quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aimer la vie


Curiosa pelo sucesso que a peça Arte, da dramaturga Yasmina Reza, suscitou no público, nomeadamente no português (se bem se lembram, foi interpretada por António Feio, João Pedro Gomes e Miguel Guilherme, tendo percorrido o país e desaguado na televisão), comecei a ler um volume que faz parte do acervo da escola e se intitula Théâtre (incluindo "L'homme du hasard", "Conversations après un enterrement", "La traversée de l'hiver - «Art»").
Nesta fase do campeonato - isto é, da leitura - ainda não saberia dizer-vos acerca do que versa a primeira peça. Mas estou a fazer aquilo que o programa de Português de Secundário preconiza para os alunos. Eu chamar-lhe-ia "dar palpites", mas, no dizer bem mais douto dos autores do programa, estou a empreender uma "leitura exploratória do texto para determinar o seu interesse e captar o sentido global". Muito mais giro, convenhamos.
Assim sendo, "a partir de indícios vários", "antecipei" que se trata de uma peça acerca da incomunicabilidade entre homens e mulheres (não era difícil, já que a epígrafe é "Un compartiment de train. Un homme et une femme. Chacun en soi-même."), das diferenças entre as intenções dos autores e as interpretações dos seus leitores, a amizade, o amor e a morte. "Digo eu, ."
Até ao ponto onde cheguei, as personagens monologam. O homem é bem mais amargo do que a mulher (acontece, pronto, é assim, não levem a mal, a culpa não é minha).
Transcrevo uma parte do discurso interior da personagem feminina:
«Longtemps j'ai été attirée par ceux qui n'aimaient pas le monde et souffraient en permanence.
Il me semblait que les gens désespérés étaient les seuls êtres profonds, les seuls vraiment attirants.
Au fond, si je suis honnête, je les trouvais supérieurs. Je me suis longtemps sentie de moindre intérêt, pour ne pas dire de moindre qualité, tout simplement parce que moi, j'aimais la vie.»

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