Ontem, já nem sei a propósito de quê, disse aos meus alunos do décimo ano que estavam mesmo, mesmo, na idade de ler A metamorfose, de Franz Kafka. E contei-lhes o início (só mesmo o início).
Como estas coisas não se devem dizer de ânimo leve, hoje vim aqui à Biblioteca verificar se tínhamos o livro. Claro que temos. E deixo-vos aqui o início dos tormentos de Gregor Samsa:
"Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua cama, metamorfoseado num monstruoso insecto. Estava deitado de costas, umas costas tão duras como uma carapaça, e, ao levantar um pouco a cabeça, viu o seu ventre acastanhado, inchado e arredondado em anéis mais rígidos, sobre o qual o cobertor, quase a escorregar, dificilmente se mantinha. As suas numerosas patas, lamentavelmente raquíticas, comparadas com a sua corpulência, remexiam-se desesperadamente diante dos seus olhos.
«O que me aconteceu?», pensou."
Se eu me desse ao luxo de recorrer a alguns lugares-comuns que dão muito jeito (mas que eu rejeito), começaria o meu comentário da seguinte forma:
«Muito haveria a dizer acerca desta obra de Kafka. Dada a escassez de espaço (?) e de tempo, dir-vos-ei apenas que o problema de Gregor Samsa replica, de alguma forma, as angústias de todo o ser humano - e, por maioria de razões, dos adolescentes - no confronto com a família e com os outros.»
Mas, como já sou adulta e, neste momento, o (excesso) de trabalho é uma das minhas principais preocupações, preferia dizer-vos que A metamorfose problematiza a questão da alienação no trabalho. Leituras muito parciais, que cada um colmatará como entender.
Se eu me desse ao luxo de recorrer a alguns lugares-comuns que dão muito jeito (mas que eu rejeito), começaria o meu comentário da seguinte forma:
«Muito haveria a dizer acerca desta obra de Kafka. Dada a escassez de espaço (?) e de tempo, dir-vos-ei apenas que o problema de Gregor Samsa replica, de alguma forma, as angústias de todo o ser humano - e, por maioria de razões, dos adolescentes - no confronto com a família e com os outros.»
Mas, como já sou adulta e, neste momento, o (excesso) de trabalho é uma das minhas principais preocupações, preferia dizer-vos que A metamorfose problematiza a questão da alienação no trabalho. Leituras muito parciais, que cada um colmatará como entender.
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