segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Menos é mais


Na Quinta-feira passada, no âmbito do Projecto Curricular de turma dos décimo primeiro D e G, veio à escola o engenheiro Miguel Pinto, primeiro voluntário europeu de nacionalidade portuguesa.

A palestra, deixem-me que vo-lo diga sem mais delongas, foi um sucesso - e uma lição. Prometi (ameacei?) ao Miguel Pinto que iria "cortar a conferência às postas", tal a multiplicidade de ideias que nos trouxe e tal a quantidade de comentários que suscita.

O primeiro, o mais valioso, veio de uns alunos que estavam sentados atrás da nossa colega Lúcia e que terão comentado que aquela tinha sido a palestra mais interessante a que tinham assistido. Hoje, os alunos de Francês do 11ºD e 11º G corroboraram esta opinião. Curiosamente, se todos tinham achado tudo interessante, cada um valorizou um aspecto diferente, servindo-lhes, inclusivé, para comentar este ou aquele assunto, como sucedeu à Cláudia, quando se referiu à inutilidade da vingança (sinceramente, não sei a que se referia. Mas de certeza que tinha razão...)

Quanto a mim, começarei por aquilo que, em tempos de avaliação de desempenho, mais me tocou: com um mapa, quatro tiras de fita-cola, um quadro, um marcador e meia-dúzia de "post-its", Miguel Pinto "agarrou-nos" a todos durante noventa minutos.

Blogue amigo

BENDITOS OS DESCONHECIDOS

“Heil den unbekannten”
Goethe, Das Göttliche

Benditos os desconhecidos,
os que não têm página
na internet, perfil
que os retrate no facebook,
nem um artigo que fale
deles na wikipedia.
Os que não têm blogue.
Nem sequer correio
electrónico, tudo
lhes chega, se lhes chega,
com um ritmo mais lento.
Têm poucos amigos.
Não expõem os seus instantes.
Não desgastam as coisas
nem a linguagem. Network
para eles é a rede
que detém a prata dos peixes.
Benditos os que vivem
como quando nasceram
e passam a manhã escutando o olmo
que cresceu junto ao rio
sem que alguém
o plantasse.
Benditos os desconhecidos
os que têm
todavia
intimidade.


(Juan Antonio González Iglesias)



Copiei, sem qualquer espécie de pudor, esta oração de Domingo do blogue "Página 23" (http://projectopne.blogspot.com/), que é a manifestação "internáutica" do boletim Público na Escola.

sábado, 29 de janeiro de 2011

"Um ano mais" de Mike Leigh



Ontem fui ver um filme excelente, excelentíssimo, do Mike Leigh. Um filme que talvez não tenha história mas que retrata as histórias de muitos de nós. Um filme que (me) traça um improvável ideal de vida: "Um ano mais".
Quero ter um ano mais, possivelmente vários anos mais, talvez muitos anos mais, para viver uma vida rotineira, em que à Primavera sucede o Verão e em que o Outono precede o Inverno. Quero beber uma caneca de chá, colher as ervas que cultivo na varanda de casa, trabalhar, não ser bonita nem feia, adormecer à noite a ler um livro, cozinhar, contar o que me aconteceu nesse dia no trabalho, vestir roupa confortável, ouvir música, meter as coisas no carro, tirar as coisas do carro, ter família, ter amigos, comunicar sem falar, ser a Gerri do Tom. Também quero ir ao cinema, mesmo quando o Tom não vai. Acho que o que estou a dizer é que quero envelhecer assim.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Relatório & contas


Pois eu esta semana não tenho escrito. Escrever é apenas uma das coisas que faço na Biblioteca. Durante a semana tinha cento e trinta minutos para estar na Biblioteca - onde faço outras coisas para além de escrever nos dois blogues, este e o "Duas culturas": sou mediadora de leitura, classifico materiais, participo em projectos, dou uns palpites noutros. Mas há uns tempos fui, para minha grande contrariedade, nomeada buf... delato... relatora. Por isso, para além da serenidade, perdi quarenta e cinco minutos que de nada me servem, pois - como era evidente - as horas não chegam, as horas não coincidem, etc. etc.
Assim, disponho de dois tempos de quarenta e cinco minutos (com deslocações) por semana para trabalhar na Biblioteca. Como noventa minutos na Biblioteca é um exagero e não serve para nada, esta semana fiz uma (de duas) vigilâncias nessa hora. E tenho de fazer o trabalho relacionado com a avaliação de desempenho em casa, tenho de reunir em horas em que eu e os outros não estamos a trabalhar, enfim, um desconcerto.

