terça-feira, 31 de maio de 2011

Tiago A., o vândalo

Há dias, à vinda para a Biblioteca, deparei com um aluno, alto e espadaúdo, a escrever no topo norte-poente do bloco B. Nem preciso de vos dizer como se chama, está lá escrito. O bloco B estava tão limpinho... para quê grafitá-lo? O que ganha a escola com o sarrabisco que aquele nosso aluno do secundário entendeu escrever na parede?! É que nem sequer era um "tag" digno desse nome, nem sequer tinha a graça do "Psicopato" que insistia em sujar o portão da Escola Secundária D. Maria II, nem o carácter poético de alguns grafitos que apareceram nas imediações da rua do Raio, em Braga:


«Sinto que podia escrever o mar sob os nossos passos»

ou

«É só com sangue que se escrevem versos»

O Tiago A. não foi mal educado e tentou justificar o injustificável, alegando que o bloco ia ser pintado de novo por causa das obras. O que ele parece não saber é que se trata de um comportamento associado aos animais: marcar o território. Ainda para cima de forma efémera, criando uma inútil poluição visual. Isso há-de passar-lhe, como em "Les bourgeois", de Jacques Brel.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Que conto escolher?

Trouxe "Contos dos subúrbios" para a escola para poder passar um fragmento, mas não sou capaz de escolher um conto, uma citação. Na Sexta-feira tive a certeza de que iria transcrever (apesar da enorme perda que a não inclusão das ilustrações representa) o texto de "Chuva distante". No Domingo, tive de reler "Uma história do avô", igual à minha história de amor, a todas as histórias de amor. Na Segunda-feira condoí-me com o menino de "Correntes submersas" e prometi a mim mesma falar dele no Duas culturas. Na Terça, achei que o que tinha tudo a ver comigo era "Só neste país". Na quarta, pensei que a presença dos animais como seres dignos de humanidade era de realçar (adorei "Velório", enterneci-me com "Como fazer o seu próprio animal de estimação", fiquei suspensa de "A noite do resgate das tartarugas"). Ontem, estava a ver o telejornal e apareceu-me nítida a imagem dos mísseis customizados nos quintais ("Armados mas não alarmados"). Não sei. Leiam vocês e digam-me o que escolheram.

Comportamento suburbano

Provavelmente aprenderam isto nos "Morangos com açúcar", ou talvez tenham ouvido isto noutro sítio qualquer. A verdade é os nossos alunos parecem considerar que pedir desculpa de maneira mais formal - um "Peço desculpa" proferido com um ar falsamente deferente (que me parece a mim verdadeiramente irónico) - os iliba de toda e qualquer culpa, e lhes permite até recomeçar quase indefinidamente. E, se é verdade que acabo de o ouvir aqui na Biblioteca, dirigido a uma colega minha, é também verdade que eu própria já o ouvi. Ficamos interditos (não estamos muito habituados a que os nossos alunos sejam formais), abanamos a cebeça, continuamos. Mas o mal está feito. É o efeito surpresa.

"Contos dos subúrbios"

Juro, mas juro mesmo, que não fiz de propósito. Mas a verdade é que deixei à mão de semear um recorte do Expresso onde se falava muitíssimo bem deste livro escrito e ilustrado pela australiana Shaun Tan. O meu centro de recursos, a quem não escapa nada, ofereceu-mo na sexta-feira e eu passei duas horas deliciosas a lê-lo. Não fiz de propósito - mas valeu a pena. Às vezes esqueço-me de um livro que queria muito comprar, e cuja trajectória talvez nunca mais se cruze com a minha. No caso deste Tales From outer suburbia, seria uma grande perda.
Para além das ilustrações, não apenas maravilhosas, mas também - o que é mais raro - variadas, diferentes de conto para conto, fascinou-me a variedade de perspectivas de leitura que cada história encerra. Com efeito, elas podem ser lidas e interpretadas de forma diferente conforme a idade dos seus leitores. Garanto-vos que encontrei leitura "para adultos" num livro concebido para jovens (e esta talvez seja uma característica que atesta a qualidade da literatura para jovens e alunos...). E que me regalei, oh, se me regalei...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Cusquices da sala de professores


É engraçado: ando há tempos para falar da Lisbeth Salander... vocês sabem, a protagonista da trilogia Millenium, aquela heroína improvável que, no entanto, figura num livrinho acerca dos heróis da literatura para jovens que o meu centro de recursos teve a gentileza de me oferecer?
Já andava eu a congeminar neste meu "post", quando ouço o Zé Tó a "evangelizar" a Maria José Carvalho. Que tinha dado com os livros Millenium por acaso, porque tem uma tia no Algarve e gosta muito de ir a uma livraria Bertrand onde uma das vendedoras lhe recomenda as últimas novidades. E o Zé Tó continuava: que eram fantásticos, mas que os direitos de autor estavam envolvidos em grande polémica... (fico-me por aqui, se não os meus colegas deixam de abrir a boca à minha frente).
Hoje, na sala de professores, fiquei a saber que a família Cruz, toda, os anda a ler. A febre do Milénio alastra pela escola. Porque não vêm, vocês também, requisitar um dos três livros desta saga pós-moderna?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Professores à beira de um ataque de nervos





Na sala de professores só se fala de noites mal dormidas, de dores aqui e acolá, de um cansaço invencível. Por isso, ontem rimo-nos da Maria José, que veio para a escola com um pão muito bem embrulhado num guardanapo, primorosamente cortado... mas sem nada lá dentro. Rimo-nos, mas pensamos: «podia ter sido eu.»

