sábado, 25 de julho de 2009

H1N1

Quando eu era criança, havia umas campanhas na televisão - o nome família Pituxa vem-me à cabeça, mas desconheço se o inventei ou se realmente era assim que se chamava - que ensinavam aos portugueses regras básicas de higiene. Lembro-me da lavagem de mãos e de frutos e legumes e tenho uma vaga ideia de cuidados a ter na aplicação de adubos (?). Algo assim.
De então para cá, Portugal mudou muito.
Nesse aspecto (como em muitos outros), os excelentes documentários de António Barreto e Joana Pontes, "Portugal, um retrato social", são exemplares. Mostram um país que mudou muito, mas que nem sempre mudou bem. Eu costumo dizer que Portugal é um país a duas (ou três) velocidades. Costumava também dizer, antes desta crise que veio revelar os podres de uma evolução mal sustentada, mais de aparências do que de essências, que andávamos mais bem vestidos e bem calçados. Tínhamos um belo parque automóvel e casas, muitas casas. Mais do que as de que necessitávamos - dizia eu antes da crise. Mas, na verdade, continuava a haver muitos portugueses que desconheciam as regras básicas de higiene, dizia eu, rangendo os dentes quando via gente nos supermercados a remexer no pão e nos legumes. Quando voltei a ver gente a cuspir no chão. E outros hábitos que não me apetece descrever (almocei há pouco).
Sou daquelas pessoas que, quando deparam com quartos de banho sem sabão e/ou sem papel vai "avisar" - que é como quem diz "queixar-se de algo que considera inaceitável". Na verdade, suspeitava que há muita gente que vai ao quarto de banho ou à cozinha e não lava as mãos, que não lava bem os legumes, etc. E, no meu foto íntimo, atribuía a essa falta de higiene a taxa de incidência de helicobacter pylori em Portugal. Mas eu cá sou de letras...
Na semana passada, Luís Pedro Nunes revelava na sua crónica no Expresso a quantidade assustadora de homens (atenção, que a crónica é humorística - o que não significa que ele não tenha razão) que vai ao quarto de banho e não lava as mãos antes de sair. E que depois aperta a mão de outros confrades. Ou toca em maçanetas, prime interruptores, usa teclados, etc., etc. Haverá mulheres que também, acrescento eu.




Abreviando razões: proponho que encaremos o H1N1 como uma oportunidade. Que erradiquemos de vez esse hábito, absolutamente execrável, que define qualquer um que o adopte como alguém a evitar ou, até, a proscrever: cuspir.
Cuspir é mau, cuspir é feio. Só cospe quem é porco por dentro e por fora. Quem cospe é feio, porco e mau.
Posto isto, passemos ao resto, que não deixará de ser válido quando a crise passar: devemos lavar as mãos com água e sabão com frequência. Nomeadamente - a mim parece-me evidente, e a vocês? - depois de utilizar o quarto de banho, antes de comer ou de preparar alimentos. Quando se espirra e tosse deve tapar-se a boca (como dantes) mas, agora, também o nariz. Com um lenço ou com o braço. Os lenços devem ser de papel e deitados ao lixo.
Quanto aos cuidados de limpeza, devem ser redobrados no que às superfícies diz respeito: maçanetas, interruptores, corrimãos, telefones, computadores, etc.
Nas escolas coexistem muitas pessoas, com hábitos muito diferentes. Adoptar estas regras - não para evitar uma eventual pandemia, mas também, de algum modo, graças a ela - de forma definitiva, representará um avanço considerável.

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