terça-feira, 3 de maio de 2011

Da inveja, de uma imensa e profunda inveja

Na interrupção da Páscoa, fui à Escola Básica 2,3 de Viatodos com uma amiga que estava a preparar uma exposição. Como sempre nestas alturas, o clima era de efervescência e andava tudo em bolandas. Aproveitei para deambular por ali e, quando consegui falar com a minha amiga, perguntei-lhe se a escola tinha sido intervencionada. De facto, embora fosse igual a muitas das escolas onde trabalhei, aquela era diferente: limpíssima. As estantes de pinho como as que temos cá na escola não tinham uma escanadela, estavam enceradas, com o conteúdo dos expositores em perfeita ordem. Havia armários recuperados, outros aparentemente desenhados de propósito: o lavatório da cantina, a bancada do quarto de banho feminino... A biblioteca tinha um aspecto óptimo, embora não padronizado. Os jardins, simultaneamente elegantes e displicentes, pareciam exigir uma manutenção mínima (aparentemente inspirados nos jardins "à inglesa").
A sala de professores, misturando mobiliário igual ao nosso com outro (heteróclito mas cuidado), tapetes, quadros de bom gosto, intrigou-me particularmente. Não conseguia perceber se a Parque Escolar tinha andado por ali ou não. Parecia-me que não, mas nunca tinha visto tanto gosto e aprumo num estabelecimento de ensino público.
A minha amiga riu-se de mim. Que não, que a escola não tinha tido obras. Mas tem um professor encarregado pela manutenção que zela cuidadosamente pot todos os espaços. Contou-me até um episódio em que ele estipulou um prazo para os colegas arrumarem os seus pertences. No dia combinado, tudo o que não tinha sido removido ou arrumado foi para o lixo: livros, papéis importantes, recibos, bilhetes de avião, tudo!
Contei tudo isto a um meu amigo arquitecto. Por coincidência, a tia dele trabalhava em Viatodos e ele também lá tinha ido. Contou-me que muitos dos móveis que me tinham encantado tinham sido comprados em lojas de segunda mão e recuperados.
Conclusão e moral da história: a arte está em fazer omoletas com ovos de codorniz.

Assim saibamos nós, que vamos receber uma escola novinha em folha, de um gosto irrepreensível, mantê-la cuidada, com um aspecto limpo (no sentido de "clean"), sem arrebiques nem ademanes.

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