segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Leitores ou ledores?


























Fragonard - A leitora

Num livro/folheto/panfleto de uma pretérita Feira do Livro do Porto a que não terei ido - mas que me ofereceram, o que lhe confere agora ainda mais sabor - encontrei, entre muitos outros textos dignos de nota, um, escrito por Carlos Poças Falcão, intitulado "O livro transparente".

Desse texto, que gostaria de transcrever na íntegra, selecciono apenas uma pequena parte:

"Baixando, pouco a pouco, as suas guardas, por puro assentimento, o leitor prepara-se para ser surpreendido vivo e um dia há-de encontrar o livro que o modifica. Então, poderá dizer: «a minha vida lê.» Falo de um leitor com qualidades, daquele que, efectivamente, está em condições de vir a ser tocado e transformado,

dotado dessa paciência que faz com que a vida finja estar à espera, espere sem esperar, expondo-se e acreditando. Não trato de ledor que apenas busca instruções e informação, ou que vive uma relação profissional (professoral?) com os livros, capitalizando fichas e obtendo mais-valias de um saber corrente. Refiro-me ao leitor sentado e de cabeça serenamente inclinada, como em reverência humilde, cuja vida aprende a ser lida".

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