Gato em apontamento quase barroco e de manhã de Sábado
Gentilmente curvado sobre a flor,
Percorre devagar nervura e centro.
E em tantos delicados argumentos
Vai avançando lentamente as folhas.
A cabeça pondera e repondera
Defronte a haste fácil, rente a terra,
E uma pedra minúscula e serena
Sobe no ar, acesa como fera.
Não conhece os segredos do soneto,
Sendo de ofício muito ignorado
A sua arte. E em curto minuete:
Uma garra afiada em pé de valsa,
Um dente a desdenhar a flor e a folha
E a cravar-se, feroz, na minha salsa.
Ana Luísa Amaral
Boas Festas
Há 11 anos
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