segunda-feira, 23 de março de 2009

Não podemos ignorar


No Verão passado a professora Isabel Leite emprestou-me um livro da Agota Kristof, intitulado O caderno grande. Um livro duro de se ler, mas de que gostei muito. Li depois os restantes livros da trilogia: A prova e A terceira mentira (passíveis de serem requisitados aqui na Biblioteca). A temática das convulsões que a II Guerra Mundial provocou na Europa (e não só) - e, acima de tudo, na vida dos indivíduos - é fascinante.

O primeiro livro que quase todos lemos foi O Diário de Anne Frank (se porventura o não leram, ele existe na Biblioteca) Na Comunidade de leitores da Velha-a-Branca tive conhecimento - e li, com muito proveito - de O Diário de Etty Hillesum e O Diário de Hélène Berr. As duas primeiras viveram na Holanda e a terceira na França ocupada pelos nazis. Todas morreram em campos de concentração. Os seus testemunhos em primeira mão são documentos impressionantes, arrepiantes, mas também imprescindíveis.

Há várias obras de arte, para além do Caderno vermelho, que aludem a esta temática. Aqui na Biblioteca temos um dos meus preferidos, a novela gráfica Maus, de Art Spiegelman. Acreditem, é uma das coisas mais marcantes que já li. Também podem levar o clássico Se Isto é um Homem, de Primo Lévi e Rue des boutiques obscures, de Patrick Modiano.

Se preferirem filmes (embora eu cá seja pelas misturas...), podem ver O grande ditador, de Charles Chaplin, A lista de Schindler, de Steven Spielberg, A vida é bela, de Roberto Benigni ou O Pianista de Roman Polanski. Temos também o documentário vídeo "Aristides de Sousa Mendes: o cônsul injustiçado". Requisitem-nos aqui, mas munam-se de lenços de papel, que nós não vendemos nada a ninguém...

Toda esta conversa vem a propósito de dois filmes que devem estar quase a chegar a Braga: O leitor (livro de Bernhard Schlink, filme de Stephen Daldry, o mesmo dos excelentes Billy Elliot e As Horas) e O rapaz do pijamas às riscas (livro de John Boyne, filme de Mark Herman). Não temos o primeiro livro, embora o consideremos bastante recomendável (eu tenho uma, mas apenas uma - e pequena - reserva). Mas temos o segundo. Querem ver como começa?
«Certa tarde, quando Bruno chegou a casa depois da escola, ficou surpreendido ao ver Maria, a criada da família - que andava sempre de cabeça baixa e nunca levantava os olhos do chão - no seu quarto, a esvaziar-lhe o roupeiro e a arrumar tudo em quatro grandes caixotes de madeira, até mesmo aquelas coisas que ele tinha escondido no fundo do roupeiro e que eram dele e só dele e não diziam respeito a mais ninguém."


2 comentários:

  1. Há pouco vi na livraria Centésima Página que o livro "Address Unknow", de Kressmann Taylor, tinha sido traduzido. Também é uma boa sugestão...

    IPC

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  2. A professora Ana Margarida Dias comprou este livro, agora traduzido com o título "Desconhecido nesta morada". É muito interessante e engenhoso. Lê-se de um fôlego só...

    IPC

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