As coisas que eu não sei são incomensuráveis.
Hoje acrescento uma, talvez das mais irritantes: ignorava que o dia Internacional da Mulher se celebra neste dia porque, a 8 de Março de 1857, meia centena de operárias de Nova Iorque - que faziam greve para reivindicar uma jornada de dez horas (até então trabalhavam dezasseis horas diárias, dezasseis), igualdade salarial e direito à licença de maternidade - morreram num incêndio na camisaria onde trabalhavam.
O Dia Internacional da Mulher irrita-me porque faz de nós uma espécie a proteger, como o lince da serra da Malcata ou o azevinho. Mas, atendendo:
1. a estes respeitáveis antecedentes históricos;
2. à circunstância de pelo menos uma das reivindicações (igualdade salarial) ainda não se encontrar regularizada;
3. a razões sentimentais: quando eu e a minha irmã nascemos ainda não havia licença de parto, o que obrigou a nossa mãe a regressar ao trabalho logo após o parto (num dos casos) e a meter uma licença sem vencimento (no outro);
e ainda a que...
4. as mulheres portuguesas (com honrosas excepções) conciliam trabalho no exterior com a quase totalidade do trabalho doméstico;
5. apesar de cada vez mais habilitadas, ocupam muito menos lugares de topo nas empresas, nas instituições universitárias e na política...
... parece-me que devo olhar com benevolência para este dia, que confere visibilidade a questões como estas. E "mainada".
Sem comentários:
Enviar um comentário