Correndo o risco de este blogue ser uma espécie de satélite do Público, desta feita é o artigo de Sábado de Pacheco Pereira (JPP) que nos chama a atenção. Em primeiro lugar, pelo título longuíssimo : "Transtorno do déficit de atenção cívica com hiperactividade social em rede (TDACHSR)".
Transcrevo um dos passos deste artigo, que me parece muito pertinente numa altura em que receio que os soundbytes da campanha para a Associação de Estudantes não sejam acompanhados por programas devidamente pensados e, depois, por uma atitude participativa por parte dos alunos que vierem a ser eleitos:
«Chegada às escolas, a doença começa de baixo para cima, nos mais novos, e está em plena força nas "novas gerações" e nas ex-"novas-gerações". Ou seja, está a fazer-se cada vez mais forte quando essas gerações hoje infantes chegarem à vida cívica, ou seja, a partir do momento em que começam a escrever umas banalidades arrogantes em qualquer sítio da Rede, quando passarem do SMS no telemóvel para o Facebook e o Twitter. Comunica-se também um pouco para os "mais velhos", mas não é ainda dominante. Estes ainda mantêm um certo arcaísmo social, alguma "atenção", porque ainda conheceram na sua juventude algum silêncio, algum tempo lento, alguma prevalência da leitura sobre a televisão, ou apenas a televisão e os jornais, mas tudo ainda muito devagar e pouco "interactivo". Ainda prezam a sua privacidade, outro dos bens que se estão a tornar escassos por uma geração que acha normal ter localizadores nos telemóveis e começar qualquer conversa por "Onde estás?". E não lhes passaria pela cabeça colocar fotografias em poses obscenas no hi5, ou dizer "onde estão" de meia em meia hora no Twitter.
O que é que caracteriza esta TDACHSR? Uma completa falta de atenção ao que é relevante, cultural, social, económica, politicamente, uma enorme dificuldade de identificar o "ponto" e de ir ao "ponto". Pelo contrário, manifesta-se por uma imersão numa multidão de "pontos", todos igualmente dispersos, todos igualmente irrelevantes. Uma enorme dificuldade em aprender, porque nunca se está no mesmo sítio, nunca se está calado, nunca se pára de mexer, nunca se desliga o telemóvel, nunca se sai de frente de écrãs, televisão e computador, nunca se deixa de falar, de "twitar", de enviar SMS, nunca se deixa de receber "tweets" e SMS, fotografias, sons, vídeos, alguns, poucos, textos.»
Moralina, sim - mas desta vez não é minha...
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