Descobri na Biblioteca um livro de crónicas do Ricardo Aráujo Pereira, Boca do Inferno, um ano de crónicas na Visão. Enquanto esperava que a Net "viesse", folheei-o e encontrei várias referências literárias.
Ora vejam: na página 11 refere-se à peça de teatro do absurdo Rhinocéros de Eugene Ionesco. Eça de Queirós merece, pelo menos, duas referências, uma na página 26 ("A propósito, uma questão: é possível ser queirosiano e não usar, pelo menos uma vez por dia, a palavra «piolheira»?) e outra na página 35: "(Usei aqui um diminutivo porque periodicamente gosto de lembrar às pessoas que sou o mais parecido que nós hoje temos com o Eça.)"
Fernando Pessoa, ou um dos seus heterónimos, surge na página 69 como o correlato do empregado de café: "Pousa o olhar sobre um prato de tremoços como Alberto Caeiro o pousava sobre os rios e sobre as flores só qu com mais poesia." Flaubert aparece na página 83, na boca de uma porteira linguaruda "«Então diz que a Madame Bovary anda amantizada com um tal Rodolfo? Eu tenho pena é do sr. Carlos, que não merecia.»" No monólogo, que prossegue, faz ainda alusão a Cervantes.
Mas talvez o mais engraçado seja o pastiche (escrita"à maneira de...") António Lobo Antunes, que ocupa toda a crónica "O teu subúrbio era mais bonito que o meu". Depois venham dizer-me que as aulas de Português/a literatura/a escola/o francês/os livros "não servem para nada"...
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