O rapaz chamado Corvo (ainda não sei quem é, mas vos garanto que hei-de saber) aconselha o fugitivo de Kafka à beira-mar:
«Os factos e a teoria ou lá o que vos ensinam na escola não vai servir de muito no mundo real, isso é limpinho. Podes ter a certeza de que os professores não passam quase todos de um punhado de débeis mentais. Mas uma coisa é certa: estás a preparar-te para fugir de casa. Se calhar nunca mais tens hipótese de ir às aulas, por isso, gostes ou não, o melhor que tens a fazer é aproveitar a oportunidade ao máximo. Faz de conta que és uma folha de papel mata-borrão e trata de absorver tudo o que puderes. Mais tarde logo decides o que é que te interessa reter e o que não serve para nada.»
E o protagonista comenta: «Fiz como ele dizia. Neste ponto convém dizer que, regra geral, sigo os conselhos dele à risca. Apurei os sentidos e usei o meu cérebro como uma esponja, atento a cada palavra que era dita na sala de aula e captando tudo, a fim de perceber o significado das coisas e de conservar tudo na memória. Graças a isso, consegui quase sempre as notas mais altas nos exames, e sem ter de queimar as pestanas.» (pp. 15-16)
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