A moda é um tema que interessa a quase toda a gente. Confesso que fico um bocadinho céptica quando alguém que não tenha o aspecto da Susan Doyle diz, com ar de desprezo, não se interessar por moda. Embora considere que a personalidade, o carácter, a vivacidade das pessoas é muitíssimo mais importante do que a maneira como trajam, devo admitir que a forma como nos vestimos revela algo acerca de nós: o que somos, o que queremos ser, o que queremos parecer...
Uma das tendências contemporâneas - mas que remonta à noite dos séculos (desculpem o lugar-comum) - é a de "decorar" o corpo. Pintura, tatuagem, perfurações, deformações (anéis de pescoço de certas sociedades primitivas, pés das chinesas de classe elevada até meados do século XX, espartilhos das damas vitorianas), dietas, operações... Daí que me repugne concordar quando alguém me diz: "Já viste o cabelo dele? Mas aquilo tem algum jeito?!" ou "T-shirts de manga curta por cima de mangas compridas? Que horrooooor..." ou franze o nariz a "piercings" em lugares improváveis.
Penso - ou digo - que, se fosse jovem ou adolescente, provavelmente faria o mesmo.
Penso - ou digo - que, se fosse jovem ou adolescente, provavelmente faria o mesmo.
E a verdade é que, até certo ponto, eu própria fui vítima de idênticos preconceitos. Quando se recomeçaram a usar brincos (durante muitos anos foram considerados "pirosos"), eu não tinha as orelhas furadas. Para grande desgosto da minha mãe, resolvi furá-las. Fui à ourivesaria mais próxima e disse ao que ia. O proprietário respondeu-me, com ar horrorizado e indisfarçável desprezo: "Menina, eu não sou nenhum carniceiro!".
"Não és um carniceiro, mas és um parolo.", pensei para os meus (formalmente) bem educados botões de dezasseis anos. Tive de ir a vários sítios para conseguir que me furassem as orelhas. Passados uns tempos (lenta, mas seguramente, as modas disseminam-se), quem não tinha orelhas furadas rendeu-se à evidência (enfim, algumas, poucas, escaparam). E o ourives, o tal que não era carniceiro, afixou na montra o cartaz "Furam-se orelhas".
Conclusão e moral da história: nunca digam nunca. Evitem julgamentos. Cada pessoa vive no seu tempo e com as suas circunstâncias. A cada idade, sua tendência. E assim sucessivamente...
Uma precaução, apenas: tenham muito cuidado com as condições sanitárias dos locais que escolhem e não se esqueçam que, à luz dos conhecimentos científicos actuais, há coisas que NÃO DEVEM FAZER EM CIRCUNSTÂNCIA ALGUMA.
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