segunda-feira, 8 de março de 2010

As mulheres do "Expresso"

Agora por mulheres: reparei subitamente que quase não vos falo da revista Única, que sai com o Expresso e que compro todas as semanas. Na verdade, cada vez cito mais a nm (Notícias Magazine). A razão pela qual isso acontece é paradoxal: desde que o Expresso decidiu fazer, sobretudo com a Única, coceguinhas nos pés (fantasmaticamente calçados com botas e sapatos de tacão alto) das mulheres, eu comecei a ficar enjoada. Tudo começou com a Carla Hilário Quevedo. Quando ela escrevia sobre literatura (clássica), a coisa ainda ia. Agora o resto...

Parece-me curioso que não tenha ocorrido a ninguém que o que me interessava (e eu sou indubitavelmente uma mulher) era ler o Joaquim Manuel Magalhães, o Manuel Graça Dias, o José Manuel Fernandes, o Alexandre Pomar (para apenas citar as feridas que o Expresso desferiu no meu coração destroçado... acham que esta linguagem tão "feminina" lhes agrada, aos editores do Expresso?)

Agora é na NS que leio críticas de arquitectura, mas já não é a mesma coisa. Arquitectura, artes plásticas, literatura, história, filosofia, tudo me parece parco. Em contrapartida, pago para (não) ler textos sobre popstars japonesas ou-lá-o-que-é, textos pseudo-humorísticos acerca de sexo, ou relações homens/mulheres; inanidades proferidas por celebridades da treta, celebridades da treta misturadas com mulheres de mérito, mas todas vestidas e maquilhadas como se fossem celebridades da treta...

A imagem das mulheres que os redactores do Expresso têm, como se depreende pela leitura da Única, é de criaturas que só se interessam por temas como "sociedade" (a palavra sexo é sempre bem-vinda), "moda", "celebridades/bisbilhotice", "estilo de vida".

Quem me houvera de dizer, há uns anos atrás (sobretudo aquando do primado de Isabel Stilwel), que ainda havia de preferir a nm à Única?!

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