítio http://www.arlestourisme.com/le-19eme-et-van-gogh.html) Seguiu-se o visionamento de um "Sonho de Akira Kurosawa", em que Martin Scorsese encarna o pintor holandês (confesso que, até hoje, desconhecia em absoluto esta obra do mestre japonês, disponível para requisição na Biblioteca)  e uma apresentação, por duas jovens do VerdEmcena, de um excerto de A arte de viajar de Alain de Botton (livro passível de empréstimo domiciliário). Uma feliz conjugação, em que, frequentemente, as alusões do filósofo suíço eram ilustradas na tela de Van Gogh/Kurosawa. E por último, como não podia deixar de ser, assistiu-se ao filme "Van Gogh", de Maurice Pialat.
 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Passos de astronauta


 
O ASTRONAUTA

As estrelas e equações na madrugada
tecem a rede de uma aranha negra
que mastiga os ossos da noite.
Por cima da escola voava um avião comercial,
deixando no céu uma cicatriz de fumo
que dizia: “Eu quero ser Neil Armstrong”.
Eu levava no bolso um roteiro
para sair da atmosfera
e desenhar outro bairro no cosmos.
Mas as recordações felizes funcionam
apenas como recordações felizes:
hoje ensaio passos de astronauta
só para atravessar a rua.

Marcelo Daniel Díaz

Música do VOSSO tempo

Achei muita graça a esta música, que ouvi pela primeira vez na "Play list" desta semana da TSF. Veio mesmo a calhar, pois no oitavo ano estou a "dar" "les magasins et les courses" (que associo sempre ao consumismo exagerado) e "les pronoms y et en". Lá tiveram os meninos de fazer uma lista do que a ZAZ "ne veut pas" (oh, les pauvres...)



Música do MEU tempo?!



A Paulinha mandou-me este vídeo com a seguinte legenda: "música do nosso tempo". Eu fiquei indignada. Do nosso tempo? Do tempo dos nossos tios, cujos discos ouvíamos vezes e vezes sem conta. Do nosso tempo são as compilações dos Beatles, muito "chá-lá-lá" (a expressão é da própria Paulinha) que dançávamos, adolescentes, em discotecas obscuras. Arqueologia.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O ilustre Fernando Távora

«Fernando Távora

Fotografia de Fernando TávoraFernando Távora
1923-2005
Arquitecto, professor e ensaísta
"Távora é o pai da escola do Porto, mas bisavô da Europa. É uma figura histórica e universal"
(Souto Moura, in Público de 4 de Setembro de 2005)


