sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Por onde começar?

Quando escrevemos num blogue, os "posts" que aparecem são uma pequena parte - a ponta do icebergue - dos textos que compomos mentalmente. Este ano teremos de dividir as escritas entre o Portazul e o novíssimo Duas Culturas. Por mim, confesso que estou um tanto receosa, e que me sinto mais à-vontade neste registo, em que falo (escrevo) do que me apetece sem constrangimentos científicos. Digamos que é a diferença que existe entre cantar no chuveiro (o que faço com frequência) e cantar perante uma audiência de melómanos, não tendo formação musical.
Um dos primeiros textos (ou talvez o primeiro) que escrevi no Portazul era um pedido para que dissessem bom dia ou boa tarde quando entrassem na Biblioteca.
Parece-me, pois, muito apropriado começar este ano com um excerto de um livro que em muito boa hora me ofereceram: O senhor Ibrahim e as flores do Corão, de Eric-Emmanuel Schmitt. Sendo um livro pequenino (lê-se em uma ou duas horas), aborda temas muito variados: o amor, a falta dele; o afecto, a falta dele; a amizade, a sua abundância; a discrição; o extermínio dos judeus e as suas repercussões nos sobreviventes; abandonos e as suas consequências; o racismo; a família que se tem e a que se adopta; a religião; as viagens; a morte; a dança; os livros; a sedução. É um livro que apetece sublinhar quase de fio a pavio.
Neste excerto, Moisés, ou Momo, descobre que o sorriso não é, como pensava, "(...) coisa de pessoas ricas (...)" (p. 22). O senhor Ibrahim explica-lhe que "É bonito ser-se bem educado. Amável é ainda melhor. Experimenta sorrir e logo verás." (idem) e ainda que "(...) é o facto de sorrir que nos faz felizes." (ibidem).
Momo experimenta com a professora de Matemática, com a funcionária da cantina, com o professor de Educação Física (e com outros mais) e descobre que funciona sempre: "É a embriaguez. Já nada me resiste. O senhor Ibrahim deu-me a arma absoluta. Metralho toda a gente com o meu sorriso. Não me tratam mais como um chato." (p. 24).
Experimentem vocês também. E tenham um bom ano.




2 comentários:

  1. Notas de rodapé:

    "Melómano" - que sente exagerada atracção por música

    "idem" - o mesmo. Neste caso, na mesma página

    "ibidem" - aí mesmo, no mesmo lugar

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  2. São deste autor as "Variações enigmáticas" que a minha amiga Elisa tanto me recomendou e que eu gostaria de ver em Braga. Descentralização cultural, sinergias entre instituições, aluguer de espaços, eu sei lá...?

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