É engraçado: foi precisa uma estranha associação de ideias para que me recordasse de uma série magnífica, chamada, vejam lá: "Anjos da América".
Eu explico o meu tortuoso raciocínio: há tempos li no "Le Monde" - que uma alma caridosa (suspeito que o sr. Jean-Claude Costa) deixa na sala de professores - que os documentários suscitam cada vez mais o interesse do público. Subscrevo esta ideia, e deixo-vos dois nomes de documentários excelentes que vi nos últimos tempos: "Fleurette", do Sérgio Tréfaut (o mesmo de "Lisboetas") e "Mondovino", sobre vinhos. Muitos alunos desta escola viram "A marcha dos pinguins" e "Uma verdade inconveniente" (clássicos sobre o ambiente) e "Supersize me" (acerca dos perigos do pronto-a-comer), até porque estão, todos, disponíveis para requisição na Biblioteca.
Há um ano ou dois tinha lido que o melhor cinema reside (residia, pelos vistos) nas séries televisivas. Uma ideia difícil de tragar, embora, nessa época, estivessem a passar na televisão portuguesa séries fantásticas, como o já referido "Anjos da América" e "Sete palmos de terra".
Não sei se se lembram de "Sete palmos de terra", mas era uma série absolutamente improvável cujos episódios se iniciavam, invariavelmente, com uma morte - dado que as personagens principais eram proprietárias de uma agência funerária. Eu, que sou impressionável, adorava-a. Devo dizer, sem exageros, que passei a encarar certos aspectos da vida e da morte sob outra perspectiva. E não foram raras as vezes em que passei uma semana inteira a remoer, a matutar, a reflectir sobre um episódio da série.
Embora "Sete palmos de terra" fosse irrepreensível de todos os pontos de vista, "Anjos da América" era um produto claramente mais cinéfilo (realizado, aliás, por Mike Nichols). Basta afirmar que no elenco se incluíam Meryl Streep, Emma Thompson e Al Pacino, entre outros. Só que os anjos da América eram anjos muito terrenos, no sentido em que viveram as primeiras repercussões da Sida, as crises de identidade sexual e se debateram com a corrupção política...
Agora, embora goste de "Anatomia de Grey" e me ria incontrolavelmente com "A vida é injusta", não há nenhuma série que me faça hesitar em sair de casa nesse dia. Neste momento, as que sigo são todas descartáveis.
O professor Custódio Braga, de visita aqui à Biblioteca, não escapou à minha curiosidade, e lembrou duas boas séries, das quais também gostei: "Profiler" e "Ficheiros secretos".
A professora Ana Cristina Oliveira referiu as "Donas de casa desesperadas", a professora Maria José Ribeiro "True calling" e a professora Ana Margarida Dias "Irmãos e irmãs". Por falar nisso: a minha irmã gosta muito de "Mal-me-quer-bem-me-quer" e de "Jogo de audazes"; e uns amigos meus gostam muito do "Boston Legal".
A professora Ana Cristina Oliveira referiu as "Donas de casa desesperadas", a professora Maria José Ribeiro "True calling" e a professora Ana Margarida Dias "Irmãos e irmãs". Por falar nisso: a minha irmã gosta muito de "Mal-me-quer-bem-me-quer" e de "Jogo de audazes"; e uns amigos meus gostam muito do "Boston Legal".
E vocês? Que séries recordarão daqui a vinte anos? "Postem" as vossas sugestões.
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