segunda-feira, 1 de março de 2010

1 Km de cada vez



Hoje à noite, Gonçalo Cadilhe apresenta na Comunidade de Leitores da Velha-a-Branca o livro 1 Km de cada vez. Eu ando a lê-lo e já tenho muitas páginas dobradas, ora porque me agrada uma frase, ora porque fico a saber algo que desconhecia, ora porque acho graça a uma descrição, ora, ainda, porque me identifico com uma crítica mais contundente.

Mas, porque estamos no blogue da Biblioteca, deixem que Gonçalo Cadilhe - em cuja terra não haveria uma Biblioteca tão boa como a nossa... - vos conte a que extremos era capaz de ir para aumentar a sua colecção de livros:

«Eu atormentava os meus pais para que me comprassem mais volumes da colecção do Tarzan (...) Os tempos eram outros, a compra de um livro representava um sobressalto no orçamento familiar, e esse devaneio consumista ficava rigorosamente restringido a dois eventos: o Natal e o dia de anos. O Natal era em Dezembro e o aniversário era em Maio. Houve, no entanto, uma única excepção. Em Setembro...
Um pequeno aparte: eu detesto cebola. A minha aversão à cebola é a tomada de posição mais coerente da minha vida - nasceu comigo e há-de acompanhar-me à sepultura. O meu pai sabe. Uma noite num restaurante o menu propunha sopa de cebola. Virei-me para o meu pai: "Se comer esta sopa, compras-me o Tarzan que vimos na livraria?" Ele já tinha clarificado que não comprava antes do Natal. Era Setembro.
Comi a sopa, engolindo directamente os enormes pedaços de cebola para dentro do estômago, sem deixar que tocassem os dentes, a língua, o hálito. Pela primeira vez na vida, sujeitava-me ao martírio do corpo em troca dos prazeres da leitura.»

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