Este texto, que li hoje no Público on-line, é da autoria de Joana Gorjão Henriques. Podia glosá-lo ou parafraseá-lo... mas não era a mesma coisa.
«O que fazer com a lasanha que hoje estava deliciosa mas amanhã não me
apetece? Ponho-a no frigorífico ou vou oferecê-la à vizinha? Por que é que não
peço mais vezes para me embrulharem os restos da dose que pedi no restaurante? E
se fizesse em casa o dia dos excedentes e não deitasse fora o iogurte que passou
do prazo há um dia?
No momento de decidir o que fazer com restos de comida, muitos acabam por
deitar para o lixo aquilo que outros – e até nós próprios – poderíamos
aproveitar.
A propósito da apresentação, esta quinta-feira, na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa, do primeiro estudo sobre desperdício de comida feito em
Portugal, Do Campo ao Garfo - Desperdício Alimentar em Portugal,
pedimos aos líderes de duas organizações que reaproveitam comida dos
restaurantes para revelarem conselhos de como, em casa, não acrescentar mais
gramas ao milhão de toneladas de alimentos que todos os anos se desperdiça em
Portugal – o que corresponde a 17% dos alimentos produzidos, e o maior
desperdício acontece na fase final do consumo das famílias.
O americano Hunter Halder fundou em Março de 2011 o Re-Food, que vai buscar
as sobras dos restaurantes e as distribui por quem precisa na freguesia de Nossa
Senhora de Fátima, em Lisboa. No dia 26 de Dezembro a Re-Food organiza neste
bairro o Natal feito à base de sobras. António Costa Pereira é o criador da
associação DariAcordar, que lançou o movimento Zero Desperdício, com um conceito
semelhante – desde Abril recuperaram mais de 70 mil refeições e 40 mil produtos
de venda de máquinas automáticas para ajudar três mil pessoas em Loures,
Cascais, Sintra e Lisboa.
Hunter Halder – Re-Food
“Digo o mesmo sobre o desperdício familiar que digo do desperdício comercial: não sabemos o poder que cada um de nós tem para mudar o mundo. Usar esse poder é uma decisão nossa, porque cada um tem a capacidade de evitar o desperdício de toneladas e toneladas de alimentos.”
“Digo o mesmo sobre o desperdício familiar que digo do desperdício comercial: não sabemos o poder que cada um de nós tem para mudar o mundo. Usar esse poder é uma decisão nossa, porque cada um tem a capacidade de evitar o desperdício de toneladas e toneladas de alimentos.”
1. Reeducar para valorizar a comida
"A comida é preciosa, mas não aprendemos a valorizá-la, o nosso comportamento não mostra isso. Os nossos avós e bisavós, que viveram a Grande Depressão dos anos 1930, diziam-nos que deitar comida fora era um pecado – viveram situações de privação em que a comida era preciosa."
"A comida é preciosa, mas não aprendemos a valorizá-la, o nosso comportamento não mostra isso. Os nossos avós e bisavós, que viveram a Grande Depressão dos anos 1930, diziam-nos que deitar comida fora era um pecado – viveram situações de privação em que a comida era preciosa."
2. Planeamento: preparar a quantidade de comida certa, não ter mais olhos que
barriga
3. Triagem imediata dos restos, prever o futuro da lasanha
"Para mudar comportamentos, é preciso usar instrumentos que os facilitem. Por exemplo, não fazíamos a separação do lixo e hoje temos três caixotes: um para o papel, outro para o vidro, outro para o orgânico. Ou seja, temos instrumentos para apoiar o comportamento. No caso da comida tem de haver uma triagem imediata. Se sobra comida a uma refeição, normalmente ponho-a no frigorífico. Mas devemos tomar logo uma decisão: vou comê-la amanhã? Se pararmos dois minutos para pensar, se calhar pensamos que a lasanha que sobrou estava óptima, mas amanhã vai-nos apetecer comer frango. Então podemos dar o resto ao vizinho ou à família. Tenho uma vizinha que vive de comida 'reciclada'. Outra hipótese é entregá-la a uma organização local que faça a redistribuição de sobras."
"Para mudar comportamentos, é preciso usar instrumentos que os facilitem. Por exemplo, não fazíamos a separação do lixo e hoje temos três caixotes: um para o papel, outro para o vidro, outro para o orgânico. Ou seja, temos instrumentos para apoiar o comportamento. No caso da comida tem de haver uma triagem imediata. Se sobra comida a uma refeição, normalmente ponho-a no frigorífico. Mas devemos tomar logo uma decisão: vou comê-la amanhã? Se pararmos dois minutos para pensar, se calhar pensamos que a lasanha que sobrou estava óptima, mas amanhã vai-nos apetecer comer frango. Então podemos dar o resto ao vizinho ou à família. Tenho uma vizinha que vive de comida 'reciclada'. Outra hipótese é entregá-la a uma organização local que faça a redistribuição de sobras."
4. Planeamento: pedir a dose de comida certa num restaurante, pedir meia dose
em vez de uma, partilhar a dose com outra pessoa
5. Se sobra comida no restaurante, pedir para embalar o resto
"Se sobra comida dos clientes, não há nada que o restaurante possa fazer com isso. Então cabe à própria pessoa tomar a decisão do que vai fazer. Esse resto pode ser aproveitado para uma refeição mais tarde, ou ser entregue a uma entidade local que faz redistribuição ou oferecida a alguém – o que cada pessoa desperdiça num restaurante é talvez o mesmo que o nosso projecto recolhe por noite – 300 refeições diárias."
"Se sobra comida dos clientes, não há nada que o restaurante possa fazer com isso. Então cabe à própria pessoa tomar a decisão do que vai fazer. Esse resto pode ser aproveitado para uma refeição mais tarde, ou ser entregue a uma entidade local que faz redistribuição ou oferecida a alguém – o que cada pessoa desperdiça num restaurante é talvez o mesmo que o nosso projecto recolhe por noite – 300 refeições diárias."
António Costa Pereira – DariAcordar
“Basicamente, estamos a falar de alterações de atitude na sociedade – recuperando alguns dos bons hábitos do tempo dos nossos pais e avós e respeitando o imenso valor dos alimentos que nos chegam à mesa, isto é, efectuando compras avulsas.”
6. Fazer uma ementa de refeições, para ser mais fácil organizar uma lista de
compras (que idealmente deve ser diária ou semanal, evitando as grandes compras
mensais).
7. Ter atenção aos prazos de validade na compra dos produtos, sabendo a
diferença entre “consumir de preferência antes de" (menos restrito) e
“data-limite de consumo” (quando não se deve mesmo ultrapassar o prazo).
8. Organização na despensa e/ou frigorífico, colocando à vista os produtos
com prazos de consumo mais curtos.
9. Servir no prato menos quantidade (podendo servir mais vezes), a fim de
evitar o desperdício do chamado “resto de prato”
10. Com tanta informação (muita dela na Internet) sobre receitas para
aproveitamento das sobras para outros pratos (empadão, tortilhas, açorda, pão
ralado, batido de frutas, etc), podemos reaproveitar esses excedentes criando em
casa “o dia dos excedentes” – explicando aos filhos o que se pretende, eles
aderem e tornam-se o garante futuro desses bons hábitos.»
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