terça-feira, 20 de abril de 2010

É a pronúncia do norte

Periodicamente, eu e o João temos uma conversa acerca de pronúncias. O João, não sei se já lhes disse, tem talento para as exposições orais e sentido de humor a rodos. Uma parte da sua graça advém da cerrada pronúncia do norte, que, suspeito, exagera de propósito.


É uma cena recorrente: primeiro rio-me incontrolavelmente, depois fico séria, reassumo a minha faceta de professora de Português e digo-lhe que, embora não haja pronúncias melhores ou piores, correctas ou incorrectas (uma das primeiras coisas que aprendi em História da Língua é que há a percepção, errada, de que a pronúncia dos lugares onde o poder académico ou político se exerce é a mais elegante), ele deve tentar moderá-la.


Digo-lhe sempre que, se Vila Verde fosse capital, falar "à moda" de Vila Verde é que era "chique". Mas também lhe digo que, em determinadas circunstâncias, adoptar uma pronúncia relativamente neutra lhe pode ser favorável.

Entretanto li num Courrier International (que reciclei, leia-se: mandei para a minha irmã) que os ingleses, que outrora tanto vilipendiavam a pronúncia cockney - veja-se a trama do filme "My fair Lady" - agora a acarinham como uma marca cultural distintiva. Parece-me um bom sinal.
Mas agora tenho de parar, que as aulas ("azaulas", como, na verdade, eu digo) não esperam...

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