sexta-feira, 6 de março de 2009

Hino contra a discriminação


O título anterior é, claramente, um plágio de "Desafinado", de João Gilberto. A mim, que adoro cantar mas que, "a bem da nação", não o faço em público - e vivo numa casa bem insonorizada - a letra desta canção toca particularmente:
Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa-nova, isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados
Também bate um coração
Agora imaginem que, onde João Gilberto escreveu desafinados estava escrito altos, sogras, feios, desajeitados, louras, gordos, pálidos, baixos, tímidos, magros, velhos, desempregados...

1 comentário:

  1. Estive a ouvir esta música que conheço tão bem, e ela não cessa de me surpreender. Não conhecia este dueto com o Caetano Veloso (que eu também venero). Que "bonitxinho" que ele está, sentadinho, obedecendo ao mestre. Sempre o tom certo e justo (estou a exceptuar a exasperação de "Cê").
    Obrigada, Ana Margarida. Vou agora mesmo aproveitar e ouvir "O pato", que aparece na faixa lateral do Youtube.
    'Té mais, viu?

    IPC

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