Arquitectura e Vida nº37 (Abril de 2003) - CapaFernando Luís Cardoso de Menezes de Tavares e Távora nasceu em 25 de Agosto de 1923 na freguesia de Santo Ildefonso, no Porto, no seio de uma família conservadora, descendente da nobre linhagem dos Távoras. É filho de Dom José Pinto de Tavares Ferrão (1882-1967), Senhor da Casa da Amoreira das Tenentas, Anadia, representante do Vínculo de Fontechão, Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra e ferrenho integrista lusitano, e de sua mulher, e prima em 2º grau, D. Maria José Lobo de Sousa Machado e Couros, Senhora das Casas de São Domingos de Recardães, da Covilhã, do Miradouro e do Costeado e proprietária em Guimarães, Braga e Felgueiras (1892-1951). Foi Senhor da Casa da Covilhã, Fermentões (Guimarães), mas, ao contrário dos seus irmãos, Bernardo Ferrão de Tavares e Távora e Rodrigo Ferrão e Noronha, não usou o título de Dom.
Passou os primeiros anos da sua vida nas propriedades da família, no Minho, na Bairrada e nas praias da Foz do Douro, revelando desde cedo a sua aptidão para o desenho e o seu interesse por casas antigas.
Concluído o curso liceal do Segundo Ciclo no Liceu Alexandre Herculano, em 1940, com a classificação de dezasseis valores, fez o exame de admissão à Escola de Belas Artes do Porto, em 1941, para frequentar o Curso Especial de Arquitectura, contrariando, deste modo, a vontade da família que o queria ver licenciado em Engenharia Civil, um curso, a seu ver, mais prestigiante e mais concordante com a sua condição social.
As clássicas educação familiar e formação inicial foram complementadas pela cultura moderna da educação universitária. Durante quatro anos frequentou o Curso Especial de Arquitectura, inscrevendo-se de seguida no Curso Superior de Arquitectura, em Setembro de 1945, no decurso do qual estagiou com o Arquitecto Francisco Oldemiro Carneiro e realizou vários projectos nos anos de 1946 e 1947 (sobre grande composição, construção geral, composição decorativa, arqueologia e urbanização).
Em 1947 publicou o ensaio "O problema da casa portuguesa. Falsa arquitectura. Para uma arquitectura de hoje.", onde sintetizou a noção de uma arquitectura moderna, mas enraizada na cultura, e onde chamou a atenção para a necessidade de um estudo científico da arquitectura popular portuguesa.
No final do estágio profissional, em 31 de Março de 1950, o seu orientador declarou que ele tinha sido seu colaborador, desde 20 de Dezembro de 1947, e se encontrava apto para desempenhar a profissão escolhida. Em 1952, no Concurso para a Obtenção do Diploma de Arquitecto (CODA), apresentou o projecto Uma Casa sobre o Mar, com o qual obteve a brilhante classificação de dezanove valores, mas que nunca foi concretizado.
Entretanto, em 1955, integrou a equipa responsável pelo "Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa", um trabalho pioneiro no estudo da arquitectura nacional, promovido pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos e publicado em 1961.
A sua longa e marcante carreira de docente universitário ligou-se, essencialmente, a três instituições: à Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), onde começou a leccionar, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), que ajudou a instalar (foi Presidente da sua Comissão Instaladora) e à Universidade de Coimbra, mais concretamente ao Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia, constituído com a sua colaboração nos anos oitenta do século XX.
Desenho de Fernando TávoraEntre 1957 e 1958 prestou assistência graciosa na ESBAP, passando em 14 de Abril de 1958 a 2º assistente do 1º grupo. Em 1962 (29 de Junho), foi nomeado Professor Agregado do 1º Grupo de Disciplinas e a 3 de Abril de 1963 tomou posse das funções de 1º Assistente do 1º Grupo da ESBAP. Em 1970 (14 de Abril), foi contratado, por conveniência urgente de serviço, para professor do 1º Grupo, mantendo-se no cargo até 13 de Maio de 1986. Na FAUP foi professor associado, entre 14 de Maio de 1986 e 24 de Setembro de 1989, e professor catedrático de 25 de Setembro de 1989 a 24 de Agosto de 1993. Pediu a aposentação em 1993.
Nas aulas vivas e cativantes deste professor competente e interessado, os tradicionais diapositivos eram, por vezes, substituídos por desenhos da sua autoria e os alunos instigados a viajar, tal como ele fez durante toda a sua vida, por prazer e para estudar arquitectura e trabalhar.
Como poucos, participou, entre 1951 e 1959, nos Congressos Internacionais de Arquitectura Moderna, da Conferência Internacional de Artistas da UNESCO de Veneza, Hoddesdon, Aix-en-Provence, Dubrovnik and Otterlo, onde conheceu, entre outros, a figura mítica do arquitecto Le Corbusier. Foi Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto para a Cultura nos Estados Unidos e Japão (1960).
Mosteiro de Nossa Senhora do Pilar, Vila Nova de GaiaEm 9 de Fevereiro de 1954 contraíra matrimónio no Mosteiro de Nossa Senhora do Pilar, em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, com D. Maria Luísa Rebelo de Carvalho Menéres (1930-), licenciada em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, de quem teve três filhos: José Bernardo Menéres de Tavares e Távora, Maria José Menéres de Tavares e Távora e Luísa Teresa Menéres Tavares e Távora.
Casa de Férias de Ofir de Fernando TávoraOs seus projectos arquitectónicos construídos, tais como o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59), o Pavilhão de Ténis da Quinta da Conceição, em Matosinhos (1956-1960), a Casa de Férias no Pinhal de Ofir, em Fão (1957-1958), a Ampliação das instalações da Assembleia da República, em Lisboa (1994-1999) ou a Casa da Câmara/Casa dos 24, no Porto (1995-2002), reflectem um forte sentido de responsabilidade social na forma como associa a criatividade à criteriosa abordagem ao sítio, aos pormenores técnicos e à funcionalidade da obra.
Pousada de Santa Marinha da Costa, GuimarãesNa área da conservação do património deixou trabalhos inigualáveis, como a recuperação do Convento de Santa Marinha da Costa e sua transformação em Pousada (1975-1984) e a redescoberta e reabilitação do Centro Histórico de Guimarães (1985-1992), classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2001; o projecto de remodelação e expansão do Museu Nacional de Soares dos Reis (1988-2001) e o restauro exemplar do Palácio do Freixo e áreas envolventes, no Porto (1996-2003).
Foi também arquitecto da Câmara Municipal do Porto e Consultor da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, do CRUARB (Comissariado para a Recuperação Urbana da Área da Ribeira - Barredo), da Comissão de Coordenação da Região Norte e do Gabinete Técnico da Câmara Municipal de Guimarães. Foi Membro Conselheiro do Comité de Cursos de Campo de Arquitectura da Comunidade Económica Europeia.
Morreu vítima de cancro, no dia 3 de Setembro de 2005, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. O seu corpo esteve em câmara ardente na capela da sua casa de Fermentões, um solar seiscentista reformado em Oitocentos e nos anos setenta do século XX, pelo próprio, sendo depois trasladado para o Porto, onde foi cremado no Cemitério do Prado do Repouso.
 