O meu problema - o meu único problema - é que, durante muitos anos, fui professora de outra maneira. De uma maneira em que as horas não eram contabilizadas: fazia-se o serviço que havia para fazer. Aderíamos a, planeávamos e realizávamos actividades que não contabilizávamos: fazíamo-las e a satisfação era a única evidência.

O nosso problema é que, de repente, fomos confrontados com cada vez mais trabalho e um papel onde se contavam as horas de trabalho em casa: nove. Nove?! As nove horas caíram-me em cima como (essa sim) uma evidência. Mas nós trabalhamos o dobro, o triplo e às vezes o quádruplo disso...

Tão angustiada como eu, pressionada pelo marido que mal a vê, a Elisa deu-me um horário para anotar as horas que "fazia" em casa. Imprimi várias folhas que não usei: à primeira já estava deprimida. Sem fazer testes, só com preparações de aulas, correcções de (pequenos) trabalhos dos alunos e escrita nos quatro blogues escolares, tinha consumido dezasseis horas em casa. E ainda não tinha sido nomeada relatora... O nosso problema (falo de mim e de várias pessoas de quem, mais do que colega, sou amiga) é que ainda não nos "reformatamos".

O nosso problema é que ainda não sabemos ser professores assim. Mas temos, temos mesmo de aprender.

"Uma família moderna" (Ferzan Ozpete)


Fui ao Bragashopping ver o filme de culto desta semana (hoje é o último dia de exibição). Saí de lá a chorar e a rir ao mesmo tempo. É um filme muito bem feito, embora não brilhante. Em certos momentos faz lembrar Fellini (alguns rostos, o pai imaginando que todos se riem dele na rua, a discussão na loja), noutros o François Ozon de "Oito mulheres" (as canções em casa e na praia, a tia alcoólica) e, num momento em particular, o Marco Ferreri de "La grande bouffe". Do ponto de vista diegético, é irrepreensível a forma como se conta a história, com uma analepse que se confunde, no fim, com o presente da narrativa. Analepse? Diegético?
Acham que estou a ser muito técnica? Pois enganam-se. Para os alunos da nossa escola (os ouvem, os que lêem, os que estão lá, e não apenas de corpo presente) são termos familiares. Emainada.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Geometria Descritiva 11º ano

O meu colega Zé Luís veio cá hoje entregar um livro de Geometria Descritiva do 11º ano (que inclui CD com as resoluções de todos os exercícios). Uma atitude a vários títulos pedagógica, visto que disponibiliza o manual a todos os alunos que o queiram consultar, ou que queiram realizar trabalho individualizado e auto-correctivo. Mas também porque demonstra uma visão integrada da Biblioteca como macro-centro de recursos de todos os Departamentos e grupos disciplinares.

Contrariar o miserabilismo

Contrariando a tendência para piorar a que Clara Ferreira Alves aludia no texto anterior, desta vez o Expresso melhorou, voltando a publicar as crónicas de Gonçalo Cadilhe na revista Única. Ufff! Já não podia com a mísera (por que razão me lembrei hoje deste adjectivo?! Ah, é porque se aproxima a data em que saberei quanto vou passar a ganhar, por tempo indeterminado, trabalhando o mesmo de sempre. Mísera. Sim, deve ser por isso. Mas mísera não significa "muito pobre, miserável, paupérrimo"? Desculpem, hoje estou muito confusa. Apesar de o meu ordenado baixar, ainda não sei quanto, não me posso considerar pobre e muito menos paupérrima.) página de gastronomia "do mundo" que eles por lá têm publicado.
E, já agora, gostaria de lembrar que, além de uma boa prateleira de guias de viagem, na biblioteca dispomos também de três livros de Gonçalo Cadilhe, 1 Km de cada vez (de que já aqui vos falei) e África acima. A ler, numa biblioteca perto de si.
Um bom fim-de-semana da vossa professoreca do costume

Cueiros= fraldas


Às vezes, parece que tudo piora. Nos jornais, isso é frequentemente verdade. Ainda esta semana, no Expresso, desabafava, a propósito da campanha eleitoral, Clara Ferreira Alves (que deve saber do que fala):

