sexta-feira, 26 de abril de 2013

Literatura de casa de banho



Sempre assumi que gostava de ler no quarto de banho, mas desta vez pude fazê-lo... na escola. Na semana da leitura, quase me assustei ao ver um grande papel pendurado na porta. Era uma crónica do Onésimo Teotónio de Almeida. Só me custou andar a ler o texto às prestações: agora um bocadinho, depois outro... só no segundo dia consegui ler tudo. Terceiro dia: outra crónica. Caso para me perguntarem se eu não caí da retrete abaixo. Não, elevei-me da retrete acima.
 

 

"Um mar de canções"

25 de Abril, na nossa escola, também é música. Durante a semana, ouvimos música gravada na sala dos professores (B Fachada actualizando o sempre actual Sérgio Godinho) e, no dia 24, todos pudemos ouvir o coro da escola cantando Camões e Zeca Afonso. Foi bonito, engraçado e comovente. A cada actuação, o coro melhorava e captava mais a audiência. Da última vez, no bar dos professores, todos cantámos. É este o cimento que faz uma escola.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

25 de Abril: "Un oeillet rouge a fleuri au Portugal"

Esta canção de Chico Buarque (no original,  "Fado tropical") foi cantada por  Georges Moustaki em http://www.youtube.com/watch?v=P_ISBo82gCU. Para além de ouvirmos hoje o coro da escola cantando versões de Zeca Afonso, temos a oportunidade de ver jornais alusivos ao 25 de Abril (originais) expostos na Biblioteca. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Grande final do Ler & chonar

Na sexta-feira assistimos à sessão final do Ler & chonar. As quatro turmas foram questionadas acerca do livro proposto (alguns alunos sabiam todos os detalhes de cor e salteado), e escreveram e representaram pequenas histórias à volta do tema do sono. Os alunos captaram as ideias mais importantes e aplicaram-nas ao seu contexto escolar e familiar. Achei muita graça à ideia do 9ºB, que conseguiu pôr em cena todos os elementos da turma, graças ao subterfúgio de incluir uma professora que fazia a chamada. Os diálogos entre pais e filhos eram muito naturais e reflectiam as vivências de todos os presentes. A peça do 9ºB, a equipa vencedora, também estava bem escrita e foi bem representada. Um sucesso para o Ler &chonar, mas também para o trabalho em equipa efectuado por alunos e professores.

Livros e filmes: da palavra à imagem: "Ensaio sobre a cegueira"

Não é fácil ser tão questionada acerca de Saramago, mas foi o que aconteceu durante a palestra que a nossa colega Fernanda Neves (Escola Secundária de Amares) veio apresentar cá à escola. A sua apresentação do filme "Ensaio sobre a cegueira" (Fernando Meirelles), que pôs em paralelo com o livro epónimo de José Saramago, suscitou um vivo interesse no público. Um interesse tão vivo que havia alunos a implorar que lhes contássemos o fim. Mas nós resistimos e remetemo-los para a Biblioteca, onde podem ler o livro ou requisitar o filme.

A minha idade metabólica

A minha idade metabólica é um segredo de estado. Mas eu já sei a idade metabólica do Mangas e da Xali. Eles não r-e-s-i-s-t-i-r-a-m.
É que a escola adquiriu uma máquina que mede a percentagem de gordura corporal e de água no organismo, a massa muscular, a taxa metabólica basal, o nível de gordura corporal, o peso e o índice de massa corporal. Mede-nos e faz uma avaliação física... sem emitir juízos de valor ou comentários. Claro que uma das professoras do PES nos dá instruções e, no fim, nos explica o que é que tudo aquilo significa e o que podemos fazer para melhorar os valores antes da próxima avaliação. Mas é tudo confidencial.
Gostei muito da experiência e já andei a fazer publicidade. O melhor é marcarem uma sessão, que o sr. Pedro já anda com ideias de rentabilizar a máquina, e já fala em cobrar uma taxa.

(Obrigada, Valérie)

sábado, 13 de abril de 2013

Manhã de Sábado

Gato em apontamento quase barroco e de manhã de Sábado


Gentilmente curvado sobre a flor,
Percorre devagar nervura e centro.
E em tantos delicados argumentos
Vai avançando lentamente as folhas.

A cabeça pondera e repondera
Defronte a haste fácil, rente a terra,
E uma pedra minúscula e serena
Sobe no ar, acesa como fera.
Não conhece os segredos do soneto,
Sendo de ofício muito ignorado
A sua arte. E em curto minuete:

Uma garra afiada em pé de valsa,
Um dente a desdenhar a flor e a folha
E a cravar-se, feroz, na minha salsa.


