segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Música contra o esquecimento I

Esta semana - nem de propósito - Anne Sofie Van Otter, uma cantora de ópera que é muito mais do que isso (ouça-se o maravilhoso For the stars, onde canta com e para Elvis Costello) vem a Portugal interpretar canções compostas no campo de concentração de Theresienstad.


Os campos de extermínio nazis fazem parte dos locais mais horríveis (um horror indizível e insuportável) que os homens conceberam. Lugares a não esquecer, para que jamais algo assim se volte a produzir.


Mas Theresienstad, ou Terezín, tem uma história particularmente arrepiante, visto que muitos intelectuais judeus foram enviados para lá, sendo autorizados e até incentivados a exercer os seus talentos. Só que os nazis o fizeram com a mais negra das intenções: o campo servia como cobertura para as inspecções realizadas por entidades internacionais, como a Cruz Vermelha.


Quando uma delegação se dirigia a Terezín, via judeus razoavelmente nutridos e vestidos, podendo exercer as suas actividades. Assistia a concertos e, em particular, à ópera infantil "Brundibar" (libreto de Adolf Hoffmeister sobre a música de Hans Krása).
Conseguem imaginar aquelas crianças antecipadamente condenadas à morte cantando para os seus visitantes estrangeiros?
As fotografias, que tiveram como efeito aplacar a consciência de muitos, têm por trás uma gigantesca operação de propaganda levada a cabo pelas autoridades nazis. Vê-las, sabendo que a esmagadora maioria das crianças (e dos adultos) foram exterminadas antes da libertação, é entrever o mal.

1 comentário:

  1. Vejam o videocast do programa "Câmara Clara", que passou na RTP2 no dia 27/9.

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