segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Neurónios atrofiados


Sermão de uma profe de Português a seus alunos desmotibados


A maioria dos meus alunos de décimo ano tem entre quinze e dezassete anos. Alguns deles distraem-se nas aulas com frequência. Um ou outro (o T****, o D****, o R**, por exemplo) parece não prestar a mínima atenção. Isso vale-lhes, de vez em quando, uma reprimenda à moda antiga. Na sexta-feira, porém, lembrei-me de um concerto a que assisti há tempos na Fnac de Braga. A banda chamava-se "Neurónios abariados". Os seus elementos, todavia, têm tudo menos neurónios avariados. Estes meus alunos tão-pouco. Mas ficarão certamente com os neurónios atrofiados se continuarem a frequentar a escola como se de terapia ocupacional se tratasse. Como se as aulas fossem apenas a antecâmara para o intervalo. Como se a matéria não viesse a ter nenhuma utilidade no futuro. Pois enganam-se, meus jovens, ingénuos e incautos alunos. Quanto mais não seja, o exercício activo das vossas capacidades intelectuais no decurso de uma aula - qualquer que seja a disciplina - impedirá os vossos neurónios de se atrofiarem. Ou querem chegar aos vinte e cinco anos com uma cultura geral equivalente à dos catorze? Com uma quantidade de sinapses cerebrais semelhante à dos quinze?




P.S. 1 Bem sei que a minha linguagem carece de rigor científico. Mas perceberam o que quero dizer... ou não?!


P.S.2 Obrigada à equipa de Biblioteca por me deixar publicar aqui este desabafo.


Sem comentários:

Enviar um comentário