Ontem, folheando a Antologia Poética do brasileiro Carlos Drummond de Andrade, recentemente adquirida pela Biblioteca, deparei com uma nota final do Autor, que escapa aos discursos do costume. Ora leiam:
"Fui muito criticado e ridicularizado quando jovem. O meu poema «No meio do caminho», composto de dez versos, repete de propósito sete vezes as palavras «tinha» e «pedra», e seis vezes as palavras «meio» e «caminho». Isto foi julgado escandaloso; hoje o poema está traduzido em 17 línguas, e me diverti publicando um livro de 194 páginas contendo as descomposturas mais indignadas contra ele, e também os elogios mais entusiásticos. Achavam-me idiota ou palhaço (...)"
E termina: «Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição.»
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