A árvore do dia foi-me enviada ontem à noite pelo meu centro de recursos. Acerta sempre: nos presentes, nos poemas, no tom e em tudo o mais. Acontece que eu estou adoentada e, por isso, levei a noite a ler Uma questão de beleza, de Zadie Smith. Estava a achar tudo aquilo muito familiar, quando me lembrei de Howards End, de E.M. Forster. É mesmo isso. E de repente tive uma imensa nostalgia dos tempos em que não precisava de insónias para ler.
E qual é a ligação com o poema que me enviou o meu centro de recusos? Literatura de língua inglesa, em que eu já fui relativamente versada. D.H. Lawrence, que me deu tanto prazer ler...
Ei-lo, o poema:
«DA JANELA DO COLÉGIO
O esplendor das tílias pesadas de sol e adormecidas
Chega até mim, vacilante, e sobe a parede do Colégio.
Em baixo, o relvado, sob a sombra azul e suave, mantém
A espuma silenciosa das margaridas em amena escravidão.
Para lá das suas folhas suspensas sobre a rua,
Na calçada de lajes varridas e de um branco estival,
Há a multidão que com sombras a seus pés
Caminha de um lado para o outro.
Distante, ainda que oiça a tosse do pedinte,
Vejo os dedos cintilantes da mulher a dar-lhe uma esmola.
Estou sentado, sem culpa e certo de ser para mim melhor
Ficar longe de um mundo a que nunca me hei-de juntar.»
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