(Fotografia: António Sabler in http://duas-ou-tres.blogspot.pt/)
O PINA
«São várias as tribos que habitam a cidade. Entre elas há uma, talvez a mais insignificante de todas, constituída por poetas para quem poesia e salvação do mundo são uma e a mesma coisa.
Com a morte do Eugénio de Andrade, e sem se dar conta, o Pina passou a liderar essa tribo. Ele é em muitos aspectos a antítese do Eugénio: não estou a ver nenhum jovem poeta cheio de borbulhas a tocar à campainha do n.º 119 da Rua de S. João Bosco. O Pina é um judeu zen, de uma docilidade extrema. Um sportinguista apaixonado pela teoria das cordas.
Foi a experiência da poesia que nos aproximou. Passaram muitos anos, desde que nos conhecemos a uma mesa do Piolho: encontros em outros cafés, em casa, telefonemas quilométricos depois do jantar. A poesia continuou sempre presente: às vezes apenas num verso e ultimamente cada vez mais no silêncio.»
Jorge Sousa Braga
(texto publicado no Jornal de Letras, num número de homenagem a Manuel António Pina)
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