sexta-feira, 24 de abril de 2009

Museu da Imagem

Fui ao Museu da Imagem ver uma exposição, das tais do Arquivo da Foto Aliança, acerca da escola no antigo regime: "Lições de Braga".Numa dessas fotografias (com a referência "Obra das mães", 1949) lia-se, claramente, um texto escrito com caligrafia cuidada, num quadro negro. Tratava-se, seguramente, de um tema de "redacção": "Tens amor à tua escola? Deves ser-lhe agradecida? Além da instrução que mais aprendes na tua escola?" Esta redacção faz-me sonhar. Que terão estas afortunadas alunas (porque tiveram direito à "instrução" em tempos em que poucos a tinham) escrito? Tê-las-ão guardado? Eu digo sempre aos meus alunos para guardarem os textos que escrevem nas aulas de Português. "Para mais tarde recordar". Para, mais tarde, fazerem viagens no tempo e reviverem estratos mais antigos da sua personalidade em formação. Para perceberem como "se fizeram". A primeira pergunta da redacção, porém, arrepia-me. Hoje, por exemplo, fui ver o local que a professora Ana Margarida Dias preparou para colocar os novos computadores da Biblioteca, e fiquei perplexa a olhar para um grande buraco na parede que a professora Paula Sousa tão carinhosamente tem vindo a decorar. A Sra. D. Lúcia explicou-me que tinham sido os alunos. E mostrou-me, noutro local, umas aplicações em gesso, arrancadas vocês-já-sabem-por-quem. Já ontem tinha reparado que a magnífica instalação alusiva ao 25 de Abril criada pela professora Liliana Rocha tinha sido vandalizada.Estas coisas aborrecem-me, entristecem-me, enfurecem-me. A escola é a casa de todos: passamos cá tanto tempo que é importante que esteja limpa e bem cuidada. Que seja um local acolhedor. Vandalizá-la é um atentado (pequeno, mas, ainda assim, um atentado) perpretado à qualidade de vida de todos nós: alunos, professores, funcionários. É desprezar o trabalho de professores e funcionários, os quais, muitas vezes, sacrificam a sua vida pessoal e aqui permanecem muito para lá do seu horário de trabalho. É dilapidar dinheiros públicos, o dinheiro dos contribuintes portugueses, que não pode, não deve, ser malbaratado. Pois bem: se estes alunos não têm amor à escola, deviam tê-lo. Não são dignos de a frequentar. Talvez devessem ser escorraçados dela, ou metidos numa cápsula de tempo e obrigados a viver no regime fascista, sem direito a escola.

1 comentário:

  1. Nós teríamos posto uma vírgulazita no tema da redacção, mas ela estava escrita mesmo assim...

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