quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cursos de línguas na Universidade do Minho



Para mais informações, consultar http://www3.ilch.uminho.pt/babelium.




Cidades Paralelas (1/8) - Biblioteca: "The Quiet Volume" - Ant Hampton & Tim...

"Ler para dentro"

Quase no fim de um ano escolar em que se assistiu, na nossa escola, a uma luta entre uma concepção de Biblioteca como um local silencioso, propício ao trabalho, e uma concepção de Biblioteca como um lugar agradável para se fazer tudo (trabalhar, estudar, conversar, namorar, falar e teclar ao telemóvel, brincar com os amigos, jogar cartas...), pareceu-me interessante o início de um texto de José Mário Silva (Expresso, 26/5/2012), onde o crítico dava conta de um espectáculo de "auto-teatro" da dupla Hampton/Etchells.


«Uma biblioteca é, por definição, um espaço de silêncio. Silêncio absoluto, para que as pessoas curvadas sobre os livros possam concentrar-se. Mas se entrarmos na sala de leitura e nos sentarmos numa das mesas (atentos, quietos, com os sentidos alerta), compreendemos que talvez não seja bem assim. À nossa volta, os ruídos multiplicam-se: tosses, passos, espirros, respirações, dedos matraqueando em teclados de computador, zumbidos, objetos que caem, coisas a rasparem noutras coisas, ecos de maquinarias distantes, o troar de um avião que segue a sua rota sobre o telhado, já em descida para o aeroporto."


Leram, nesta enumeração, "gente a falar alto, risos, gargalhadas, brincadeiras"? Não leram, pois não?

Pois bem, também não é preciso zangarmo-nos (agora), porque, além da sala dos alunos e da ampliação do espaço exterior - por agora ainda cheio de tapumes - doravante haverá, nos blocos de aulas, salas amplas que poderão ser utilizadas para vários fins. E assim a Biblioteca poderá ser esse "espaço de silêncio" de que tanto precisamos pra trabalhar, para nos concentrarmos ou, simplesmente, para repousar os sentidos desgastados pelo ruído omnipresente.


 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O próximo livro da comunidade de leitores


O estranho caso do cão morto é um livro mesmo muito estranho. Primeiro, porque se conhece a identidade do assassino do cão mais ou menos a meio do livro – e, no entanto, continuamos a lê-lo, ansiosos por conhecer o desfecho. Depois, porque o narrador tem quinze anos, uma bagagem científica impressionante, mas é incapaz de compreender frases de romances, como:

«Eu estou raiado de ferro, de prata e com riscas de lama vulgar. Não consigo contrair-me num punho firme como aqueles que não dependem de estímulo firme se cerram.» Aliás, eu também não. Nem o pai do narrador. Nem a sua professora.

A comunidade de leitores deste mês vai tentar responder aos muitos desafios que este livro coloca – sabendo de antemão que ir ler o fim, desta vez, não vale a pena.

"O Pato", por João Gilberto e Caetano Veloso




Podem não acreditar, mas eu ando há mais de uma semana a ler, nos intervalos, uma reportagem sobre o João Gilberto da Alexandra Lucas Coelho de uma Pública antiga. Mas é por uma boa causa: vem sempre alguém sentar-se comigo a conversar, e eu largo, com todo o gosto, as leituras para conversar. Além disso, a reportagem é muito boa, por isso leio-a e releio-a.
Gosto muitíssimo da música de João Gilberto, e andava com saudades deste pato delicioso. Espero que gostem.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A palavra "feliz"

Porque o momento
no qual a palavra feliz
é pronunciada,
jamais é o momento feliz.
Porque quem morre de sede
não pronuncia sua sede
Porque na boca da classe operária
não existe a palavra classe operária.
Porque quem desespera
não tem vontade de dizer:
“Sou um desesperado”.
Porque orgasmo e orgasmo
não são conciliáveis.
Porque o moribundo em vez de alegar:
“Estou morrendo”
só deixa perceber um ruído surdo
que não compreendemos.
Porque são os vivos
que chateiam os mortos
com suas notícias catastróficas.
Porque as palavras chegam tarde demais,
ou cedo demais
Porque, portanto, é sempre um outro,
sempre um outro
quem fala por aí,
e porque aquele
do qual se fala
se cala.



Hans Magnus Enzensberger