Esta noite, como em muitas outras noites, sonhei com a escola. Tinha uma turma como quase todas as turmas: alunos atentos, alunos desatentos. Tentava, já não me lembro como, captar a atenção de todos. Porém, à medida que o tempo passava, mais e mais alunos me entravam pela porta dentro: «Sra. Dra., mais um aluno para a turma.» (a funcionária encolhia os ombros). «Sra. Dra., desculpe...», mais um. E mais outro, e outro, e outro. Estávamos no fim do período (a sala estava na penumbra), e as sombras iam entrando, até - como já acontece nas verdadeiras salas da minha bem iluminada escola - eu olhar e ver um mar de pessoas, sentadas já nos lados, sentadas já de lado. Como vou avaliá-los, e já estamos no fim do período, perguntava-me eu. A certa altura, entravam pessoas da Direcção, e da Associação de pais, e eu continuava a tentar, a tentar.
Quando chegou o intervalo, evitei os adultos que se amontoavam junto ao bar e comemoravam qualquer coisa, saí para o pátio (da casa da minha avó), subi a escada, bati ao batente e entrei nessa casa da minha infância, essa casa onde não havia trabalho nem preocupações, só férias e livros.
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