segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional das mulheres

As coisas que eu não sei são incomensuráveis.

Hoje acrescento uma, talvez das mais irritantes: ignorava que o dia Internacional da Mulher se celebra neste dia porque, a 8 de Março de 1857, meia centena de operárias de Nova Iorque - que faziam greve para reivindicar uma jornada de dez horas (até então trabalhavam dezasseis horas diárias, dezasseis), igualdade salarial e direito à licença de maternidade - morreram num incêndio na camisaria onde trabalhavam.

O Dia Internacional da Mulher irrita-me porque faz de nós uma espécie a proteger, como o lince da serra da Malcata ou o azevinho. Mas, atendendo:

1. a estes respeitáveis antecedentes históricos;

2. à circunstância de pelo menos uma das reivindicações (igualdade salarial) ainda não se encontrar regularizada;


3. a razões sentimentais: quando eu e a minha irmã nascemos ainda não havia licença de parto, o que obrigou a nossa mãe a regressar ao trabalho logo após o parto (num dos casos) e a meter uma licença sem vencimento (no outro);

e ainda a que...


4. as mulheres portuguesas (com honrosas excepções) conciliam trabalho no exterior com a quase totalidade do trabalho doméstico;
5. apesar de cada vez mais habilitadas, ocupam muito menos lugares de topo nas empresas, nas instituições universitárias e na política...

... parece-me que devo olhar com benevolência para este dia, que confere visibilidade a questões como estas. E "mainada".

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