Não tinha - mas agora tenho - consciência de que escrever palavras destas num blogue implica que os motores de busca direccionem para lá pessoas que procuram outras coisas que não "o sexo" de que se fala na escola. Pouco importa. É do sexo de que se pode falar na escola que falarei (passe a redundância).
Em primeiro lugar, para sossegar os Encarregados de Educação: os professores não interferirão nas orientações que as famílias pretendem incutir nos seus educandos.
A escola não substitui a família, e apenas se abordará a "fisiologia geral da reprodução humana", "o ciclo menstrual e ovulatório", "a prevalência, uso e acessibilidade dos métodos contraceptivos", as "principais IST (Infecções sexualmente transmissíveis)". Dar-se-ão a conhecer "as taxas e tendências de maternidade na adolescência" e as "taxas e tendências das interrupções voluntárias de gravidez". Daremos, enfim, o nosso contributo para a compreensão "da sexualidade como uma das componentes mais sensíveis da pessoa, no contexto de um projecto de vida que integre valores (...) e uma dimensão ética" e da "noção de parentalidade no quadro de uma saúde sexual e reprodutiva saudável e responsável".
N.B. Os excertos de texto entre aspas constituem os conteúdos mínimos enviados pela Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Currcular para o 3º ciclo, e podem ser retomados no Ensino Secundário.
A escola não se substitui à família, mas esta não deverá ignorar que - exactamente como acontece com a leitura - as crianças, os adolescentes, os jovens (e até os adultos) agem por mimetismo, ou seja, reproduzem os comportamentos que observam. Na esfera social que os rodeia e naquelas instâncias que os influenciam: revistas, telenovelas, séries, filmes, conteúdos na Internet. Assim sendo, de nada adiantará "ensiná-los" (ensinaremos nós alguma coisa?) se a nossa prática contrariar o que dizemos. Ou se não acompanharmos minimamente as leituras e visionamentos dos nossos filhos. Ou se ignorarmos a questão, deixando que as conversas entre jovens, tantas vezes eivadas de falsas crenças, germinem, gerando graves equívocos. Por muito que nos/vos custe, falar é preciso.
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