«Nunca foi tão visível o empobrecimento intelectual do jornalismo e da política. O jornalismo tem de fazer as perguntas que ninguém faz e obter as respostas a que o público tem direito. Chegaram à profissão carregamentos de jovens sem preparação, mão de obra barata que exerce a profissão com a leviandade e a ignorância dos maus alunos. Existem colunistas e comentadores de cueiros, ligados a partidos e presumindo de independentes, existem estagiários a cobrir acontecimentos históricos, existem editores que não editam, existem prioridades invertidas. Existem trepadores sociais e velhos do Restelo. Quando Portugal é falado em todo o mundo por causa da incapacidade de resolver o problema do financiamento externo, analisando friamente o problema (o que em Portugal nunca se faz, apesar de tanto comentador) os jornais e televisões dedicam espaço e atenção ao "modelo" Renato Seabra e ao assassínio de Carlos Castro, subitamente promovido a "jornalista". Destacando repórteres e meios que nunca destacam para cobrir acontecimentos internacionais que nos dizem respeito, o jornalismo tabloide chafurdou neste caso e agarrou-se a ele como tábua de salvação. Dá audiências, as audiências que este jornalismo criou e alimenta. a nossa pouca exigência é o resultado desta indigência. E a nossa complacência para com a má governação é o resultado desta falta de atenção e inversão das prioridades. O país tornou-se como a televisão que tem: um jornaleco de escândalos.»

Portugal e a Antena 2


Queixei-me, em tempos, de que a simpática jornalista que apresenta o noticiário das oito da Antena 2 media o tempo atmosférico em Portugal por aquilo que se verificava em Lisboa. Felizmente, há muito tempo que temos uma informação mais fidedigna.

Na quarta-feira passada, ao fim da tarde, a propósito de um evento que ia ocorrer no Instituto Franco-Português (que, pelos vistos, mudou de nome), comentava o locutor que nestes concertos se viam os portugueses de sempre. Algo assim (para pior) e garanto-vos que não exagero (não posso é "sacar" do bloco de notas enquanto conduzo).

Ora eu, por exemplo, sou portuguesa. O meu bilhete de identidade não deixa margem para dúvidas. No entanto, não faço parte do público português a que o jornalista da Antena 2 alude porque, geralmente, estou a 350 Km do Instituto Franco-Português. A 700 Km, em suma, de tudo o que se passa em Lisboa.

Aí está um dos motivos (um de entre muitos) por que lamento o fim de "Um certo olhar", que era uma tertúlia deslocalizada, isto é, acessível a qualquer ouvinte português. E não apenas àqueles que estão .

O exemplo vem de cima

Presidenciais? Julgavam que eu estava a falar de presidenciais ?! Nããão.
Estava a falar de escolas de condução.
Mais concretamente, da Escola de Condução Ribeiro. Pois não é que os senhores instrutores (receberão eles cartas endereçadas ao "Sr. Instr."?) estacionam o carro em cima do passeio em frente à Jolima, na Avenida da Liberdade, em Braga? Isto, já para não falar das vezes em que sou ultrapassada a 200 à hora por carros de instrução em locais onde o limite de velocidade é de 90 Km...
Os instrutores, "uma espécie" de professores (estou só a citar os Gato Fedorento), devem dar o exemplo. Os outros (professores) também.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O meu contributo para a avaliação de desempenho dos docentes da ESVV

Acho muita graça ao Bobby McFerrin - embora não aprecie especialmente este vídeo em particular. Mas foi o que encontrei no Youtube. Enfim.
Na sala de professores alguém escreveu «As coisas boas da vida são grátis.» Por isso, esqueçam a avaliação de desempenho. E sejam felizes.

Bill Gates e os livros

Faço menos recortes de jornais do que devia, mas ontem, nas minhas arrumações, encontrei um recorte de um suplemento do Público onde Bill Gates, o fundador da Microsoft, afirmava: "É claro que os meus filhos terão computadores, mas antes terão livros."
Nós aqui na biblioteca temos feito um grande esforço para adquirir livros (e filmes) que agradem aos nossos alunos (e encarregados de educação. E funcionários. E professores. E população em geral... já me doem os dedos de ser tão inclusiva. E politicamente correcta). Mas, aqui para nós que ninguém nos ouve, o ambiente calmo, a temperatura agradável, os computadores, a ligação à Internet também constituem um atractivo. Ultimamente dou comigo a sonhar com a sonoplastia da Biblioteca, por isso vos deixo um excerto do tipo de música que, a meu ver, se coaduna com a Biblioteca.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Professores e instituições bancárias (II)

