AS ÁRVORES
O autocarro que nos leva ao metro
passa por um parque no seu trajecto.
De cada lado da estrada
escolta-nos uma fila de árvores
que assistem cada dia à mesma cena:
minha filha mastigando as bolachas
eu vendo com a mesma tristeza
a minha filha a comer
na frente de estranhos, num autocarro.
Volto a cabeça e lá estão,
as árvores. Tristes e dignas
como professores pré-reformados
que hão-de calar-se com o que sabem.
Não lhes sei os nomes
nem como se chamam os passageiros
com quem viajo todos os dias.
Sei só que as árvores
me sussurram, com seus troncos
escurecidos pelo fumo:
o nosso lugar não é este.
(Ana Pérez Cañamares)
Tradução de Abino M. (blogue http://ruadaspretas.blogspot.com/2011/03/ana-perez-canamares-as-arvores.html)
(Ana Pérez Cañamares)
Tradução de Abino M. (blogue http://ruadaspretas.blogspot.com/2011/03/ana-perez-canamares-as-arvores.html)
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