terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Agarrem-me, se não eu mato-os! (I)

Hoje de manhã carreguei na tecla errada e perdi a sintonização prévia do rádio do meu carro. Resultado: só ouvi Antena 1. Nenhum mal viria daí ao mundo se, há bocado, não tivesse dado comigo a ouvir "Os dias do avesso". A essa hora, invariavelmente, estou a trabalhar, mas hoje resolvi dar banho ao carro (com a ESVV em obras, os carros parecem aquela personagem do Charles Schultz - acho que é o Linus - que arrasta consigo uma nuvem de poeira), por isso lá estava eu, no meio do trânsito a uma hora improvável, a ouvir um programa improvável, iniciado com o mais do que provável diálogo:
«- Olá, Isabel.
- Olá, Eduardo.»
Nada tenho contra as Isabéis e os Eduardos. Nada, nada mesmo. Faz-me apenas alguma confusão a ligeireza com que, das poucas vezes que ouvi o programa, tratam os assuntos. Também me interrogo acerca dos dotes radiofónicos dos dois protagonistas: a voz inefável de Eduardo Sá, as dificuldades articulatórias e o sotaque estranho de Isabel Stilwell. Penso sempre que, se fossem professores, eram dos tais que duravam dois segundos, como muitos colegas de faculdade que tive: ao fim de uma manhã de aulas, desertavam para a empresa do pai, a firma do tio, a secretaria de Estado tutelada pelo cunhado, etc., etc. A sério: caladinhos, a coisa ainda ia. Mal começassem a falar, a galhofa ia ser total.
Acham que estou a ser desagradável? Talvez. Mas tenho razão. Acham que é um ataque "ad hominem" (e "ad mulierem"?). Talvez seja. Mas perante o ataque generalista a uma classe e a uma prática, sem que se interroguem se têm ou não razão, parece-me até que estou a ser muito branda.

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