Esta semana tive de falar com uma funcionária bancária, a quem tratei, por saber que era licenciada, por "Sra. Dra. YYYYY". Dirigiu-se-me por "Professora". A correspondência que me enviou (o mesmo sucedendo com outras instuições bancárias") é endereçada à "Profª XXXXXX". Algo me diz que não gostaria muito que lhe enviassem cartas endereçadas à "Func.ª banc.ª YYYYY". Talvez me engane. Enganar-me-ei...? Certo é que não me disse para não a tratar assim, como eu faço sempre que posso.
Gostaria o dentista que me trata por "Professora" que eu o tratasse por "Sr. Dentista"? (parece um título de música do Sérgio Godinho). Hoje tenho uma consulta e já tenho com que me entreter...
Na escola, prefiro que me tratem por aquilo que sou: professora. Mas gostaria ainda mais que não houvesse distinção entre professores e funcionários. Vocês não se lembram, com certeza, da reforma (no sentido da simplificação) do Código de procedimento administrativo. Pois eu proponho algo assim para as formas de tratamento: a abolição pura e simples dos títulos académicos, em favor do tratamento, muito mais igualitário, de "senhor/senhora". Pessoalmente, prefiro "senhora dona" - mas admito que é uma antiqualha.

Professores e instituições bancárias (I)

Julgo que já disse aqui que, geralmente, gosto de ser professora. Por isso, sinto-me algo desconfortável por escrever este texto. Além disso, quando andava no décimo ano, eu própria levei uma descompostura de um professor, a quem tratei por professor, por lhe ter chamado professor. Confusos? O que o Dr. Carmo Reis me disse na altura foi que esse tratamento era reservado aos professores universitários. E é.
Nas escolas de 2º e 3º ciclo e secundárias tratam-se os professores por "Sr. Dr." ou "Sra. Dra." (na prática, "setor" e "setora"). Na verdade, embora muitos professores detenham esse título académico, vários são senhores engenheiros e alguns são senhores arquitectos.
Confesso que preferia que Portugal adoptasse, sem excepções, a designação senhor(a), como em França (onde há algumas excepções, mas que se verificam maioritariamente no exercício da profissão). Monsieur Dupont, Madame Dupond, Mademoiselle Dupont. Ou em Inglaterra: Mister Black, Mrs. Brown, Miss White. Agora, para evitar distinções e eventuais discriminações, usa-se "Ms." em vez da distinção (Mrs./Miss). Parece-me muito mais simples e democrático.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"My blueberry nights"

Fui fazer uma substituição a uma turma do décimo primeiro ano e, depois de ficarem a saber (oh, supremo mistério) quem era o reverendo Bonifácio, escolhemos um filme. Depois de algumas hesitações: "Italiano para principiantes", dizia eu, pensando se teria coragem para ver com alunos "A vida secreta das palavras" (os filmes de Isabel Coixet fazem-me chorar "baba e ranho"). Os Monty Python, aventou um aluno que tinha estado atento à conferência sobre ciências cognitivas. Algúém perguntava se "o clube dos poetas mortos" era um thriller (não é). "América proibida", dizia outro (esse não, que eu deitei-me tarde e hoje quero dormir descansadinha). Vários tinham visto recentemente "Quem quer ser bilionário?"
Mostrei "My blueberry nights" e um aluno leu, com ar de troça, o texto promocional: "Bonito, romântico e prometedor". Até dá enjoos matinais. Imerecidos, mas mais xaroposo do que isto é difícil.
O que pensam as pessoas que escrevem estas coisas? Que somos atrasados mentais?! Não pensarão que sínteses destas podem aproximar pessoas que não vão apreciar o filme e afastarão espectadores que têm probabilidades de gostar deles?!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"Panem et circenses"

Mas voltando ao texto de António Guerreiro:
Por que motivo interessa que professores e jornalistas ganhem cada vez menos e tenham cada vez menos tempo para ler, informar-se, actualizar-se?
Pessoalmente, gosto de pensar nos professores que leccionam no ensino não superior como intelectuais de segunda linha, no sentido em que adquiriram competências e saberes que põem ao serviço dos seus alunos. Não apenas no sentido de transmissão, mas também no sentido do estímulo do desenvolvimento dessas competências nos seus discentes (ai que estou quase, quase a cair no "eduquês". Ai, ai, ai), e, sobretudo, no sentido e ajudá-los a desenvolver ESPÍRITO CRÍTICO.
Algo semelhante se passa com os jornalistas, que se movem em mais altas esferas, têm acesso a outras fontes e que, por conseguinte, se encontram numa linha mais avançada. Têm mais visibilidade e atingem muito mais gente. A curto prazo, são mais perigosos para os poderes instalados.
Não admira, pois, que quem pode tente diminuir o poder simbólico e real destas duas classes profissionais. É muito mais fácil manejar, manipular, manobrar e dissimular numa sociedade embotada por um regime exclusivo de futebol e televisão.