Casa da Câmara de Fernando TávoraFicou a obra de um dos maiores vultos da Arquitectura Contemporânea Portuguesa, fundador e mestre da "escola do Porto", que precocemente reconheceu talento no aluno Álvaro Siza e soube, como ninguém, fazer a síntese entre a arquitectura tradicional nacional, marcante na sua obra dos anos 50 e 60, e a arquitectura moderna internacional, bem presente nos seus projectos dos anos 80 e 90 do século XX. É um autor da continuidade, avesso a rupturas, para quem uma obra arquitectónica tem de ser entendida no contexto do ambiente envolvente.
Como o próprio dizia, "eu sou a arquitectura portuguesa".
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)»

Uma exposição perto de nós


Tendo vários ex-alunos desta escola optado pelo curso de Arquitectura, talvez interesse saber que em Guimarães, bem perto de nós, se pode visitar uma exposição acerca de um profissional incontornável da arquitectura portuguesa, em particular - mas não só - no que diz respeito a uma defesa informada e moderna do património.

A exposição, gratuita, tem tanto interesse que passei lá uma tarde e me apetece voltar, para ouvir na íntegra as aulas gravadas na Universidade do Porto.
 

 

Arte poética, segundo José Tolentino de Mendonça

E eis como termina a subcitada crónica: "Das muitas definições de poesia, há duas a que retorno sempre. A primeira é de Paul Celan: «A poesia é qualquer coisa que pode significar uma mudança na respiração.» E a outra, de Jean-Yves Masson: «A poesia é uma água à qual podemos pedir a sede.» Gosto destas definições por acreditar que o poema ilumina e adensa o caminho da nossa própria humanidade. Mas os poetas precisam que a sociedade pergunte se tem a pagar alguma coisa."

A lista de José Tolentino de Mendonça

 
Embora não seja esse o assunto principal da crónica "O preço de um poema" que José Tolentino de Mendonça publicou no Expresso de 2 de Fevereiro, pareceu-me interessante transcrever a "short list" (perdoem-me, por uma vez, o empréstimo) do poeta:

  • Os Lusíadas de Luís de Camões
  • obra de Álvaro de Campos
  • Um adeus português de Alexandre O'Neill
  • Natureza morta com louva-a-deus de Fiama Hasse Pais Brandão
  • A Magnólia de Luiza Neto Jorge
  • O inominável de Eugénio de Andrade
 e o a-propósito da crónica: De amore de Armando da Silva Carvalho

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Sweet and Lowdown" de Woody Allen

Outro filme que o título de Tarantino faz lembrar é aquele que Woody Allen dedicou a Django Reinhardt, e que ilustra na perfeição a tese - tantas vezes comprovada pela realidade - de que os bons artistas nem sempre são boas pessoas.




