Há uns anos deixei de ver o telejornal de determinada cadeia televisiva, por ter verificado que ficava deprimida. O mundo parecia-me triste e ameaçador. Às vezes o mundo é triste e ameaçador, mas não preciso de profetas da desgraça nem voyeurs que filmam com volúpia qualquer pinga de sangue para saber isso.
Ultimamente descobri que há jornais que me provocam o mesmo efeito, pelo que me cinjo cuidadosamente ao Público de sábado, ao Expresso e, ocasionalmente, ao i (também não tenho tempo para mais…). No entanto, acontece-me ler a Notícias de sábado, onde li que “O aumento da obesidade faz que doenças associadas à velhice comecem a surgir”. Se me questiono acerca da formulação deste destaque (soava-me melhor “faz com que”, mas enfim), já não tenho dúvidas acerca da forma como as crianças e jovens se alimentam.
Cá na escola, por exemplo, o número de comensais desce vertiginosamente quando se come peixe (salvo quando é frito). Há alunos que não tiram a sopa a que têm direito ou que a deixam intacta no tabuleiro - o que é francamente deplorável. Há muitos outros que comem sabe-se-lá-o-quê nas imediações.
A dieta mediterrânica, tão tipicamente portuguesa, saudável, barata e ecológica (se exceptuarmos o predomínio do pescado) está a ser abandonada pelos portugueses patetas, que se deixam enfeitiçar pelos vapores gordurosos da comida imposta por subculturas alheias – enquanto os verdadeiramente ricos e informados se rendem às delícias do que outrora por cá se comia.
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