Confesso que estava um bocadinho renitente, depois da impressiva releitura que fiz esta Primavera do livro de Tolstói, em ir ver o filme. Mas a Ana convidou, a Teresa ia, a Aida não faltou - e eu lá fui.
Nem sei por onde começar. Pareceu-me o subterfúgio cénico uma solução de facilidade, uma concessão comercialóide e uma alusão muito, muito vaga a um filme de muito superior qualidade, "Le temps retrouvé" de Raoul Ruiz - um filme que também não fazia, quanto a mim, jus à obra de Marcel Proust, mas cujo decorativismo e estetismo se encontravam a anos-luz desta outra adaptação de uma obra-prima literária. E depois, as personagens não têm qualquer espécie de espessura. Até Keira Knightley, que "ia tão bem" na adaptação do livro de Ian McEwan, "Expiação", se torna aqui um mero manequim.
As únicas cenas que me parecem minimamente razoáveis são aquelas onde entra o actor que encarna Levine (já Kitty parece uma "mulherzinha").
Mas, se eu só perdi duas horas da minha vida, este filme pode afastar leitores: se forem ver o filme e considerarem o livro "lido", perderão uma obra única. Se o virem e não gostarem, não lerão o livro. Em contrapartida, se alguém a quem este filme agradou ocorrer pegar no livro, é bem possível que ele o/a decepcione.
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