"Gadjo Dilo" de Tony Gatlif


Os filmes são como as cerejas

O título da última obra de Quentin Tarantino pôs-me a pensar em dois óptimos filmes que vi há muitos anos e de que nunca me esqueci - o que é muito bom sinal. O primeiro é "Gadjo Dilo", uma bela visão exterior sobre os ciganos, sem o histrionismo (aliás bastante sedutor) dos filmes de Emir Kusturica. Tirando os maravilhosos filmes de Andrei Tarkovsky, verdadeiros poemas (e talvez uma parte de Tess of the Urbervilles, de Polanski), nunca um nevoeiro como o de hoje me tocou tanto.
 

Os apontamentos do sr. Américo

 
Há dias, à procura de uma "motivação" (estarei a escrever "eduquês"? a designação terá mudado?) para os meus alunos, deparei com um excerto de um programa da Rádio Comercial, "Mixórdia de temáticas", onde Ricardo Araújo Pereira (RAP) fazia uma rábula muito engraçada.
 
 
Assim, assumindo a persona de sr. Américo, fazia algo melhor - dizia ele - do que a coleção dos Apontamentos Europa-América: um resumo de Os Maias para alunos que têm preguiça de ler os resumos da obra de Eça de Queirós.
 
Não quis passar o excerto na íntegra aos meus alunos (tenho um lado legalista), mas confesso que tive pena. Nos apontamentos do sr. Américo, Os Maias ganham uma actualidade insuspeita. E não tenham dúvidas: RAP leu-os, leu-os bem e leu-os na íntegra.

Lido no "Página 23" de ontem

O que pensam os mais novos que vêem muitas cenas de violência e de sexo na televisão