Ana Luísa Amaral

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Dar aulas com febre

 
 
Para grandes males, grandes remédios: como forma de protesto contra os descontos salariais por baixa médica (50% durante os três primeiros dias e 25% do quarto ao vigésimo, os professores do Instituto Camas, em Sevilha, criaram um "Centro de recuperación del docente y de mantenímiento de la nómina" na sala de professores. De acordo com o jornal El País (18 de Março de 2013), este "hospital de campanha" serve para que "(...) aquellos compañeros que contraigan alguna enfermedad y no quieran aceptar la baja médica para no ver mermado su sueldo sean cuidados allí por el resto." 
Um professor sevilhano, Jesús Cejas, que meteu baixa por vinte dias por ter um "edema ósseo en un pie" (mas entretanto concebeu e enviou por correio electrónico  actividades para os seus alunos), descontou 700 euros. Agora já se faz contabilidade das doenças: uma gripe, por exemplo, para além do incómodo, implica menos 200 euros ao fim do mês. Não tardaremos a vir trabalhar, mesmo quando portadores de doenças infecciosas...
 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Uma ou duas coisas que eu sei dele...

 
 
Gonçalo Ribeiro Telles recebeu o prémio Jellicoe de arquitectura paisagista. Destaco, do interessante artigo que podem (e talvez devam) ler na edição em linha do Público, duas ideias que, para mim, deviam ser gravadas nas fachadas das Câmaras Municipais, das juntas de freguesia, dos Ministérios e respectivas agências:
 
 1. «Ribeiro Telles diz que temos “uma paisagem policultural de grande valor e expressão”, mediterrânica, que sofreu “anos e anos de uniformização como se não houvesse uma história”. “Houve uma ocupação do território abusiva e uma degradação do solo para benefício da especulação urbana e das culturas extensivas”. Ribeiro Telles denunciou, e continua a denunciar com a mesma energia, “a eucaliptização do país” e quando falamos de floresta ou de política para a floresta, uma palavra que não é nossa, prefere falar de “mata”, de “silvicultura”, “agricultura”, “regadio”, “montado”, “souto”. “Tudo isso é apagado por uma visão economicista”.» (os sublinhados são meus).
2. «O filósofo e ambientalista Viriato Soromenho Marques lembra-se de ver Gonçalo Ribeiro Telles na televisão em 1967, a falar sobre as cheias em Loures que mataram 500 pessoas. O impacto das palavras do arquitecto paisagista foi grande, porque Ribeiro Telles foi directo: na origem daquelas mortes estava a construção em cima de um leito de cheias. “Era pouco habitual ouvir alguém fazer críticas na televisão naquela altura.” Hoje, sabendo da distinção atribuída pela IFLA, não hesita em dizer que “o que é duradouro não é o moderno, é o clássico - e Ribeiro Telles é um clássico”.» (meu sublinhado).
 
Pergunto-me também se, no epitáfio de alguns políticos e dirigentes (superiores, intermédios e médios) não devia ser gravado algo como «Permitiu a construção em cima de leito de cheias.»

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Ana Luísa Amaral na Semana da Leitura


Manuel António Pina "Na Biblioteca"

NA BIBLIOTECA

O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,

quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,
em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,
as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.
Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
‘E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.’

In
Poesia, Saudade da Prosa - uma antologia pessoal, Assírio & Alvim, 2011

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Maldita televisão

Não sei se já o disse aqui, mas um dos meus sítios preferidos da escola é o bar de professores. E não, não é porque lá se come... também podia ser, mas não é. Gosto do formato da sala, da exposição solar, da disposição dos móveis, do sentimento de tranquilidade que - até aqui - sentia ao entrar e permanecer no bar.
 
Almoço lá pelo menos uma vez por semana e encontro sempre alguém com quem conversar calmamente: a Valérie, sempre, mas também a Rosa, a Gracinda, o Oscar...
 
Há algumas semanas, porém, acabou-se-me o sossego: instalaram uma televisão. Agora deixei de ouvir o silêncio (assim como há o direito à preguiça e o direito à resistência, não haverá também o direito ao silêncio?), apenas quebrado por conversas consentidas. O ruído da televisão é-me imposto numa pausa de um trabalho forçosamente ruidoso. O meu primeiro sintoma da cansaço, que se começa a sentir mais ou menos no final do 2º período e se prolonga até ao fim das aulas, é a intolerância ao barulho. E agora, até na minha pausa para o almoço, ei-lo que invade o meu espaço físico e mental.