segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Jorge de Sena













«SER UM GRANDE POETA»


Ser um grande poeta
morto e nacional
é atrair as moscas
como idiotas e
os idiotas como
moscas.


Ser um poeta medíocre
vivo e universal
é atrair os catedráticos
de literatura como
idiotas e moscas.


Ser um poeta apenas
nem vivo nem morto
ou nacional ou universal
é atrair apenas os poetas
como moscas idiotas.


Moralidade: não há saída.


E se de repente um grande poeta, morto e nacional, é trasladado dos Estados Unidos para Portugal, isso faz de nós (que transcrevemos - por discrição - este poema e não o bem mais rebarbativo «O desejado túmulo") moscas, idiotas ou moscas idiotas?

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