quarta-feira, 6 de maio de 2009

Etiqueta e boas maneiras

Há pouco fui à reprografia e vi um livro que não era, obviamente, um livro escolar, pousado em cima da mesa. Como já lhes disse, curiosidade acerca de livros não constitui, no meu código de honra pessoal, bisbilhotice ou má educação. Eu, que nunca faço perguntas relativamente à vida pessoal de ninguém, não tenho pejo nenhum (ui, tantas negativas) em inquirir sobre livros. Ou filmes, vá lá...
Abreviando: perguntei à Sra. D. Glória, uma daquelas pessoas da nossa escola que merecia receber uma medalha de "mérito leitor", que livro andava a ler. Respondeu-me que se tratava do livro de um professor, e pegou-lhe. Olhei de soslaio e li: Guia Larousse de etiqueta e boas maneiras. Ou algo assim.
Ora eu não posso senão aprovar. Os livros de boas maneiras têm má imprensa, eu sei. Porém, são talvez dos livros que mais se deviam ler. Significa isto que sou uma maníaca da etiqueta? De modo algum. Mas sou a favor de todas as regras que nos permitam viver harmoniosamente em sociedade. Devo alegar, em minha defesa, que prefiro, de longe, uma pessoa bem formada (mesmo que não saiba comer à mesa) a uma pessoa que sabe todos os preceitos da boa educação e é... e é... uma má pessoa, pronto.
No preciso momento em que escrevo, entraram na Biblioteca oito alunos que estarão, pelo aspecto, entre o nono e o décimo ano. Entraram a correr e atiraram-se para cima dos nossos queridos pufes, que são só quatro. Um deles, na pressa de "apanhar" lugar, passou por cima da mesa. Com pés e tudo.
Mas isto é apenas uma pequena amostra do que vemos e ouvimos, todos os dias, na escola e fora dela. Mesmo em contexto de sala de aula, os alunos dizem palavrões, falam com grosseria, espreguiçam-se, deitam papéis para o chão, deixam desarrumados espaços que encontraram limpos, etc., etc. A lista seria longuíssima. Já para não mencionar a forma como se tratam entre si ou se dirigem a pessoas mais velhas (funcionários e professores).
Os professores tentam secundar, na escola, uma batalha que, outrora, se travava quase exclusivamente em casa, pelos pais e pela família alargada que constituía o contexto da maioria dos agregados: avós, tios, primos. Dizia-se então que era preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. E era verdade.
Agora, porém, em função de horários de trabalho mais exigentes, o convívio dos pais com os seus filhos é (muito) menor. As famílias estão, tendencialmente, reduzidas à expressão mais simples, e os parentes próximos só se reúnem em certas ocasiões. As crianças convivem entre si, e sofrem a influência cada vez mais marcante da televisão e da Internet (geralmente não supervisionadas)...
Por isso, aplaudo a iniciativa do meu colega. Devemos recorrer a todos os meios ao nosso alcance, mesmo os menos ortodoxos, para travar esta batalha contra (deixem-me ser hiperbólica) a barbárie.

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