Gonçalo Ribeiro Telles recebeu o prémio Jellicoe de arquitectura paisagista. Destaco, do interessante artigo que podem (e talvez devam) ler na edição em linha do Público, duas ideias que, para mim, deviam ser gravadas nas fachadas das Câmaras Municipais, das juntas de freguesia, dos Ministérios e respectivas agências:
1. «Ribeiro Telles diz que temos “uma paisagem policultural de grande valor e expressão”, mediterrânica, que sofreu “anos e anos de uniformização como se não houvesse uma história”. “Houve uma ocupação do território abusiva e uma degradação do solo para benefício da especulação urbana e das culturas extensivas”. Ribeiro Telles denunciou, e continua a denunciar com a mesma energia, “a eucaliptização do país” e quando falamos de floresta ou de política para a floresta, uma palavra que não é nossa, prefere falar de “mata”, de “silvicultura”, “agricultura”, “regadio”, “montado”, “souto”. “Tudo isso é apagado por uma visão economicista”.» (os sublinhados são meus).
2. «O filósofo e ambientalista Viriato Soromenho Marques lembra-se de ver Gonçalo Ribeiro Telles na televisão em 1967, a falar sobre as cheias em Loures que mataram 500 pessoas. O impacto das palavras do arquitecto paisagista foi grande, porque Ribeiro Telles foi directo: na origem daquelas mortes estava a construção em cima de um leito de cheias. “Era pouco habitual ouvir alguém fazer críticas na televisão naquela altura.” Hoje, sabendo da distinção atribuída pela IFLA, não hesita em dizer que “o que é duradouro não é o moderno, é o clássico - e Ribeiro Telles é um clássico”.» (meu sublinhado).
Pergunto-me também se, no epitáfio de alguns políticos e dirigentes (superiores, intermédios e médios) não devia ser gravado algo como «Permitiu a construção em cima de leito de cheias.»
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