Transcrevo a primeira parte de um artigo de Rogério Casanova publicado no suplemento "Actual" do Expresso de 5 de Setembro:
«Tal como os vampiros, os géneros narrativos têm vidas longas e potencialmente estáveis, mas precisam de transfusões e metamorfoses ocasionais para se manterem frescos. O ciclo biológico já foi mais ou menos estabelecido: a fórmula nasce num parto inesperado e é fixada na imaginação popular por uma obra semicanónica ("Drácula", no caso em questão); é depois importada para outros formatos, e associada a uma iconografia específica (Lugosi, etc.); à standardização segue-se a decadência, com a multiplicação de réplicas baratas, a hibridização com outros géneros (Vampiros vs Zombies!) e o eventual esgotamento do filão; pode depois ocorrer uma modesta regeneração, através de paródias e caricaturas (Polanski: "por favor não me mordam o pescoço"); um segundo fôlego popular, com a modernização do arquétipo para uma nova geração (Ann Rice); e, por fim, a desconstrução pós-moderna, a fórmula reflectindo ironicamente sobre si própria ("Buffy").»
iconografia - repertório de imagens próprio de uma obra ou de um género de arte, de um artista, de um período artístico
cânone - por extensão, modelo, padrão
canónica - por extensão, de acordo com as regras
vs - abreviatura de versus, contra
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