Relatório & contas

Na Terça-feira só escrevi no "Duas culturas". Hoje também. Porque não dão lá um salto?
http://duasculturas.blogspot.com/

domingo, 15 de maio de 2011

Eu estou embeiçada, tu estás embeiçado, nós estamos "Embeiçados"



O som não é o melhor, mas foi a primeira vez, e foi em Vila do Conde, e eu não resisti. Se quiserem outra versão, vão à Net ou comprem o disco, que foi o que eu fiz.

A sugestão do costume

A sugestão para o fim-de-semana - que já vem atrasada - era a leitura do blogue http://letrapequenaonline.blogspot.com/...

Relatório & contas

Na sexta-feira os blogues estavam todos bloqueados. O meu computador avariou. Eu bloqueei e desconfio que também avariei. Dependências...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Desgostos que a Biblioteca nos dá

A Biblioteca acolhe iniciativas, mas nem sempre fica satisfeita com o resultado. A Ana Margarida anda tristíssima, pois tem feito dezenas de sessões, e mesmo assim os alunos fazem (e expõem) trabalhos sem respeitar as normas bibliográficas. De facto, os alunos do nono ano de escolaridade fizeram trabalhos acerca do 25 de Abril, mas "esqueceram-se" de indicar as fontes consultadas, identificar os autores das imagens, etc. Tenham dó da Ana Margarida e vão lá colocar as indicações em falta...

Pancadas de Molière na Biblioteca da ESVV

Na quinta-feira acompanhei os alunos do 7º A à Biblioteca. Fomos assistir ao ensaio aberto de algumas cenas de Leandro, rei da Ilíria, de Alice Vieira. Gostámos muito de ver a Manuela do 7º B e a Catarina do 7º B desempenhando o papel de princesas. Embora não tenha havido as famosas pancadas que dão o título a este texto e que tradicionalmente anunciavam o início de uma representação teatral (os contentores iam "estremecer" todos), a sessão cativou-nos a todos. O bobo conseguiu que a audiência lhe respondesse e que cantasse em coro parte do seu recitativo. Foi muito interessante, e estamos à espera de novo convite. A companhia Verdemcena está a dar que falar!

A escola é nossa

Uma das vantagens de estarmos em obras, é que quando está bom tempo os alunos se sentam nas plataformas relvadas. Gosto muito de os ver por lá. O espaço é para se usar, e fazia-me confusão (a mim que passava tardes inteiras a ler no Jardim Botânico do Porto) que os alunos não fizessem uso dos nossos belos relvados. Agora sim!

Relatório & contas

Na sexta-feira, mandaram-me fazer uma vigilância. Fui.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Da inveja, de uma imensa e profunda inveja

Na interrupção da Páscoa, fui à Escola Básica 2,3 de Viatodos com uma amiga que estava a preparar uma exposição. Como sempre nestas alturas, o clima era de efervescência e andava tudo em bolandas. Aproveitei para deambular por ali e, quando consegui falar com a minha amiga, perguntei-lhe se a escola tinha sido intervencionada. De facto, embora fosse igual a muitas das escolas onde trabalhei, aquela era diferente: limpíssima. As estantes de pinho como as que temos cá na escola não tinham uma escanadela, estavam enceradas, com o conteúdo dos expositores em perfeita ordem. Havia armários recuperados, outros aparentemente desenhados de propósito: o lavatório da cantina, a bancada do quarto de banho feminino... A biblioteca tinha um aspecto óptimo, embora não padronizado. Os jardins, simultaneamente elegantes e displicentes, pareciam exigir uma manutenção mínima (aparentemente inspirados nos jardins "à inglesa").
A sala de professores, misturando mobiliário igual ao nosso com outro (heteróclito mas cuidado), tapetes, quadros de bom gosto, intrigou-me particularmente. Não conseguia perceber se a Parque Escolar tinha andado por ali ou não. Parecia-me que não, mas nunca tinha visto tanto gosto e aprumo num estabelecimento de ensino público.
A minha amiga riu-se de mim. Que não, que a escola não tinha tido obras. Mas tem um professor encarregado pela manutenção que zela cuidadosamente pot todos os espaços. Contou-me até um episódio em que ele estipulou um prazo para os colegas arrumarem os seus pertences. No dia combinado, tudo o que não tinha sido removido ou arrumado foi para o lixo: livros, papéis importantes, recibos, bilhetes de avião, tudo!
Contei tudo isto a um meu amigo arquitecto. Por coincidência, a tia dele trabalhava em Viatodos e ele também lá tinha ido. Contou-me que muitos dos móveis que me tinham encantado tinham sido comprados em lojas de segunda mão e recuperados.
Conclusão e moral da história: a arte está em fazer omoletas com ovos de codorniz.

Assim saibamos nós, que vamos receber uma escola novinha em folha, de um gosto irrepreensível, mantê-la cuidada, com um aspecto limpo (no sentido de "clean"), sem arrebiques nem ademanes.

Os nossos filmes

À terça-feira costumo trazer um filme de casa para a eventualidade de ter de fazer uma substituição sem plano de aula. Graças a um mal-entendido, descobri que o Cruz já tinha passado na semana passada o filme que eu trazia. Enquanto esperava para o "render" às 9h10m, fui à Biblioteca buscar outro. Fico sempre espantada com a quantidade e a qualidade dos filmes que lá temos. Ai... 9h7m. Ala, que se faz tarde!