Copiámos descaradamente de um Expresso natalício cuja referência se perdeu - esperando que nos perdoem por se tratar de "fins didácticos" -, um belo texto de Mário Cláudio. Ei-lo:
«Que criança de hoje aceitaria como presentes o ouro, o incenso e a mirra? Nem o filho de um rei, nem o filho de um mago.
A eterna Barbi, sempre à beira de se desfazer da sua última "toilette", e o mais recente jogo da Playstation, repondo até à exaustão os seus lances estratégicos, tomaram o lugar das substâncias que duram, que perfumam o ar e que curam as fraquezas do corpo. Daí que seja cada vez menor o número de adultos que, ao receber as suas prendas natalícias, abraçam a inocência que perderam. Num montão de papéis cintilantes e de laços festivos queda-se a abundância das dádivas que vêm ter connosco, as quais se olham por uma vez com o olhar desencantado e logo se remetem à prateleira dos objectos sem fascínio e sem serventia. Os nossos avós das classes privilegiadas encontravam no sapatinho uma simples laranja e tinham-se com ela suficientemente premiados. Existirá mais perfeita maravilha do que um desses frutos da terra, alumiando a noite de Natal como um balão chinês, e até por isso capaz de nos matar a sede?»
O presente da equipa da Biblioteca da Escola Secundária de Vila Verde a toda a comunidade escolar (com as devidas vénias a Mário Cláudio e a René Magritte)
Ceci est une orange.
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