Ó filho, vai para picheleiro

No tempo dos meus pais, no meu próprio tempo, "ser doutor" é que era. De facto, havia uma correspondência entre habilitações e salário. Ainda há, mas com tendência a diminuir.
Aliás, neste momento, os filhos dos meus amigos que concluíram cursos e se encontram a trabalhar ganham menos à hora dos que as mulheres-a-dias dos pais. É a geração quinhentos euros, com a agravante de que, em muitos casos, esses jovens dão muuuuito dinheiro a ganhar aos empresários para quem trabalham. Apetece dizer: «Organizem-se!»
Mas o pior aconteceu ontem à filha de uns amigos meus, que entalou o cabo de uma esfregona num cano e chamou o canalizador, o qual lhe cobrou 140 euros (cento e quarenta euros) para a tirar de lá. Por isso, se querem um conselho, vão para canalizadores, electricistas, marceneiros, torneiros mecânicos e depois, nas horas vagas, tirem um curso. "Just for the fun".

A proletarização dos professores e dos jornalistas

Gosto muito de ler o que António Guerreiro escreve no Expresso (embora também tenha muitas saudades de Alexandre Pomar - ouvi-o ontem na TSF -, João Miguel Fernandes Jorge, Manuel Graça Dias, José Manuel Fernandes, entre outros).
Guardei religiosamente o Cartaz do dia 27 de Novembro onde, tristemente, A. Guerreiro diz:
"A proletarização de algumas classes profissionais (por exemplo, professores e jornalistas) mede-se não apenas pelo facto de terem perdido autonomia intelectual mas também porque o tempo de que dispõem para ganhar dinheiro é cada vez menor e o tempo de trabalho aproxima-se do correspondente ao salário proletário"
Curiosamente, como todos sabemos, aqueles que lidam com dinheiro, da base ao topo da pirâmide, atribuem a si próprios salários muito elevados, sem que, na maioria dos casos (refiro-me sobretudo ao topo) haja correspondência entre produtividade e prémios e bónus. Pois.

Caixa de sugestões

O Rodrigo sugere que se ponham coberturas entre o bloco B e os monoblocos. A única preocupação é: será que vamos encontrar o número nas Páginas amarelas?!!! Não sei. É questão de tentar.

O sétimo C

Hoje estão aqui os alunos do 7ºC. Todos? nããão. O André e o Fábio estão doentes. Desejamos-lhes as melhoras. Eu, o David e o R.... o Pedro (não usa óculos, é o Pedro). Embora esteja um tempo péssimo (o Pedro diz que é melhor telefonar ao S. Pedro), está toda a gente a portar-se bem. A Biblioteca é um sítio muito agradável para estar nestes dias. Não achas, Rodrigo? (ele disse que sim.).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

Bons auspícios

O ano começa bem para o Departamento de Línguas da ESVV.
Já leram (os que leram) que estou desolada pelo facto de o programa "Um certo olhar", da Antena 2, ter terminado em Dezembro.
Dia vinte e seis, porque era dia vinte e seis, não ouvi o programa. Descobri agora que tinha havido uma última emissão, e que Luís Caetano, em vez de uma alocução final, leu um excerto da tese de mestrado da nossa colega Ana Paula Faria de Matos, intitulada «Um certo olhar: polifonia e modalização na tertúlia radiofónica» (publicada em linha). Que o-r-g-u-l-h-o!

Para ouvir em

Um bom ano com Ravel e Drummond



Faço meus os votos do Carlos Drummond de Andrade:

«Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.»

Sendo professora, as actas são um dos modelos de escrita que mais cultivo. Daí que, para ser inteiramente sincera, na minha acta interior, onde se lê "vinho branco" eu escrevesse "vinho tinto". E é tudo. Ah, sim: e na segunda-feira não me apareçam de mau humor, que eu prometo fazer o mesmo...