quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Um Natal alternativo

A descrição do Natal em casa do Cavaleiro da Dinamarca é lindíssima. A repetição, quando se trata do afecto da família e dos amigos, das histórias e dos rituais que nos constroem, é sempre boa.
Porém, o rito de dar presentes - que remonta à Antiguidade -, começou, de há um tempo a esta parte, a irritar alguns de nós. Não que não gostemos de dar presentes. O que irrita é a sensação de que andamos ao toque da caixa do comércio. O que aborrece é ver decorações de Natal desde Novembro. O que enerva é a assimilação de amor, carinho e atenção a presentes (e a associação destes a dinheiro). Eu, por exemplo, comecei a fazer bolos e biscoitos e a dá-los no Natal (alguns tinham um aspecto um pouco duvidoso); a escrever histórias da família e a oferecê-las aos tios. Uma vez engendrei, a partir de um conto do Mário Cláudio que um destes dias aqui transcreverei, um presente alternativo: uma caixa com uma história e uma laranja.

Mas agora a P2 do Público de 29 de Novembro veio dar-nos uma ajudinha, mais sistemática do que as minhas tentativas incipientes. Vou tentar resumir:

1. Estabeleçam um limite para o dinheiro que vão gastar: “Menos é mais”. Limitem o número de presentes e o seu valor monetário. Este conselho pode e deve aplicar-se às crianças, cujo limiar de atenção, a partir de um certo número de presentes, fica “embotado”. Mas deve ser aplicado paulatinamente, para o choque não ser tão grande…

2. Unam esforços. Num grupo de amigos ou de familiares, utiliza-se a técnica do "amigo secreto": sorteiam-se os nomes dos destinatários dos presentes. Uma pessoa só dá um presente a uma outra pessoa. Desaconselhável quando no mesmo grupo coexistem os tios Patinhas e os Patacôncios...

3. Pensem "em grande". Façam colectas. Se um(a) fizer dezoito anos, juntam-se e dão um presente mesmo muito bom. No caso dos adultos, a colecta tanto pode servir para adquirir algo útil (um aquecedor) como... uma viagem...

4. Sejam solidários. Dêem tempo ou dinheiro a organizações de caridade. Façam voluntariado.

5. Dêem tempo. Escrevam num cartão: "Quatro horas de babysitting"; "Uma tarde de jardinagem"; "Um tabuleiro de roupa passada a ferro" e ofereçam-no à irmã, ao tio solteiro, à amiga atarefada...

6. "Faça você mesmo". Meia dúzia de perguntas a quem estava na Biblioteca e, em dois minutos, já tínhamos uma mão-cheia de sugestões. Ora vejam:

- Doces, bolachas, frascos de compota;
- blocos, cartões e papel de carta personalizados;
- bijutaria, cachecóis;
- molduras
- velas decoradas, arranjos com pinhas
Sempre achei super-romântica a ideia de gravar uma cass… um CD para o/a namorado/a que ia fazer uma viagem longa. Tirando a minha amiga Elisa, que enriqueceu grandemente o meu universo musical dessa maneira, nunca nenhum elemento do sexo masculino me fez isso… nessa perspectiva…



In SCOTT, Jerry; BORGMAN, Jim - Amuado, aluado, tatuado: (coitado...). Lisboa: Gradiva, 2008. p. 11

E não esqueçam o mote da Biblioteca da semana: «Os melhores presentes não se embrulham...»

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