sábado, 13 de novembro de 2010

Efeméride

Na quarta-feira à noite telefonei à minha professora de Francês. Conversámos durante horas, rimo-nos, contamos uma à outra o que nos tinha acontecido desde a última vez que falámos.
Na quinta-feira, depois de uma prelecção acerca dos erros que corrijo mil e uma vezes e que continuo a encontrar nos textos que os meus alunos escrevem - sempre os mesmos erros, valha-me Deus - dei por mim a pensar que devia ser uma péssima professora. Vinha a remoer nisto quando cheguei à sala de professores e me pus a olhar distraidamente para o painel. De súbito, apercebi-me que fazia anos nesse dia que tinha começado a leccionar. Uma efeméride que dava direito a uma aliança.
Ou a uma coroa de espinhos, pensei, entre o amargo e o bem humorado. É que não sei ser outra coisa. Por um lado, sempre quis ser professora. "Tenho para mim" que, uma vez professora, professora toda a vida (como aliás sucede com a minha mãe e as minhas tias, todas aposentadas). Aliás, durante um período em que não "dei" aulas, continuei a coligir materiais, fazer formação, pensar e viver escola. Pode tirar-se a professora da escola, mas não se tira a escola de dentro da professora...
Mas a melhor sugestão foi-me dada nessa tarde: por que não usar uma medalha (de cortiça, material do meu agrado, porque assaz ecológico e "autóctone") por cada ano leccionado?
É isso. Nem aliança, nem coroa de espinhos: um belo (e longo) colar de moedas de cortiça.

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