terça-feira, 20 de outubro de 2009

Campanha eleitoral na ESVV (III)

Volto ao livro A política explicada às crianças... e aos outros para transcrever uma parte que me parece particularmente pertinente nesta temporada eleitoral:



«A política não é mais do que a tua vida e a dos outros. É a forma como as pessoas se organizam para viverem em grupo. Afirmar "Eu cá não faço política" é o mesmo que dizer "Eu cá não respiro."
Ter uma opinião política é uma coisa fundamental. Não se escolhe uma opinião como quem escolhe a cor de uma gravata ou a marca de uns sapatos desportivos. Aliás, não se escolhe uma opinião.
É algo que existe no mais íntimo de nós próprios. É a forma como reagimos perante aquilo que se passa perante os nossos olhos, uma discussão, uma injustiça, uma manifestação de rua. Uma opinião é uma parte de nós mesmos. Se há algo que nos distingue dos animais, é justamente o facto de termos opiniões.
Por isso, deves bater-te decididamente pelas tuas opiniões. Não deixes ninguém sobrepor-se a ti, mesmo que isso te possa trazer alguns aborrecimentos. Não tentes imitar os outros. Pensa bem, sempre que tiveres de te pronunciar. Pesa bem os prós e os contras. Não vás atrás do que diz um amigo teu, só porque ele fala bem, porque é bom camarada ou porque outros fazem o mesmo. Não deixes que te "façam a cabeça", como é costume dizer. Não sejas como um catavento.» (pp. 25-26)
E o autor prossegue, enumerando num tom simples, sereno e didáctico, outros conselhos a seguir:
«Tu tens uma opinião, os outros são livres de ter a sua. Deixa-os falar. Ouve-os. Faz-lhes algumas perguntas. Se pensas que estão errados, tenta convencê-los. Mas se achas que têm razão, reconhece-o. Só os imbecis não mudam nunca de opinião. Se te provarem que estás enganado, seria estúpido teimares no teu erro.
Mas, sobretudo, não adoptes nunca uma opinião sem teres reflectido bastante. (...) Se, depois de teres reflectido, não tiveres opinião sobre um assunto, se, numa discussão, não souberes quem é que tem razão, di-lo também. Não é vergonha nenhuma fazer isso. Não adiras forçosamente à opinião da maioria. Nada prova que, só por serem muitos, estejam certos.» (p. 27)

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