Imagem: Cães dana­dos, de Quentin Tarantino
O impacto da exposição de cri­anças e ado­les­centes a cenas de sexo e vio­lên­cia na tele­visão” é o tema de um doc­u­mento em que a Andi – Comu­ni­cação e Dire­itos e o Inter­vozes – Cole­tivo Brasil de Comu­ni­cação Social recen­seiam diver­sas inves­ti­gações, real­izadas, desde há décadas, em diver­sos países, sobre os efeitos que as ima­gens tele­vi­si­vas de sexo e vio­lên­cia pro­duzem em cri­anças e jovens. As con­clusões a que os estu­dos chegaram são idên­ti­cas, havendo um amplo con­senso quanto à cir­cun­stân­cia de o vision­a­mento reg­u­lar de con­teú­dos inad­e­qua­dos provo­car graves con­se­quên­cias na vida mais novos, que podem ficar mais ansiosos, agres­sivos e medrosos; for­mu­lar con­cepções erradas sobre o papel da vio­lên­cia na vida real; e ter uma ini­ci­ação pre­coce da activi­dade sex­ual.
O doc­u­mento “Media e infân­cia” apre­sen­tou, em Março de 2012, os resul­ta­dos de estu­dos pro­movi­dos na Ale­manha, na Holanda, na Sué­cia, no Canadá e nos Esta­dos Unidos da América, onde, nos últi­mos 40 anos, foram real­izadas mais de 3.500 inves­ti­gações sobre os efeitos da vio­lên­cia tele­vi­siva. Ela surge em vari­a­dos géneros de pro­gra­mas, como, por exem­plo, video­clips, pro­gra­mas de entreten­i­mento, doc­u­men­tários ou noti­ciários. Nos Esta­dos Unidos da América, ao ter­mi­nar o ensino básico, uma cri­ança comum terá visto mais de oito mil assas­si­natos e mais de cem mil out­ros actos de vio­lên­cia incluí­dos nos diver­sos con­teú­dos tele­vi­sivos. Esta exposição exces­siva à vio­lên­cia con­tribui, segundo várias inves­ti­gações, para um acréscimo da vio­lên­cia na sociedade norte-americana.
Um dos estu­dos, real­izado pela Uni­ver­si­dade de Michi­gan, esta­b­elece uma cor­re­lação entre a exposição de cri­anças à vio­lên­cia na tele­visão e os com­por­ta­men­tos agres­sivos e vio­len­tos no iní­cio da fase adulta. A pesquisa avaliou, em 1977, os hábitos de 557 cri­anças de Chicago em relação, sobre­tudo, ao con­sumo de pro­gra­mação tele­vi­siva vio­lenta. Uma grande parte dessas cri­anças foi ouvida 14 anos depois, quando tin­ham idades com­preen­di­das entre os 20 e os 22 anos, tendo-se ver­i­fi­cado que uma maior exposição a con­teú­dos tele­vi­sivos vio­len­tos foi capaz de sus­ci­tar um aumento sig­ni­fica­tivo do nível de agres­sivi­dade na vida adulta. Mesmo cri­anças, de todos os extrac­tos soci­ais, que não eram agres­si­vas na infân­cia, ao terem sido expostas a um vol­ume sig­ni­fica­tivo de con­teú­dos tele­vi­sivos vio­len­tos, acabaram por apre­sen­tar uma maior tendên­cia para se tornarem agres­si­vas na idade adulta.
Além de pre­dis­por os mais novos a adoptarem com­por­ta­men­tos agres­sivos, as cenas tele­vi­si­vas vio­len­tas ditaram uma perda de sen­si­bil­i­dade per­ante a vio­lên­cia no mundo real e um aumento do medo. O Physi­cian guide to media vio­lence, pub­li­cado pela Amer­i­can Med­ical Asso­ci­a­tion, em 1996, indica que a exposição a um único filme, pro­grama de tele­visão ou reportagem pode resul­tar em depressão emo­cional, pesade­los ou out­ros prob­le­mas rel­a­tivos ao sono em muitas cri­anças, par­tic­u­lar­mente as mais novas. E cri­anças ame­drontadas, acrescenta-se, estão mais sujeitas a se tornarem víti­mas ou agres­sores. Tam­bém o estudo Young people’s per­cep­tion of vio­lence on the screen, real­izado na Uni­ver­si­dade de Utrecht, na Holanda, con­cluiu que a vio­lên­cia nos ecrãs tende a ser perce­bida pelos mais novos como um apel­a­tivo mod­elo para resolver os prob­le­mas da vida real.
O Physi­cian guide to media vio­lence julga que as cri­anças e os jovens que abusam do con­sumo dos media elec­tróni­cos podem ser mais facil­mente lev­a­dos a con­sumir álcool e tabaco, a terem relações sex­u­ais pre­co­ce­mente e a con­sumir exces­si­va­mente uma vez que existe a tendên­cia, bem doc­u­men­tada, de as cri­anças imitarem os padrões com­por­ta­men­tais mostra­dos na tele­visão. Out­ros estu­dos tiraram idên­ti­cas con­clusões. O doc­u­mento Watch­ing sex on tele­vi­sion pre­dicts ado­les­cent ini­ti­a­tion of sex­ual behav­ior, pub­li­cado em 2004 pela Acad­e­mia Amer­i­cana de Pedi­a­tria, con­sid­era que, para a ini­ci­ação sex­ual dos ado­les­centes, tem sido deter­mi­nante a exposição ao sexo tele­vi­sivo a que eles estão sujeitos, dizendo os dados de 1996 rel­a­tivos aos Esta­dos Unidos da América que um ado­les­cente médio se encon­trava exposto a cerca de 14 mil refer­ên­cias a sexo na tele­visão durante o período de um ano.
Ver tele­visão tendo por perto a com­pan­hia de um adulto que ava­lie o que pode ou não ser obser­vado é uma exce­lente regra. É que as cri­anças e os jovens vêem na tele­visão e na Inter­net demasi­adas ima­gens per­ni­ciosas para o seu desen­volvi­mento saudável.»