quarta-feira, 11 de março de 2009

Planeta banda desenhada


E agora (como diziam os Monty Python) para algo completamente diferente: no Sábado fui, pela primeira vez, a uma livraria especializada em banda desenhada em Portugal. Chama-se "Mundo fantasma" e é fascinante, não apenas por SER uma livraria de banda desenhada, mas também porque tem funcionários (?), proprietários (?) verdadeiros entusiastas.

Esse é um dos grandes problemas portugueses (se calhar estou a exagerar um bocadinho, mas já descobriram que eu às vezes sou um bocado hiperbólica): a falta de entusiasmo no que se faz. Nós aqui gostamos do que fazemos (de sermos professores, de sermos funcionários - embora tenhamos "dias não"; de trabalharmos na Biblioteca; de lidarmos com pessoas); e isso nota-se.

Infelizmente, todos passamos por situações em que a falta de entusiasmo é patente e notória. Há vendedores que vendem livros como quem vende iogurtes. Que são incapazes de aconselhar um livro para determinado perfil de cliente. Outros que dizem com ar entediado: "Se não estiver no expositor, é porque não temos". Há ainda os "snobs": o cliente é um parolo. AQUELA peça é chique e, se ele não a compra, não é porque não lhe fica bem, ou porque não lhe convém, ou, simplemente, porque não lhe apetece - e está no seu direito. Não: não a compra porque é parolo, e o/a vendedor(a) fá-lo sentir arvorando um ar de superioridade. Enfim, não me alongarei: já todos passaram por situações destas, e sabem bem ao que me refiro. Um conselho: nunca se deixem intimidar. Vocês é que sabem.

Mas volto ao meu "Mundo fantasma": o Porto é pródigo em bons vendedores. Houve uma senhora célebre, que irradiava simpatia (e ganhava prémios) na loja da Sacavém. Estes rapazes estão, por diversos motivos, a anos-luz de distância dessa senhora. Provavelmente, arrepiar-se-iam todos se soubessem que alguém ousou a comparação. Porém, a atitude é a mesma: gostam do que fazem e contagiam-nos com o seu entusiamo. Reparem que a situação não era lá muito canónica: entram duas "cotas" numa loja completamente alternativa e põem-se a mexer nas prateleiras como se nada fosse. Assim na linha do elefante numa loja de porcelanas. Mais coisa menos coisa.

Quando chegámos à caixa com as nossas compras e fizemos algumas perguntas, tivemos direito, não apenas às respostas, mas também a outras interessantes explicações. Em suma, ficámos clientes (embora, infelizmente para nós, haja pouca BD francófona e demasiada manga para o nosso gosto. Mas os gostos educam-se). E pronto: da próxima vez falar-vos-emos de alguma banda desenhada que temos cá na Biblioteca. Que o planeta BD é f-a-s-c-i-n-a-n-t-e!

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