Fui fazer uma substituição a uma turma do décimo primeiro ano e, depois de ficarem a saber (oh, supremo mistério) quem era o reverendo Bonifácio, escolhemos um filme. Depois de algumas hesitações: "Italiano para principiantes", dizia eu, pensando se teria coragem para ver com alunos "A vida secreta das palavras" (os filmes de Isabel Coixet fazem-me chorar "baba e ranho"). Os Monty Python, aventou um aluno que tinha estado atento à conferência sobre ciências cognitivas. Algúém perguntava se "o clube dos poetas mortos" era um thriller (não é). "América proibida", dizia outro (esse não, que eu deitei-me tarde e hoje quero dormir descansadinha). Vários tinham visto recentemente "Quem quer ser bilionário?"
Mostrei "My blueberry nights" e um aluno leu, com ar de troça, o texto promocional: "Bonito, romântico e prometedor". Até dá enjoos matinais. Imerecidos, mas mais xaroposo do que isto é difícil.
O que pensam as pessoas que escrevem estas coisas? Que somos atrasados mentais?! Não pensarão que sínteses destas podem aproximar pessoas que não vão apreciar o filme e afastarão espectadores que têm probabilidades de gostar deles?!
concordo plenamente!
ResponderEliminarÉ isso e qualquer filme em que entre a actriz francesa Audrey Tautou, é logo categorizado como um novo Amelie...
O pior de tudo foi quando na televisão alema vi a seguinte apresentação:
" Uma criança foi molestada e ninguém sabe quem foi. Só a menina poderá acusar o criminoso. Não perca o thriller "Porquê, pai?" "
Foi mais ou menos por essa altura que decidi deitar fora o televisor...
Caro(a) anónimo(a):
ResponderEliminarAinda bem que fez esse comentário. A apetência dos media por esse tipo de coisa não conhece limites. Além disso, devo dizer que:
1) O meu autor de novelas gráficas favorito, Nicolas de Crécy, acha "O fabuloso destino de Amélie" o supremo cliché sobre a França;
2) Temos aqui na Biblioteca da ESVV um óptimo filme de terror (que me deixou sem dormir durante várias noites)protagonizado por Audrey Tautou: "Estranhos de passagem". Também já falei aqui do realizador deste filme (Stephen Frears) a propósito do nosso livro "Alta fidelidade" de Nick Hornby.
(Portazul)