segunda-feira, 6 de maio de 2013

Falar bem e ter maneiras

Um dos meus campos de batalha nas aulas de Português tem a ver com o que, antigamente, se designava por "modinhos". As maneiras de falar e a boa educação não têm boa imprensa, e mesmo eu só pego nestes assuntos com... luvas de pelica.

O problema é que (e eu até podia ser uma verdadeira intelectual e falar-vos do Pierre Bourdieu) isso implica assumir algo desagradável e complicado, que é: as pessoas que falam correctamente e são delicadas (e isso, com honrosas excepções, aprende-se em casa. Tanto em casa de ricos, como em casa de pobres.) têm mais hipóteses. E isto não sucede apenas porque têm mais conhecimentos sociais.
 
Na revista do Público do dia 28 de Abril, onde se trata de (des)emprego e de entrevistas, refere-se: "Com a democratização do ensino, tornou-se mais fácil e mais comum possuir diplomas e conhecimentos do que essas capacidades que «se trazem de casa» (...). Ou seja, como há mais pessoas com habilitações do que postos de trabalho, o sistema encontrou maneira de fazer a selecção através do berço. As chamadas soft skills podem afinal não ser mais do que os sinais de pertença a uma classe social. É assim que funciona."
http://www.empregopelomundo.com/wp-content/uploads/2013/04/entrevista-de-emprego.jpg

A minha visão da escola, já o disse mais do que uma vez e mais do que num sítio, é um tanto utópica. A meu ver, a escola em geral e as aulas de Português em particular constituem lugares onde os alunos que não aprenderam determinadas coisas em casa (terão aprendido outras, igualmente respeitáveis) podem fazê-lo. A questão é se estão dispostos a isso...

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