quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Mundo em cinco versos



 
Vermeer
Enquanto essa mulher do Rijksmuseum
com essa calma e concentração pintadas
continuar a verter, dia após dia,
leite da jarra para a taça
não merecerá o Mundo
o fim do mundo.

Wislawa Szymborska
Tenho estado doente, por isso passo mais tempo no sofá. Há dias, deparei com um documentário na 2 sobre Wislawa Szymborska. Eu conhecia a senhora, pois recebo (sim, recebo) periodicamente poemas dela, criteriosamente escolhidos. Aprecio-os por muitos e variados motivos, mas destaco a simplicidade, a normalidade com que diz as coisas mais profundas. O cerne, não no sentido metafórico, mas no sentido literal. Ver a sua simplicidade como pessoa é tocante (espero que a Raquel nunca venha a ler este texto, ela que embirra "a valer" que eu diga, ou escreva, ou até sinta estas coisas). Que pena tenho de não ter escrito que este documentário ia acontecer...
 
Chamava-se "A vida é suporável. Às vezes..." e a sinopse, intitulada Um retrato invertido de Wislawa Szymborska, rezava assim:

«Wislawa Szymborska foi uma grande figura da poesia mundial, adorada por Woody Allen e Umberto Eco. Vencedora do prémio Nobel da Literatura em 1996, não aprecia entrevistas nem aparições públicas e considera quase uma tortura todas as ações públicas de promoção aos seus próprios livros. Evita os holofotes e só se sente confortável num pequeno círculo de amigos, afirmando que tudo o que há para saber sobre ela, está escrito nos seus poemas. Foi um enorme desafio fazer este filme sobre Wislawa Szymborska e tentar mostrar a beleza da sua poesia, apesar da sua aversão pelas câmaras.
Um documentário que é uma justa homenagem a esta grande poetisa polaca num retrato que nos mostra uma mulher modesta, sábia e com um fantástico sentido de humor.»
Quem sabe ele não fica disponível no excelente portal Ensina, de que a Ana Paula e a Arminda me falaram?
 
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cc