quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quem tem medo das comédias românticas?

Na entrada anterior falávamos de cinema. Há tempos fomos ver um filme um pouco negro, intitulado "Baile de Outono". Jamais o recomendaríamos aos alunos desta escola. Não agora. Não esta fase da vida. Daqui a uns anos, talvez...

Nesse filme, havia uma personagem, um homem jovem, muito mulherengo. Acontece, porém, que o nosso D. Juan se apaixona. A partir desse momento, tudo se altera. Aparentemente, toda a vida esperou por aquele momento. Partilha com a sua eleita os seus projectos de vida e despede-se do emprego para montar a empresa com a qual sonhava e para a qual amealhara todo o seu dinheiro. O problema é que a mulher por quem se apaixonou tem uma atitude semelhante à que ele próprio, até então, tinha adoptado. E não está interessada nele.

O sedutor seduzido fica decepcionadíssimo, e é obrigado a voltar ao seu antigo emprego de porteiro de hotel. É no exercício dessas funções que lhe aparece um hóspede completamente embriagado. Seguindo as normas, vai expulsá-lo, mas uma testemunha adverte-o de que se trata de um realizador de cinema célebre. O porteiro ignora o aviso e continua a empurrar o hóspede indesejável. A meio do caminho, estaca e pergunta-lhe que tipo de filmes realiza. O bêbedo responde: "Comédias românticas." E o porteiro espanca-o até à morte.

E qual é a moral da história?, perguntarão vocês, escandalizados. A moral da história, julgamos nós, é a seguinte: Este homem acreditava no amor. Os filmes (os livros, as músicas) apontavam-lhe uma única via para a felicidade: o amor, a vida a dois. Embora fizesse das mulheres objectos descartáveis, sonhava com uma companheira para a vida. Mas, depois, o "princípio da realidade" abateu-se sobre ele. O pobre tinha deparado com uma mulher com uma atitude idêntica à sua. E de quem era a culpa? Das comédias românticas...

E no entanto... no entanto, às vezes NÃO há como uma comédia romântica para nos animar num dia triste e chuvoso como hoje... Riam-se delas, riam-se com elas. Consumam com moderação, desconfiem um bocadinho. Lembrem-se que a vida não é assim, não é só assim. E façam-nos o favor de ter uma boa tarde livre - que nós vamos ter reuniões...

2 comentários:

  1. But not for me

    "They're writing songs of love, but not for me.
    A lucky star's above, but not for me.
    With love to lead the way
    I've found more clouds of grey
    than any Russain play could guarantee.

    I was a fool to fall and get that way;
    Heigh-ho! Alas! And also, lack-a-day!
    Although I can't dismiss the memory of her kiss,
    I guess she's not for me."

    (Chet Baker)

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